Em encontro com o governador Camilo Santana, secretários e o deputado estadual Carlos Matos (PSDB) realizado ontem, representantes do setor privado expuseram as dificuldades frente à crise hídrica do Estado. A ideia é fortalecer a pressão que o Executivo estadual já faz junto ao governo federal para que as águas da Transposição do Rio São Francisco comecem a chegar ao Ceará ainda neste ano.
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"O governador se demonstrou preocupado, mas acreditando que os senadores Tasso Jereissati (PSDB) e Eunício Oliveira (PMDB) estão trabalhando no sentido de colaborar com o Governo do Estado", destacou o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Beto Studart.
Segundo Studart, o chefe do Executivo estadual acredita que a licitação para a conclusão do Eixo Norte da transposição, que trará as águas ao Estado, será concluída até o fim deste mês. Isso possibilitaria a chegada das águas provenientes do projeto no Ceará até dezembro, afirma o presidente da Fiec.
No encontro, os empresários demonstraram apoio às ações que o governo estadual vem promovendo para combater a seca a curto, médio e longo prazo, incluindo o lançamento do edital que irá selecionar os responsáveis por elaborarem estudos e projetos para uma usina de dessalinização na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). O pontapé inicial do certame foi dado ontem.
"Há várias medidas que o governo (do Estado) tomou, mas que não são suficientes para abastecer Fortaleza, caso haja colapso. Se nós não tivermos chuvas suficientes e a Transposição não ocorrer a tempo, esse colapso é inevitável", disse o presidente da Itaueira Agropecuária, Carlos Prado, que também é membro do Conselho de Integração Nacional da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Fuga de investimentos
Prado diz que, por conta da seca, já transferiu todos os 1.750 hectares da área de plantio irrigado (dos quais 90% destinados à produção de melão) da Itaueira Agropecuária do Ceará para outros estados. "Nós ampliamos nossas áreas no Piauí e na Bahia e abrimos uma área nova no Rio Grande do Norte", afirma ele.
A crise hídrica do Estado também vem afetando comércio, sobretudo no Interior do Estado, destaca o vice-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Maurício Filizola.
"Tivemos cidades do Interior em que o sistema de abastecimento sofreu o colapso, e para o empresário foi um custo a mais para manter as condições de abastecimento para os funcionários e para o cliente", afirma.