Hapvida admite adesão à hidroxicloroquina, e ações caem ao menor patamar desde novembro de 2020

Empresa foi citada na CPI da Covid com a denúncia de que os médicos seriam obrigados a receitar a hidroxicloroquina

Escrito por Redação ,
A Hapvida reconheceu que houve uma
Legenda: A Hapvida reconheceu que houve uma "adesão relevante" ao medicamento sem eficácia comprovada no início da pandemia
Foto: Divulgação

As ações da Hapvida seguem em queda desde a última sexta-feira (1º), quando a rede foi citada em meio ao escândalo da Prevent Senior na CPI da Covid. O valor da ação caiu de R$ 13,94 na última sexta para R$ 12,94 na manhã desta segunda-feira (4), uma redução de 7% no período. Este é o menor patamar já registrado desde novembro de 2020.

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A empresa foi citada na CPI com a denúncia de que os médicos seriam obrigados a receitar a hidroxicloroquina a pacientes acometidos pela Covid-19. Em comunicado ao mercado divulgado no domingo (3), a Hapvida reconheceu que houve uma "adesão relevante" ao medicamento sem eficácia comprovada no início da pandemia, mas que a adoção foi reduzida "de forma constante e acentuada".

"Espanto e incerteza"

No comunicado ao mercado, a Hapvida se justificou que na fase inicial da pandemia o mundo todo passava por um período de "espanto e incerteza" quanto à existência de vacinas ou medicamentos que pudessem tratar a doença. Foi nesse contexto e buscando garantir "a melhor assistência aos beneficiários" que a hidroxicloroquina foi utilizada.

Segundo a empresa, apesar da adesão relevante ao medicamento, ele nunca correspondeu à maior parte das prescrições. 

"Nas ocasiões em que o médico acreditava que a hidroxicloroquina poderia ter eficácia, sua definição ocorria sempre durante consulta, de comum acordo entre médico e paciente, que assinava termo de consentimento específico em cada caso. Ainda assim, há meses não se observa mais a prescrição dessa medicação nas nossas unidades", afirmou.

A rede afirma não mais recomendar o uso do medicamento devido a falta de evidências científicas, mas reitera que respeita a autonomia e a soberania médica para determinar as melhores práticas.

Denúncia

A Hapvida responde, há mais de um ano, a um processo administrativo instaurado pelo Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon), do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), que apura denúncias sobre a prescrição de medicamentos do chamado “kit Covid” a pacientes da rede. O recurso do caso deve ser julgado neste mês.

O “kit Covid” inclui fármacos como cloroquina e hidroxicloroquina, indicados para artrite reumatoide, lúpus e malária, e ivermectina, usada contra vermes. No entanto, nenhum deles teve eficácia comprovada cientificamente para combater a Covid-19.

Desde junho de 2020, a operadora é investigada pelo Decon sobre a imposição do uso de hidroxicloroquina. O Diário do Nordeste teve acesso ao procedimento investigatório.

Prevent Senior

A Prevent Senior é investigada de negligência médica, fraude em declarações de óbito e aplicação de medicamentos sem consentimento de pacientes ou familiares após acusações na CPI da Covid.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), responsável pela regulação das operadoras de planos de saúde, também está apurando o caso. 

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