Artesã e comerciante emocionam plateia durante visita de Lula ao Ceará; veja vídeos

Maria Menezes e Maria Nascimento relataram como o microcrédito transformou suas realidades

Escrito por Bruna Damasceno , bruna.damasceno@svm.com.br
Personagens falando
Legenda: Nesta sexta-feira (1º), durante a visita do presidente Lula (PT) ao Ceará, os discursos da artesã Maria da Conceição Menezes e da comerciante Maria do Socorro Nascimento emocionaram autoridades e convidados
Foto: Thiago Gadelha / SVM

Os discursos da artesã Maria da Conceição Menezes e da comerciante Maria do Socorro Nascimento causaram emoção em autoridades e convidados, durante cerimônia de aniversário das linhas de crédito do Banco do Nordeste (BNB), nesta sexta-feira (1º), em Fortaleza. O evento contou com a presença do presidente Lula (PT).

As empreendedoras subiram ao palco para contar como romperam o ciclo geracional da pobreza por meio do microcrédito. A modalidade é um importante instrumento de inclusão social, sobretudo para áreas rurais, região Nordeste e para as mulheres.

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Isso porque essa população se depara com um abismo socioeconômico para o acesso ao crédito em razão de fatores como localização geográfica, excesso de burocracia e juros altos praticados por bancos sustentados somente pelo lucro. 

Nesse contexto, o microcrédito pode ser um caminho para o desenvolvimento sustentável e combate à pobreza, permitindo que histórias de mobilidade social como as de Menezes e Nascimento se repitam.  

Conheça a história de Conceição e veja o discurso

A cearense Maria da Conceição Menezes começou o discurso agradecendo “pelo dom da vida” e pela oportunidade de estar naquele palco para contar sua história. Filha de agricultores, ela também seguiu o ofício dos pais, mas começou a trabalhar como artesã há mais de duas décadas, em Missão Velha, no Interior do Ceará. 

“Trabalho com artesanato de barro há 24 anos… Trabalhei 17 anos como meeira (produtora que divide os lucros com o revendedor), tendo apenas metade do que eu produzia. Depois, me mudando para outra comunidade, me vi sem condições para nada. Eu sabia manusear a atividade, mas não tinha dinheiro”, lembrou. 

Maria ao microfone
Legenda: Maria da Conceição contou sua trajetória
Foto: Thiago Gadelha / SVM

“Foi quando surgiu o Agroamigo (linha de crédito para agricultores familiares) do Banco do Nordeste, mas eu tinha medo de dever. Pedi força a Deus para quebrar aquele gelo do medo e me fundamentei naquele texto bíblico que fala dos talentos que produziram… E eu disse: meu Deus, eu vou fazer o financiamento, e ele vai ser o meu talento e com ele eu vou produzir”, relatou. 

O primeiro empréstimo, listou, foi utilizado para fazer uma estrutura de palha para trabalhar, em 2006. O segundo permitiu a construção de um espaço de alvenaria e, “gradativamente”, ela o cobriu de telhas, graças aos financiamentos ao longo dos últimos 17 anos. 

Orgulhosa, ela contou que o seu empreendimento, o “Mão na Massa”, faz parte da rota turística nacional do Serviço Social do Comércio (Sesc), além de ter se tornado um Museu Orgânico, projeto da Fundação Casa Grande voltado para preservar a memória afetiva das residências e oficinas de mestres da cultura e artesãos.

“O Agroamigo me arrancou do chão”, enfatizou. Após revisitar sua trajetória, Menezes fez um pedido a Lula: “Não tenha medo de investir, junto ao Banco do Nordeste, com os pobres, não”, disse, afirmando que o presidente seria o “único homem no Brasil” a ter condição para isso.

Entregando artesanato
Legenda: Maria da Conceição entregou seu artesanato a Lula
Foto: Thiago Gadelha / SVM

“Acredite no potencial do trabalhador rural, que sem eles é difícil, e o senhor é o único, a meu ver, que enxerga aqueles invisíveis aos olhos da sociedade brasileira”, completou. Ao finalizar o discurso, a empreendedora entregou a Lula um artesanato chamado “potinho do besouro”. 

Conheça a história de Ceiça e veja o discurso

A comerciante Conceição Rodrigues dos Santos Menezes, conhecida como dona Ceiça, é de Sobradinho, na Bahia. Durante o discurso, ela contou ter começado a trabalhar vendendo bananas no bairro onde morava. Há 24 anos, decidiu contratar o Crediamigo (programa de microcrédito do BNB para empreendedores informais).

O recurso a auxiliou na produção de doces e expansão dos negócios. Hoje, ela possui três empreendimentos em sua cidade e comemora ter conseguido formar as filhas na universidade. 

“Sou natural de Remanso, fui para Sobradinho com nove anos, sofrimento, meu pai, pescador, morava numa casa de três cômodos com 13 filhos. Foi sofrimento, mas hoje estou aqui através da parceria com o nosso Crediamigo, que apostou no pequeno, no humilde, no trabalhador”, disse. 

Ceiça acrescentou ter “juntado os amigos” que vendiam balas para pegar o empréstimo de R$ 120 pela primeira vez, em 1999. A partir desse primeiro financiamento, a comerciante iniciou sua jornada como empreendedora. 

Personagem ao microfone
Legenda: Ceiça relatou como o microcrédito transformou sua realidade
Foto: Thiago Gadelha / SVM

“Formei minha filha Noêmia de enfermeira com ajuda do Crediamigo, formei Laiane de advogada. Aí eu estava tirando do meu comércio e não estava gostando muito, mas veio o Programa Universidade para Todos (ProUni), que o nosso presidente Lula deu oportunidade para pegarmos”, completou.

A comerciante finalizou o discurso dizendo estar emocionada ao ver o presidente. “Chorei quando abracei ele, porque sabemos que o nordestino é sofredor, e só ele apostou em nós do Nordeste, porque somos guerreiras e vamos à luta. Tenho 56 anos, mas o meu sonho não acabou. Eu vou trabalhar mais, vou ajudar mais”, disse.  

Microcrédito

O microcrédito começou em Bangladesh, na Ásia. O modelo, operado pelo Grameen Bank, tinha o objetivo de conceder empréstimos a juros abaixo do mercado para trabalhadores rurais e mulheres, ajudando a reduzir os indicadores de pobreza na região, em 1976.

O projeto foi liderado pelo professor e vencedor do Nobel da Paz (2006) Muhammad Yunus. No Brasil, os primeiros microcréditos em bancos públicos surgiram em 1996.

Naquela época, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS) criou o Programa de Crédito Produtivo Popular (PCPP). E, em 1998, o Banco do Nordeste (BNB) lançou o Programa Crediamigo. Em 2005, o BNB desenvolveu o Agroamigo. 

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