Conflito entre Ucrânia e Rússia pode aumentar o preço da gasolina? Entenda
A tensão entre os dois países vem aumentando nos últimos dias, gerando perspectivas de impactos ao redor do mundo
A crescente tensão entre a Rússia e Ucrânia pode acabar afetando os preços dos combustíveis no Brasil. Grandes produtores de petróleo, os russos estão reduzindo a oferta do óleo no mercado internacional, elevando os preços dos barris no exterior.
A variação do valor internacional do petróleo é um dos importantes componentes da política de preços da Petrobras. Dessa forma, a perspectiva é que, em breve, o conflito tenha reflexos em toda a cadeia, desde a estatal ao consumidor final.
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A avaliação é do consultor na área de petróleo e gás, Bruno Iughetti. Ele explica que a Ucrânia é fortemente dependente do petróleo e do gás natural produzidos pela Rússia. Com o conflito, os russos estão diminuindo a oferta e a produção.
Por ser uma commoditie, o preço geral dos barris de petróleo é puxado para cima. Nesta sexta-feira (11), esse valor alcançou os US$ 93.
"Ou seja, a crise está reduzindo forçosamente a demanda de petróleo e a produção também cai. Esse é o principal motivo para o petróleo ter atingido esse patamar e pelo visto vai continuar subindo nos próximos dias a depender dos próximos passos da Rússia".
Mesmo não sendo um grande importador do petróleo russo, o Brasil sofre por tabela com a oscilação. Iughetti estima que o barril de petróleo ainda pode bater a casa dos US$ 100.
No entanto, é difícil prever com precisão o comportamento dos preços da gasolina, uma vez que outras variáveis também interferem na composição de valores, como o câmbio.
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"É uma reação em cadeia que afeta todos os países em geral. Por isso que essa cotação do petróleo é acompanhada mundialmente, pois o efeito recai sobre o abastecimento de petróleo no mundo", ressalta o consultor.
Produtos industrializados
O Ceará, o Brasil e boa parte dos países também podem acabar sofrendo com o abastecimento de produtos industrializados oriundos da Europa.
O presidente da Câmara Setorial de Comércio Exterior do Ceará, Hermes Monteiro, detalha que os países europeus são dependentes energeticamente da Rússia, especialmente em relação ao petróleo e gás.
Caso o conflito se concretize, esse fornecimento pode ser cortado, comprometendo a produção da indústria europeia.
"Nós não sabemos como esses países vão produzir, em que proporção pode haver redução da produção. E isso impacta o mundo inteiro, com inflação e possivelmente com desabastecimento", alerta.
Monteiro se preocupa com as chances da invasão russa de fato acontecer, tendo em vista os consideráveis deslocamentos de tropas e forças militares.
"A pauta de operações comerciais do Ceará com a Rússia e Ucrânia não é expressiva e não deve sofrer diretamente, mas temos de ficar atentos para as consequências indiretas desse conflito", pontua.