Veja como acessar plataforma de atendimento remoto para pais e cuidadores de crianças autistas

No ambiente é possível ter orientação psicossocial e jurídica para responsáveis por crianças neurodivergentes

Escrito por
Maria Clarice Sousa* producaodiario@svm.com.br
Foto de uma terapeuta e um paciente, de costas, em sessão de terapia.
Legenda: Serviço oferece orientação psicossocial e jurídica, mas alguns usuários relatam instabilidade no acesso aos profissionais.
Foto: Divulgação/ Secretaria da Proteção Social (SPS)

A Secretaria da Proteção Social (SPS) do Governo do Ceará mantém em operação o programa Ceará TEAcolhe, uma iniciativa voltada ao suporte de mães e cuidadoras de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras neurodivergências.

O projeto, lançado em abril deste ano e está em fase de teste, disponibiliza uma plataforma virtual para atendimento remoto gratuito, além de mapear unidades de saúde e equipamentos sociais no estado.

O programa foi idealizado para atender mães e cuidadores de crianças e adolescentes, mas, segundo a coordenação, o serviço tem acolhido todas as pessoas que procuram ajuda. 

O que o serviço oferece

A plataforma tem como objetivo fornecer apoio psicossocial e jurídico para quem cuida de pessoas atípicas. De acordo com a Secretaria da Proteção Social (SPS), a iniciativa busca orientar sobre o autocuidado e sensibilizar mães, pais e cuidadores para a importância do acompanhamento psicológico.

A preocupação é respaldada por evidências científicas: um estudo publicado em 2024 na revista Journal of Psychosocial Nursing and Mental Health Services aponta que 35,8% das mães de crianças com transtorno do espectro autista apresentam sintomas simultâneos de ansiedade e depressão.

O sistema também prevê encaminhamentos para a rede socioassistencial (como CRAS e CAPS) e, quando necessário, acesso à medicação mediante prescrição médica. 

Em entrevista ao Diário do Nordeste, a coordenadora do Programa Mais Infância Ceará, Dagmar Soares, explicou que alguns problemas relatadas por usuários ainda ocorrem devido à fase de teste, mas detalhou os serviços ofertados pelo Ceará TEAcolhe: 

Apoio psicossocial

  • O atendimento é realizado em formato de terapia breve, voltado ao acolhimento em crises, ansiedade ou sofrimento emocional imediato. Não se trata de psicoterapia contínua. A coordenadora explica que há um limite de até 10 atendimentos, embora a usuária possa entrar em contato diariamente. Para falar com o mesmo profissional, é necessário ligar no mesmo dia e horário de plantão daquele especialista, informado durante o atendimento.

Orientação jurídica e médica

  • A plataforma não emite receitas digitais e não resolve questões judiciais durante a videochamada. Nesses atendimentos, o serviço atua como triagem: o profissional orienta sobre os caminhos na rede pública, indicando, por exemplo, onde buscar medicação, como acessar a Defensoria Pública ou qual unidade de saúde procurar.

Assistência social

  • O suporte inclui orientações sobre acesso a benefícios e programas sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), o Cartão Mais Infância e o programa Ceará Sem Fome.

Como acessar o Ceará TEAcolhe? 

O atendimento ocorre pelo site cearateacolhe.sps.ce.gov.br. O fluxo de uso do sistema apresenta quatro etapas visuais para o usuário: 

  1. Triagem
  2. Sala de espera
  3. Atendimento
  4. Conclusão

Para realizar a consulta, o usuário deve liberar o uso de câmera e microfone no dispositivo. Atualmente, o sistema não exige login (como Gov.br) ou documentação para o acesso inicial. A coordenação explica que a medida visa facilitar o acesso em momentos de crise, removendo barreiras burocráticas. 

Apesar da ausência de login do usuário, a equipe técnica mantém registros internos. Conforme Dagmar, a atualização recente corrigiu uma falha que apagava os dados da criança caso a conexão caísse, garantindo agora a preservação das informações durante o atendimento.

Relatos de funcionamento e limitações

Embora a interface indique as fases do processo, usuários relatam dificuldades na conclusão do atendimento. Em depoimentos cedidos à reportagem, algumas mães relataram tentativas de acesso em dias e horários alternados sem que o contato com os atendentes seja efetivado, com o fluxo interrompido antes da etapa 3 (atendimento). 

A SPS informou, em nota, que o serviço opera em versão de testes e passa por atualizações constantes. A pasta reconhece a possibilidade de instabilidades na conexão via internet. Nos sete primeiros meses de funcionamento, o governo contabilizou mais de 350 atendimentos realizados.

Integração com a rede física

A ferramenta possui geolocalização para indicar unidades de apoio presencial, como o Nutea e o Projeto Espaço Azul. Atualmente, o atendimento online não realiza agendamentos nessas unidades, servindo apenas como fonte de informação sobre endereços e serviços disponíveis.

A SPS informa que negocia um termo de cooperação com a Defensoria Pública para permitir encaminhamentos diretos no futuro.

 * Estagiária sob supervisão da jornalista Dahiana Araújo.

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