Quem está pegando Covid no Ceará e por que a baixa vacinação pode gerar aumento de casos

Aumento de infecções ocorre em cenário de pouca procura pelo imunizante bivalente

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Completar esquema vacinal é indispensável para proteger contra Covid-19
Legenda: Completar esquema vacinal é indispensável para proteger contra Covid-19
Foto: Fabiane de Paula

A chegada de uma nova subvariante do coronavírus, a Eris, ao Ceará já repercute no aumento do número de casos confirmados de Covid. Com a positividade de testes em alta e a vacinação em baixa, quem está mais suscetível à contaminação?

Em entrevista ao Diário do Nordeste e à Verdinha, nessa terça-feira (28), o epidemiologista Antonio Lima (Tanta), secretário executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, destacou o perfil dos pacientes e os principais sintomas que a Covid tem provocado atualmente. 

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De acordo com Tanta, o adoecimento tem aumentado e se concentrado na faixa etária mais numerosa da população, “a de adultos jovens, de 19 a 49 anos, que trabalha e acaba circulando mais”.

A maioria dos casos, pontua o médico, tem sintomas relativamente leves, mais similares a uma “gripe”, ao contrário do que era visto nas primeiras ondas da pandemia de Covid.

“Alguns pacientes relatam conjuntivite, mas o quadro clássico é de uma síndrome gripal, com algum sintoma que predomina, como dor de garganta, tosse seca inicial, coriza e dor de cabeça. Nesse pós-vacina, muito raramente a doença leva à Síndrome Respiratória Aguda Grave”, explica Tanta.

Apesar disso, ele aponta que é importante garantir a atualização vacinal das crianças e reforçar os cuidados com idosos e pessoas com doenças preexistentes. “O uso de máscara, por exemplo, não é obrigatório, mas continua sendo uma grande estratégia de prevenção e controle, principalmente nos grupos de risco”, frisa.

Como não vacinados impactam o cenário

No Ceará, menos de 20% da população completou o esquema vacinal até a 5ª dose, com a vacina bivalente – que inclui a proteção contra a variante Ômicron, predominante em casos no mundo todo.

Essa adesão, relembra o secretário, caiu a cada dose. “No esquema primário, D1 e D2, o Ceará alcançou em torno de 95% de cobertura, no nível de países com maiores coberturas do mundo. Os dois reforços, D3 e D4, giram em torno de 70%”, pontua.

“Mudou a vacina, incorporando a variante Ômicron, no entanto a cobertura está bem baixa, em torno de 18% no Ceará. Isso foi muito associado à diminuição da percepção de risco. A doença passou a ser branda, até rara, e a população parou de se preocupar”, lamenta.

O médico alerta que a bivalente é uma vacina diferente das demais, e, portanto, indispensável. “Ouço as pessoas dizendo que não vão se vacinar porque ‘não aguentam mais outra dose’. Mas não é a mesma vacina, é outra: por isso é tão importante”, reforça.

Para tomar a bivalente, basta ter completado o esquema primário de vacinação (1ª e 2ª doses). Não é preciso completar 4 doses.

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Com pessoas não imunizadas ou com o esquema incompleto, o vírus ainda circulante “se aprimora” por meio das mutações, e passa a ter maior capacidade de “enganar” o sistema imunológico e causar adoecimento, como explica Antonio Lima.

“Quando temos novas variantes com capacidade de transmissão global, é porque têm mutações que conseguem infectar e produzir sintomas. Se com vacina temos aumento importante de casos, imagine sem”, pondera.

Sobre a desinformação em torno dos imunizantes, que contribui para a baixa procura sobretudo da bivalente, Tanta é categórico: “nenhuma pessoa morreu por complicação de vacina. Se não estivéssemos todos com algum nível de cobertura vacinal, é até difícil simular o que estaria acontecendo agora.”

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