Sítio do Patu, campo de concentração que abrigou retirantes no Ceará, é tombado

O Campo do Patu funcionou de 1932 a 1933, chegando a abrigar cerca de 20.000 pessoas oriundas de diversas partes do estado

Escrito por Redação ,
campo de concentração
Legenda: Em Senador Pompeu instalações de alvenaria dos prédios abandonados por uma empresa inglesa que iria construir o Açude do Patu foram usadas como Campo de Concentração
Foto: Camila Lima

O Sítio Histórico do Patu, Campo de Concentração que abrigou cerca de 20 mil retirantes no Ceará, teve tombamento definitivo aprovado, nesta segunda-feira (8), em reunião do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural do Estado do Ceará (Coepa). O encontro aconteceu na Biblioteca Pública Estadual do Ceará (Bece). 

O campo do Patu, em Senador Pompeu, a cerca de 270 km de Fortaleza, é um dos sete campos de concentração criados no Ceará na seca de 1932. É o único cujos vestígios físicos ainda existem.

Os campos de concentração de retirantes da seca foram erguidos no Estado em momentos históricos distintos: em 1915 e 1932. O de Senador Pompeu, assim como os demais, funcionou como espaço de aprisionamento para quem tentava fugir da miséria provocada pelos intensos períodos de estiagem.

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“Tão importante quanto a preservação do sítio histórico, é trazer à tona as histórias de vida das pessoas que ali estiveram e como a seca de 1932 institucionalizou as práticas de confinamento. O reconhecimento de um crime contra a humanidade, na figura dos mais pobres. É uma memória sensível, é uma memória de dor”, afirmou Jéssica Ohara, coordenadora de Patrimônio (Copam), da Secult Ceará.

História do Campo do Patu

O Campo do Patu funcionou de 1932 a 1933, chegando a abrigar cerca de 20 mil pessoas oriundas de diversas partes do Estado. Aproveitando-se da estrutura deixada pelos ingleses, as pessoas eram levadas até o lugar e depois impedidas de sair, sendo vigiadas por guardas e até colocadas em prisões improvisadas caso se rebelassem.

Inúmeros retirantes fugiram na época, e o campo registrava uma grande quantidade de mortes por dias, com as pessoas sendo jogadas em valas comuns cavadas pelos próprios flagelados.

No registro de sobreviventes, é possível entender que as pessoas entravam por um portão vigiado e depois eram impedidas de sair, só sendo levado para outros campos ou para realizar atividades de interesse público, como a construção de açudes, estradas e ferrovias.

Os homens, mulheres e crianças que conseguiam trabalhar eram recrutados para as atividades de manutenção do campo ou as obras públicas.

Muitos ficavam ao relento com a falta de material para construção de novos barracões e não havia médicos disponíveis, nem suprimentos suficientes para tratar os flagelados.

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