Com mudança na política de preços, vale a pena investir nas ações da Petrobras?

Estatal segue sendo uma boa opção para quem busca dividendos, mas é importante cautela neste momento de instabilidade

Escrito por Redação ,
Legenda: Caixa da estatal pode ser comprometido no caso de uma valorização do dólar
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Cumprindo promessas do presidente Lula desde a época da campanha, a Petrobras anunciou na última terça-feira (16) uma mudança na política de preços da gasolina e do diesel comercializados por suas refinarias, com o fim da paridade internacional.  

A mudança, que representa uma volta da política que era praticada antes do governo Temer, traz pontos positivos para o consumidor, por tornar o preço dos combustíveis menos volátil ao mercado internacional. Contudo, uma valorização expressiva do dólar pode afetar o caixa da estatal, que ainda exporta e importa petróleo. 

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Para o economista-chefe da Messem, Gustavo Bertotti, outro ponto de incerteza é que ainda não há muita clareza com relação ao novo cálculo de preços dos combustíveis. Segundo a estatal, a estratégia comercial utiliza referências de mercado como o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e o valor marginal para a Petrobras. 

Mesmo com o cenário volátil, boa parte das casas de análise de investimentos trazem uma indicação neutra para os papéis da Petrobras. A ação continua sendo uma boa opção para quem busca bons dividendos. 

Desempenho da Petrobras 

Os papéis da Petrobras estão tendo um desempenho de alta desde o início do ano, mesmo que com eventuais quedas. O valor da ação ultrapassou o patamar dos R$ 29, alcançando o maior valor deste ano. 

Para Bertotti, a valorização da empresa na bolsa tem relação com os fundamentos da companhia e com a distribuição consistente de dividendos. 

O papel vem subindo muito, no ano passado teve uma alta significativa, na faixa de 70%, distribuiu muitos dividendos no ano passado. O fundamento da companhia é muito bom. Esse comportamento de valorização do papel continua nesse primeiro trimestre e até agora, na minha opinião o ponto principal é o pagamento de dividendos”
Gustavo Bertotti
Economista-chefe da Messem

O head de Óleo, Gás e Materiais Básicos da XP, André Vidal, avalia que a notícia do fim da política de paridade internacional é “marginalmente positiva”, considerando improvável uma maior manutenção no valor dos papéis até que haja uma mudança significativa no cenário político. 

“A Petrobras tem sido e tem boas probabilidades para continuar a ser um bom investimento de retorno total devido ao pagamento de dividendos. Vemos a definição da nova política de dividendos como o próximo evento importante a ser observado. Mantemos nossa recomendação de compra”, diz. 

Riscos 

Com a mudança na política de preços da Petrobras, as alterações cambiais não terão mais um impacto tão significativo nos combustíveis. Por mais que isso traga uma maior estabilidade para o consumidor, há um risco de prejuízo para o capital da empresa no caso de uma valorização exacerbada do dólar. 

“Se o dólar ganhar força em relação ao real é algo preocupante, pode comprometer o caixa da companhia. O futuro agora a gente não tem como saber, a política de preços por enquanto ainda está rasa, não tem muito detalhe de cálculo. Isso traz preocupação e incerteza”, aponta Gustavo. 

Ele recomenda cautela nesse momento e aponta que outras ações como a da Vale e do setor bancário trazem características semelhantes à Petrobras para esse perfil de investidor, com menos risco no momento. 

Vidal considera que, para o momento atual, a estatal ainda é uma opção promissora de investimento, mas alerta que o cenário pode mudar caso o governo subsidie a estatal caso ocorra alta nos combustíveis.  

“A Petrobras deve continuar sendo um bom investimento em um ambiente de preços de combustível “altos, mas não muito altos” como o que estamos vivendo agora. Se os preços dos combustíveis dispararem, acreditamos que a pressão política sobre a administração da Petrobras para usar a flexibilidade dessa nova política para subsidiar os combustíveis aumentará significativamente”, coloca.  

 

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