Consórcio ou financiamento de veículo? Veja vantagens e desvantagens de cada modalidade

O custo das duas modalidades de crédito é bem diferente, mas o prazo para a obtenção do bem também varia

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
Legenda: A maior economia é comparando as parcelas de financiamento e consórcio do Creta Action
Foto: Divulgação

Quem quer comprar um carro e não tem o dinheiro para pagar à vista no momento tem duas opções de crédito mais conhecidas: financiamento e consórcio. A escolha entre as modalidades depende do objetivo do consumidor, mas a economia financeira entre uma e outra pode chamar atenção. 

O preço da parcela mensal do financiamento pode ser até o dobro do pago em um consórcio, diante do momento atual da alta de juros. O consórcio é uma opção para economizar, mas só vale a pena para quem está disposto a esperar. 

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Em simulação feita pelo Diário do Nordeste, a parcela mensal do financiamento de um Hyundai Creta zero km fica em R$ R$ 3.233,49, enquanto o consórcio custa R$ R$ 1.640,94, uma economia de R$ 1.592,55

A economia total chega a até R$ 125 mil, considerando o valor pago pelo veículo. A simulação é parte do Sua Carteira, projeto do Diário do Nordeste que mostra como os leitores podem economizar. 

Simulação da economia 

A simulação foi feita considerando os 5 veículos mais vendidos no Ceará este ano segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e os preços da Tabela Fipe considerando carros novos. 

Foi considerado um prazo de 80 meses para o pagamento e que não há pagamento de entrada na operação. A conta considera a taxa de juros média para financiamento de veículo, de acordo com o Banco Central, de 28,94% a.a. O cálculo foi feito por meio da calculadora de financiamento do site iDinheiro. 

No caso dos consórcios, foi colocada uma taxa de administração mensal de 0,188%, considerado o valor médio pela Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac). O cálculo considera o aumento das parcelas ano a ano de acordo com as taxas de inflação previstas pelo Boletim Focus, além de encargos. 

O cálculo do custo final do consórcio foi feito com auxílio do economista Allisson Martins, colunista do Diário do Nordeste

Onix Hatch 1.0 

Valor tabela Fipe: R$ 79.185,00 

Parcela mensal no financiamento: R$ 2.243,01 

Parcela inicial no consórcio: R$ 1.138,28 

Economia mensal: R$ 1.104,73

Valor final no financiamento: R$ 179.440,79

Valor final no consórcio: R$ 92.349,87

Economia total: R$ 87.090,92

Onix Sedan Plus 

Valor tabela Fipe: R$ 86.034,00 

Parcela mensal no financiamento: R$ 2.437,02 

Parcela inicial no consórcio: R$ 1.236,74 

Economia mensal: R$ 1.200,28 

Valor final no financiamento: R$ 194.961,28

Valor final no consórcio: R$ 100.337,55

Economia total: R$ 94.623,73

Creta Action 1.6 

Valor tabela Fipe: R$ 114.152,00 

Parcela mensal no financiamento: R$ 3.233,49 

Parcela inicial no consórcio: R$ 1.640,94 

Economia mensal: R$ 1.592,55 

Valor final no financiamento: R$ 258.679,35

Valor final no consórcio: R$ 133.130,30

Economia total: R$ 125.549,05

Kwid Intense 1.0 

Valor tabela Fipe: R$ 68.235,00 

Parcela mensal no financiamento: R$ 1.932,84 

Parcela inicial no consórcio: R$ 980,88 

Economia mensal: R$ 951,96 

Valor final no financiamento: R$ 154.627,04

Valor final no consórcio: R$ 79.579,38

Economia total: R$ 75.047,66

Mobi Like 1.0 

Valor tabela Fipe: R$ 65.874,00 

Parcela mensal no financiamento: R$ 1.865,96 

Parcela inicial no consórcio: R$ 946,94 

Economia mensal: R$ 919,02 

Valor final no financiamento: R$ 149.276,79

Valor final no consórcio: R$ 76.825,86

Economia total: R$ 72.450,93

Para além da economia 

Apesar de a parcela mensal do consórcio ser menor por não haver incidência de juros, a educadora financeira da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) Cintia Sena destaca que o mais importante deve ser o objetivo do consumidor. 

São duas modalidades de crédito diferentes. Quando se pensa em um financiamento, a pessoa que busca quer algo de forma mais imediata, ela vai lá, já escolhe o carro, assina o contrato e está com o carro na mão em alguns dias. O consórcio eu posso obter minha carta de crédito no primeiro mês ou no último, tenho que entender que tem um certo tempo”
Cintia Sena
Educadora financeira da Abefin

Ela aponta que o consórcio pode não ser a melhor opção para quem tem pressa para ter o veículo, mesmo caso haja dinheiro para dar lance e haver uma maior chance de contemplação com a carta de crédito.  

A educadora financeira também salienta que o consorciado pode acabar não recebendo a carta de crédito mesmo se for sorteado, caso o consumidor esteja com o nome sujo por dívidas. Caso o consorciado deixe de pagar alguma parcela, ele deixa de participar dos sorteios e o dinheiro pago será devolvido ao final do consórcio. 

Quem quer optar pelo financiamento, por outro lado, deve ter a organização financeira como ponto chave para que nenhuma parcela deixe de ser paga. 

“Antes de eu entrar no financiamento, eu ter a certeza que vou ter como assumir esse compromisso mensal. Porque se eu não tiver condições de pagar posso ter a perda desse bem”, ressalta. 

Momento não é o ideal para financiamento 

Cintia chama atenção que o momento atual de juros altos não traz condições favoráveis para o financiamento. Por conta disso, a não ser que a motivação da compra seja para geração de renda, ela recomenda deixar o sonho do carro próprio para mais tarde. 

Ela ressalta que há previsão de redução nos juros para o próximo ano e quem esperar pode até encontrar promoções no começo do ano que vem.  

“Se for para lazer, começa a reservar o que seria a parcela, aproveita os juros nos investimentos e em pouco tempo a pessoa vai comprar o seu bem. A gente tem expectativa de redução na taxa Selic no próximo ano. A gente tá vivendo um momento de final de ano, algumas ofertas acontecem no início de ano, com descontos de IPI, IPVA. Talvez esperar um pouquinho para ter uma melhora na taxa de juros”, reforça. 

A pesquisa é fundamental para quem decida financiar carro mesmo diante dos juros altos. “Mesmo com uma taxa teoricamente padrão, tem uma diferença entre uma instituição e outra, posso buscar ter essa carta de crédito em outra instituição com uma taxa mais justa”, diz. 

Pode ser uma opção diluir o pagamento em mais parcelas, mesmo com os juros mais altos; tudo para não correr o risco de o valor da parcela não caber no orçamento. 

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