Os bancários do Ceará irão entrar em greve na próxima terça-feira (6) por tempo indeterminado. A decisão foi tomada ontem, em assembleia realizada na noite de ontem, na sede do Sindicato dos Bancários do Estado do Ceará (Seeb-CE), em Fortaleza. Cerca de 200 participantes votaram, por unanimidade, a favor do indicativo de greve do Comando Nacional dos Bancários, cujas negociações com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) não tiveram sucesso.
O resultado a favor da greve repete o que ocorreu nos últimos 13 anos. A categoria irá realizar outra assembleia na segunda-feira (5) para definir como será o movimento de paralisações.
Segundo o presidente do Seeb-CE , Carlos Eduardo Bezerra, na terça-feira algumas agencias já estarão sem atividades, embora não seja possível adiantar a quantidade, nem quais serviços ficarão indisponíveis. "A minha obrigação é falar apenas que os serviço essencial garantido por lei é a compensação bancária. Esse será mantido", salientou Bezerra.
Segundo o Seeb-CE, existem 534 agências bancárias no Ceará, sendo 231 na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e 303 no Interior. "No ano passado, a adesão chegou a 12 mil agencias bancárias no país. A gente acredita que a mobilização do bancário é fundamental para os bancos mudarem de posição", disse.
Propostas
A Fenaban apresentou sua mais recente proposta ao Comando Nacional dos Bancários na última segunda-feira, que inclue reajuste de 6,5% nos salários e benefícios, acrescido de um abono de R$ 3 mil, a ser pago de uma só vez. "Somados o abono e o reajuste, a proposta representa um aumento, na remuneração, de 15% para os empregados com salário de R$ 2,7 mil, por exemplo. Para quem ganha R$ 4 mil, o aumento de remuneração será de 12,3%; e, para salários de R$ 5 mil, equivale a 11,1%", defende a Fenaban.
As propostas dos bancos também incluem piso salarial para caixa de R$ 2.842,96 por jornada de 6 horas/dia; auxílio-alimentação de R$ 523,48 ;13ª cesta alimentação no mesmo valor; e auxílio refeição de R$ 694,54.
Os bancários, entretanto, querem reajuste salarial de 9,57% (projeção da inflação dos últimos 12 meses) mais 5% de aumento real; vales alimentação e refeição no valor de R$880,00 ao mês cada um; e 13ª cesta e auxílio-creche/babá com o mesmo valor.
A categoria também quer piso de R$3.940,24, equivalente ao salário mínimo ideal para sustentar uma família de quatro pessoas, segundo divulgou Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em junho. Também está entre os pleitos o fim de metas consideradas abusivas pelos bancários, melhores condições de segurança e mais contratações.
"Diálogo contínuo"
A respeito da greve deflagrada ontem e das negociações realizadas nacionalmente com a categoria, a Fenaban disse ontem, por meio de assessoria de imprensa, que "reafirma sua confiança no diálogo contínuo entre as partes para se chegar a um acordo de renovação da convenção coletiva de trabalho entre bancos e bancários".