Após anúncio da Petrobras, redução no preço da gasolina deve chegar ‘bem fraca’ nas bombas
A estatal anunciou uma queda de 3% no preço da gasolina para as distribuidoras a partir desta quarta-feira (15)
Mesmo com a redução de 3% no preço da gasolina nas refinarias anunciada pela Petrobras nessa terça-feira (14), o valor do combustível que chega nas bombas a partir desta quarta (15) para os consumidores não deve ser impactado. Pelo menos não a curto e médio prazos. É o que apontam especialistas da área.
“Esse valor é 10 centavos menor para as distribuidoras. Para isso chegar na bomba, tem um caminho bem longo pra percorrer. Eu acredito que essa redução deve chegar bem fraca nas bombas, mas com relação à inflação já impacta no percentual”, é o que explica o economista e advogado Alessandro Azzoni.
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O professor da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Joseph Vasconcelos, destaca que é cedo para falar de uma redução de preço para o consumidor.
"Ainda há a margem de lucro dos postos e como é a primeira queda do preço repassado, isso demora um pouco a chegar na ponta. Os postos de gasolina primeiro amortecem essa redução do preço e, posteriormente, repassam ao consumidor final, se houver uma segunda tendência de queda, será mais fácil de sentirmos essa queda mais rápida”.
A redução, conforme comunicado emitido pela estatal, passa a valer a partir desta quarta e representa uma queda média de R$ 0,10 por litro. Com isso, o preço para as distribuidoras passa de R$ 3,19 para R$ 3,09 por litro. Já o diesel não teve o preço alterado.
Barril de petróleo em baixa
O professor pontua ainda que essa queda do preço está refletindo a condição internacional. “Houve uma desaceleração da demanda e o preço do barril de petróleo teve uma redução, a Petrobras resolveu, então, passar para as distribuidoras”.
Ademais, o economista acrescenta que esse reajuste negativo tem relação com a queda dos preços futuros do barril de petróleo no mercado internacional, impulsionada pela variante Ômicron, após a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) afirmar que deve prejudicar a recuperação econômica no mundo, e a alta do dólar.
"A variante deu uma desestimulada no mercado, os países acreditam num novo fechamento das economias, não está mais no aquecimento que teve no ano passado. Isso dá uma segurança para a Petrobras fazer uma espécie de compensação”.
Outro fator que influencia no preço do combustível fóssil é a cotação cambial. Para Azzoni, o dólar ainda está em patamares elevados e, para que haja uma queda real nas bombas, a moeda teria que voltar para o mais próximo de R$ 5.
Nessa terça, a moeda americana teve a quarta alta consecutiva e atingiu R$ 5,694, o maior valor em pouco mais de oito meses. "Quanto mais o real se valoriza e o preço do barril cai, mais efeito teremos no combustível”, conclui o economista.