Copom deve anunciar nova alta da Selic em meio a aumento do dólar e dos alimentos
De acordo com o último boletim Focus, a Selic deve sofrer um acréscimo de 1 ponto percentual
![Imagem da fachada do Banco Central do Brasil, que decide nesta quarta-feira (29) novo aumento da Selic em meio à alta do dólar e dos alimentos.](/image/contentid/policy:1.3611442:1738154062/BANCO%20CENTRAL.jpeg?f=16x9&h=574&w=1020&$p$f$h$w=0c06d26)
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne nesta quarta-feira (29) para decidir o novo patamar da Selic, taxa que serve como referência para os juros no País. A expectativa do mercado é de mais um aumento, pressionado pelo avanço do dólar e pelo encarecimento dos alimentos. Essa será a primeira reunião sob a presidência de Gabriel Galípolo, novo comandante do BC.
De acordo com o último boletim Focus, divulgado semanalmente com projeções de analistas financeiros, a Selic deve sofrer um acréscimo de 1 ponto percentual, passando de 12,25% para 13,25% ao ano. Caso se confirme, será a quarta alta consecutiva da taxa.
O anúncio oficial do Copom sobre a nova taxa Selic será feito até o fim do dia.
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Banco Central já havia sinalizado nova alta
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
Na última reunião, em dezembro, a autoridade monetária já havia indicado que os juros subiriam 1 ponto percentual tanto nesta reunião quanto na de março, justificando a medida pelo cenário internacional incerto e pelos impactos do pacote fiscal anunciado pelo governo no final de 2024.
Desde setembro do ano passado, o Banco Central iniciou um ciclo de aumento da Selic, que antes estava em 10,5% ao ano. O ajuste começou com uma alta de 0,25 ponto percentual, seguida por um acréscimo de 0,5 ponto e, por fim, um aumento de 1 ponto na última decisão.
Inflação segue acima da meta
Na ata da reunião mais recente, o Copom destacou que o cenário econômico exige uma política monetária mais rígida, sinalizando a necessidade de manter a taxa de juros elevada por mais tempo. O Banco Central apontou a valorização do dólar e a inflação persistente como razões para um controle mais firme.
A última edição do boletim Focus mostrou que a expectativa de inflação para 2025 subiu de 4,96% para 5,5% nas últimas quatro semanas. Esse índice ultrapassa o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, podendo chegar ao limite de 4,5% dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
O que é a Selic e como ela impacta a economia?
A Selic é a taxa básica de juros da economia, utilizada como referência para as operações financeiras e negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic). Ela é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle.
Quando os juros básicos são elevados, o crédito fica mais caro, reduzindo o consumo e a demanda, ajudando a conter a alta dos preços. No entanto, essa estratégia também pode desacelerar o crescimento econômico. Além da Selic, os bancos consideram outros fatores para definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, custos administrativos e margem de lucro.
Por outro lado, uma redução na Selic torna o crédito mais acessível, o que incentiva investimentos e o consumo, mas também aumenta a inflação caso a demanda fique muito aquecida.
Novo modelo de meta de inflação
Desde janeiro de 2025, entrou em vigor no Brasil o modelo de meta contínua de inflação, no qual a meta de 3% ao ano passa a ser monitorada mês a mês, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Isso significa que o limite inferior é 1,5%, enquanto o máximo permitido é 4,5%.
Diferente do sistema anterior, que considerava o acumulado de janeiro a dezembro de cada ano, agora o Banco Central avalia a inflação com base nos últimos 12 meses de forma contínua.
Em janeiro, por exemplo, a inflação é comparada ao período de fevereiro de 2024 a janeiro de 2025; em fevereiro, a análise se desloca para março de 2024 a fevereiro de 2025, e assim sucessivamente.
No último Relatório de Inflação, publicado em dezembro, o Banco Central manteve a projeção de que o IPCA encerrará 2025 em 4,5%, mas destacou que essa previsão poderá ser ajustada dependendo da variação do dólar e do comportamento dos preços nos próximos meses. O próximo relatório será divulgado no fim de março.
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