Com preço do diesel em queda, o que deve ficar mais barato para o consumidor?

Os alimentos devem ficar mais baratos com o alívio desse custo logístico; entidade representante, contudo, afirma ser cedo para afirmar queda e fala em baixa mínima de 4%

Escrito por Bruna Damasceno , bruna.damasceno@svm.com.br
Caminhões enfileirados
Legenda: Segundo o setor, a redução do frete rodoviário ainda depende do repasse dos postos e da alteração do imposto sobre o combustível para se concretizar
Foto: Reinaldo Jorge / SVM

Anunciado nesta terça-feira (16) pela Petrobras, o reajuste para baixo do preço do diesel deve aliviar o custo logístico no Brasil, onde o modal rodoviário é responsável por cerca de 60% das entregas. A redução representa, portanto, um impacto positivo direto sobre os valores dos produtos para o consumidor final. 

No Ceará, a estimativa é de declínio de até 8% do frete rodoviário, segundo o presidente da Câmara Setorial de Logística do Estado (CSLog), Bruno Iughetti. O setor mais beneficiado poderá ser o de alimentos em geral.

Nessa quarta-feira (17), o litro do diesel passou de R$ 3,46 para R$ 3,02, totalizando queda de R$ 0,44 por litro ou 12,8%.

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Quando a redução chegará aos supermercados?

Todavia, o alívio só deve chegar às gôndolas dos supermercados a partir de uma semana, a depender do repasse dos postos e também da safra de cada item. O prazo estimado é o mesmo para os consumidores observarem o frete baixar nas compras online. 

“Até o novo valor chegar ao caminhoneiro, há várias fases. Primeiro, tem a mistura de 12% do biodiesel, cujo preço está mais elevado do que o diesel comum. Depois, o combustível sai da refinaria e vai para a distribuidora. Ela agrega seus custos e margem e, finalmente, chega ao revendedor”, lista. 

“Toda essa cadeia faz com que o produto final não obtenha a baixa integral do percentual praticado pela Petrobras, mas reflita num impacto médio de até 8%”, completa Iughetti.
Ele pondera, contudo, sobre a diminuição também ser influenciada pela origem e pelo destino da mercadoria. 

Já o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas e Logística no Ceará (Setcarce), Marcelo Maranhão, diz ainda ser cedo para cravar a atenuação do serviço para o público. 

“Nossa expectativa é que reduza o custo, mas nós já temos uma defasagem. Caso haja o repasse do desconto da Petrobras para as bombas, nossa perspectiva é muito boa para a redução para o transportador e de frete”, projeta. 

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Ele destaca, porém, haver uma preocupação com a mudança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS). O setor aguarda a unificação desse imposto sobre o diesel, como ocorreu com a gasolina e o etanol.

O temor é que a alteração na cobrança aumente a carga tributária. Segundo Maranhão, atualmente, o peso do combustível sobre o frete varia de 30% a 44%, conforme o segmento. 

“Vamos supor que esse repasse seja integral, de 12,8% na bomba, e no imposto. Teríamos condições de reduzir o frete em, pelo menos, 4%, considerando os 30% de custo. É o nosso desejo, mas precisamos avaliar como vai se comportar o mercado de combustíveis”, exemplifica.   

Veja quais produtos podem ficar mais baratos com a redução do frete

Dentre os setores beneficiados, estão principalmente aqueles cujos produtos vêm das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Conforme o Setcarce, alguns dos produtos seriam: 

  • Arroz;
  • Feijão;
  • Carnes;
  • Produtos farmacêuticos; 
  • Produtos de limpeza;
  • Materiais para a construção civil;
  • Equipamentos eletrônicos. 

Questionado sobre atualização da tabela do frete no Brasil, o assessor técnico da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística), Lauro Valdívia, informou que a “redução depende do que foi repassado dos aumentos”. 

“A entidade não pode se posicionar por serem situações de contrato. Também fica pendente o quanto da redução chegará na bomba”, afirmou.

Segundo a NTC, a malha rodoviária brasileira representa aproximadamente 60% do transporte de cargas. Já o combustível corresponde, em média, 35% do frete.

 

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