Com gasolina a R$ 6, vale a pena abastecer com etanol? Saiba fazer o cálculo

Segundo o consultor na área de petróleo e gás, Bruno Iughetti, a regra é simples: o consumidor só precisa saber se o valor de revenda do etanol está abaixo de 70% do preço cobrado pelo litro da gasolina

Escrito por Redação ,
Gasolina Etanol Posto
Legenda: Um fator que poderá reduzir ainda mais a eficiência financeira do álcool no mercado cearense é que, segundo Iughetti, a tendência do global é de alta nos preços do etanol hidratado
Foto: Kleber A. Gonçalves

Com a gasolina no Ceará passando do patamar de R$ 6,00 por litro em alguns postos, o consumidor passa a procurar por alternativas ao combustível. Mas será que o etanol pode ser uma boa opção nesse momento? 

A regra para saber se vale a pena abastecer com etanol é simples, segundo o consultor na área de petróleo e gás, Bruno Iughetti. Ele afirmou que o consumidor só precisa saber se o valor de revenda do etanol está abaixo de 70% do preço cobrado pelo litro da gasolina. Se estiver, ele recomenda a escolha do álcool. 

E para fazer o cálculo de fórmula prática, segundo ele, basta dividir o preço encontrado para o etanol pelo da gasolina. Valores médios encontrados na última pesquisa de preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no Ceará, indicam que o etanol ainda não é vantajoso frente à gasolina, considerando o rendimento dos combustíveis. 

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Segundo a pesquisa, o preço médio do etanol, no Ceará, está em R$ 4,507, enquanto a gasolina está em R$ 5,515. Fazendo a divisão, chega-se a proporção de 0,8172, o que indica que gasolina ainda é mais interessante economicamente, na média, para o consumidor cearense. 

Fórmula para cálculo de eficiência 

Preço do litro do etanol ÷ preço da gasolina = X

Se X for menor ou igual a 0,7, o etanol é mais vantajoso.

Perspectiva de alta

Outro fator que poderá reduzir ainda mais a eficiência financeira do álcool no mercado cearense é que, segundo Iughetti, a tendência do mercado global também é de alta nos preços do etanol hidratado.  

"O etanol, como é uma commodity, está com uma tendência de alta no mercado internacional, então pode não ser uma vantagem usar o combustível agora. A vantagem para usar o etanol depende dele estar a 70% do preço da gasolina. Se estiver acima, não é negócio usar o etanol", explicou. 

Já em relação à gasolina, Iughetti afirmou que o preço do combustível deverá se manter estável pelos próximos 10 dias, considerando os últimos reajustes da Petrobras e as decisões do Governo Federal. 

Contudo, como o combustível está, também, em defasagem em relação ao mercado internacional, a perspectiva após os 10 dias sem alteração de preços é que haja uma nova alta. O consultor explicou que o preço da gasolina depende diretamente das tendências do petróleo cru e das variações cambiais, que estão pressionando o mercado nacional há meses. 

"No sábado, houve uma redução de 5% e com isso espera-se que os preços finais ao consumidor devam ficar estabilizados por cerca de 10 dias, mas o futuro disso vai depender do preço do petróleo cru no mercado internacional e a variação cambial. Sabendo disso, é mais provável que haja uma alta, porque a gasolina comparada com o preço internacional ainda tem uma defasagem de 5%, então devemos ter uma alta de preços para equiparar o preço de importação", disse. 

Tendências do mercado

O consultor da área de petróleo e gás ainda apontou que o novo patamar limite para o preço da gasolina no mercado local está estabilizado entre R$ 6,00 a R$ 6,20 pelo litro do combustível.

O valor de revenda da gasolina deverá, segundo Iughetti, causar uma redução do uso de automóveis no Ceará e ainda gerar uma nova pressão social para profissionais que dependem do combustível, como os motoristas de aplicativos.

"A gasolina deve ficar oscilando entre R$ 6,00 e R$ 6,20, que é um valor extremamente alto e que tem um impacto financeiro e social, e deve fazer com que as pessoas possam ter a mobilidade afetada, o que já está prejudicado pela pandemia. E muitas pessoas que dependem da gasolina para trabalhar, como motoristas de aplicativo, vão ter ainda maiores problemas", disse. 

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