Por alta na demanda, faltam veículos para aluguel no Ceará

Retorno das atividades dos motoristas dos aplicativos de transporte de passageiros e as campanhas políticas no Interior fizeram com que quase 95% do estoque das empresas de aluguel de veículos fossem negociados

Escrito por Samuel Quintela , samuel.quintela@svm.com.br
Legenda: Segundo previsão do Sindiloce, algumas locadoras poderão ter 100% dos carros alugados entre dezembro e fevereiro
Foto: Foto: Kid Júnior

Alugar um carro no Ceará, assim como em outros estados brasileiros, tem sido mais complicado nas últimas semanas. Com o retorno das atividades dos aplicativos de transporte de passageiros e a demanda no Interior por conta das campanhas políticas até o último dia 15, o estoque de veículos para locação ficou muito próximo do esgotamento, o que fez com que empresas parassem até de divulgar o serviço por não conseguir atender a novos pedidos.

De acordo com Carlos Augusto da Silva, presidente do Sindicato das Locadoras de Veículos Automotores do Estado do Ceará (Sindiloce), o setor não estava esperando que esse aumento na demanda fosse acontecer de forma tão brusca. Segundo Silva, a busca por veículos alugados fez com que 95% do estoque das principais empresas no Estado fossem utilizados. Silva explicou que, como o plano de retomada das atividades econômicas no Ceará tem seguido sem interrupções, muitos motoristas que estavam trabalhando pelos aplicativos de transporte voltaram a procurar as locadoras para fechar contratos. Além disso, por conta das campanhas políticas, muitas empresas alugaram carros para as equipes dos candidatos a prefeito e vereador. Silva calculou que seriam "pelo menos 4 ou 5 veículos" por cidade no Interior.

Com fim do período eleitoral, a previsão do Sindiloce é que a demanda por veículos alugados possa voltar ao normal no começo de dezembro. Contudo, segundo Silva, as perspectivas para o fim do ano, caso não haja uma nova restrição da circulação de pessoas por conta da pandemia do novo coronavírus, é que haja um novo pico de demanda, dessa vez comprometendo 100% da frota de veículos para aluguel no Estado.

Caso isso aconteça, muitas empresas, segundo ele, não conseguirão dar descontos nas tarifas negociadas com os clientes, o que pode deixar os preços mais altos em comparação com períodos normais no mercado cearense.

"A gente não esperava. Houve um impulso na economia porque os aplicativos voltaram às atividades, aí vieram as campanhas, então faltou carro, sim. Mas as coisas estão voltando ao normal", disse.

Reposição

Segundo Allan Victor, diretor de marketing de uma empresa de locação de veículos na Capital cearense, além do problema da alta demanda, as empresas não estão conseguindo repor os estoques. Segundo ele, as montadoras também não estão conseguindo atender à demanda no País, de forma que o prazo para a chegada de novos carros tem sido de, pelo menos, 45 dias, podendo chegar a até 90 dias.

"A gente está com 105 carros alugados, com fila. Estamos querendo comprar 60 carros, só que as montadoras não deram prazo para entregar. Por conta disso, nós paramos de fazer marketing porque não temos como entregar os produtos agora, está tudo alugado", disse.

O cenário nas pequenas locadoras, contudo, é um pouco diferente. Segundo o empresário Nonato Barcelos, a demanda cresceu, sim, mas ainda restam carros para alugar. Ele contou que notou um nível maior de procura, mas a movimentação ainda é menor em comparação ao ano passado. Então, ele tem agido com cautela, evitando comprar carros novos nesse momento.

"Esperamos um aumento em dezembro da demanda, sim, mas eu não aconselho ninguém a comprar carros agora não, pensando em alugar, até porque tem se falado que a pandemia vai voltar no começo do ano que vem ou agora. A gente ainda tem muita incerteza", disse Nonato.

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