Nova vacina da dengue terá aplicação em massa ‘acelerada’ em cidade do CE; veja qual
Apenas duas cidades brasileiras terão a vacinação do público geral “acelerada” para barrar a arbovirose.
A imunização contra a dengue no Brasil terá como protagonista um município da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Maranguape, a cerca de 27 km da capital, é uma das duas cidades brasileiras que terão a vacinação do público geral “acelerada” para barrar a arbovirose.
A informação é do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, dada em entrevista à imprensa no programa “Bom Dia, Ministro”, do qual a Verdinha FM 92.5 participou, na manhã desta segunda-feira (15).
Em todo o País, a aplicação da nova vacina contra a dengue – a primeira de dose única do mundo, e totalmente nacional – será iniciada em 2026, priorizando grupos de risco, como profissionais de saúde e pessoas de maior faixa etária. Em Maranguape, porém, a população em geral vai receber a dose de forma mais rápida.
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A cidade cearense e a paulista Botucatu (SP) foram escolhidas como campos de avaliação da efetividade e do resultado da vacina na dinâmica de proliferação da dengue. A ideia do Ministério da Saúde (MS) é entender qual o impacto da imunização em massa dos habitantes de cada cidade no controle da arbovirose.
“Estudiosos apontam que se chegarmos a 40% de vacinação de uma população na cidade, é possível que haja controle da dengue na localidade. Vamos avaliar isso nessas duas cidades. É um plano que está sendo construído”, afirmou Padilha.
Maranguape foi escolhida, segundo ele, por dois motivos. “Primeiro, a qualidade do trabalho da Vigilância de Saúde do Ceará, que tem uma relação forte com pesquisadores. Segundo, queremos avaliar a aceleração da vacinação numa cidade onde não houve grande circulação da dengue tipo 3.”
O Ceará teve uma redução de casos e não teve uma grande circulação da dengue tipo 3. Uma das grandes vantagens da nova vacina do Butantan é que pode proteger contra os 4 tipos. Queremos avaliar em que medida a proteção mais rápida numa cidade como Maranguape pode gerar uma proteção."
Já a cidade paulista de Botucatu foi escolhida devido à experiência positiva de vacinação em massa contra a Covid-19, em 2021. Com a estratégia, o Ministério da Saúde terá “um balanço e comparação importante entre duas realidades decisivas”.
Maranguape tem pouco mais de 105 mil habitantes, conforme o Censo do IBGE de 2022. Botucatu contabiliza 151 mil moradores. A nova vacina, contudo, será aplicada inicialmente na população entre 15 e 59 anos.
A secretária da Saúde do Ceará, Tânia Mara Coelho, reforça que a escolha de Maranguape para integrar a fase de aceleração da nova vacina contra a dengue “representa um avanço importante no enfrentamento da arbovirose e no fortalecimento das ações de prevenção, com foco na proteção da população”.
Nova vacina da dengue
O novo imunizante contra a dengue, 100% nacional, foi desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com Ministério da Saúde e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A eficácia global na população de 12 a 59 anos é de 74,4%.
Isso significa que cerca de 74% dos casos da doença foram evitados entre pessoas vacinadas. Além disso, “90% não tiveram sinal grave de dengue, e ninguém precisou ser hospitalizado. É uma grande arma”, complementa o ministro da Saúde.
Conforme o MS, a Anvisa aprovou o uso da vacina em pessoas na faixa etária de 12 a 59 anos, mas “o perfil pode ser ampliado pelo Instituto Butantan após novos estudos”. O próximo estudo vai avaliar a segurança de aplicação em idosos. A expectativa é expandir o acesso à vacina em 2026.
Padilha afirma que o Butantan já possui um lote produzido de 1,3 milhão de doses, “o que é suficiente para vacinar os profissionais da atenção primária e as populações das duas cidades (Maranguape e Botucatu)”.
Uma parceria entre o instituto brasileiro e a empresa chinesa WuXi Vaccines, porém, vai ampliar a capacidade de produção de novas doses, permitindo que o público geral de outras localidades possa começar a se vacinar ainda em 2026.
“A WuXi prevê produzir até 10 milhões de doses no primeiro semestre, e chegar até 35 milhões até o fim de 2026. Vamos começar vacinando os brasileiros de 59 anos para baixo, e descer até a faixa etária autorizada pela Anvisa”, explica o ministro da Saúde.
O Brasil e o Ceará já aplicam uma vacina internacional contra a dengue desde o início de 2025, mas restrita a crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, prioritárias.
“Dessa vacina internacional, temos 18 milhões de doses pra 2026 e 2027, e através do Butantan estamos programando como entrará no Calendário Nacional”, explica o ministro.
Já a nova vacina brasileira contra a arbovirose, que soma 4.187 casos no Ceará neste ano, será a primeira destinada às demais faixas etárias. “Temos agora duas armas: a vacina nacional e a internacional. Mas não vamos deixar de atentar às outras formas de prevenção, que é o que as famílias podem fazer”, alerta Padilha.