Praça do Ferreira tem projeto de reforma; relembre mudanças anteriores no cartão postal de Fortaleza
A Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) apresentou uma proposta para revitalização do logradouro e a Prefeitura já se comprometeu a executá-lo.
Um logradouro, no Centro de Fortaleza, cuja origem remonta a 1829, quando era ainda uma área mal delineada de campo de areias sem nenhuma urbanização. Esse é o surgimento do espaço que se tornou um ícone de Fortaleza, e, há décadas, é cartão postal da cidade: a Praça do Ferreira. O espaço, que já vivenciou sucessivas mudanças, deve passar por novas intervenções.
A Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) elabora um projeto de reforma e a Prefeitura deve executá-lo. A proposta é assinada pelos arquitetos Delberg Ponce de Leon e Fausto Nilo, os responsáveis pela última transformação da Praça, ocorrida em 1991. Deverão ser modificados aspectos como a pavimentação, os jardins, os quiosques e espaços de convivência no logradouro.
Nos mais de 180 anos, o famoso logradouro que ocupa o imaginário da população, já passou por uma sequência de reformas. Em distintos momentos históricos, a praça já teve, dentre outros elementos arquitetônicos, caixa d'água, bancos de duas faces, "frades-de-pedra" para amarrar cavalos, quiosques de cafés, coreto (que serviu de palanques para diversas manifestações políticas).
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As imagens do projeto, que ainda será finalizado, foram apresentadas aos comerciantes essa semana. A Prefeitura de Fortaleza, segundo a assessoria, se comprometeu a executar o projeto quando o mesmo for finalizado e orçado. Por enquanto, o município ainda aguarda a conclusão e não há prazo definido para o início das obras.
A Praça do Ferreira homenageia o tenente Coronel Antônio Rodrigues Ferreira,o Boticário Ferreira, e foi batizada assim em 1871. Nascido em 1801 em Niterói ele veio para Fortaleza em 1825 foi um dos mais destacados políticos de sua época.
Veja imagens preliminares do projeto de reforma proposto:
Confira as diversas modificações na Praça
Reforma em 1920
Segundo documentos do Acervo Digital de Fortaleza, em 1828 a Praça do Ferreira era “um campo de areia com um pequeno poço no centro, construído pelos flagelados das secas de 1877 a 1879”. Na época, diz o documento, a praça era conhecida como “Praça das Trincheiras”. A inauguração do logradouro foi no dia 5 de fevereiro de 1829. Em 1863 houve uma remodelação, diz o documento.
Em 1842, durante a gestão de Boticário Ferreira – a Praça recebe uma das suas primeiras intervenções com a eliminação do “Beco do Cotovelo” e tem início a sua retificação, passando a ser oficialmente denominada Praça Dom Pedro II
Na Praça do Ferreira, antes de 1920, existiam quatro quiosques, um em cada canto, abrigando cafés e restaurantes: Café Elegante (Rua Pedro Borges com Rua Floriano Peixoto), o Restaurante Iracema (Rua Pedro Borges com Rua Major Facundo), o Café do Comércio, (Rua Major Facundo com Rua Guilherme Rocha) e o Café Java (Rua Guilherme Rocha com Rua Floriano Peixoto).
Em 1920, o prefeito Godofredo Maciel realizou o ajardinamento da praça. Nessa ocasião, os cafés foram demolidos. Essa gestão também mandou construir um “célebre coreto” para se instalarem os músicos das bandas das Polícias do Estado.
Reforma em 1932
Em 1932, o prefeito Raimundo Girão, mandou derrubar o coreto e em substituição construiu a “Coluna da Hora”, um de “seus símbolos máximos”, conforme aponta a dissertação de mestrado “A Praça do Ferreira em Quatro Tempos: Paisagismo e Modernidade em Fortaleza”, de Julia Santos Miyasaki. Foi instalado o relógio de 4 faces, servindo de orientação para todos os lados do logradouro.
A inauguração pós-reforma ocorreu em 31 de dezembro de 1933, conforme registram matérias do Diário do Nordeste Centro de Documentação do Sistema Verdes Mares (Cedoc). Conforme a dissertação, a Coluna da Hora ganhou destaque também por ser “um objeto extremamente verticalizado para a época, que podia ser facilmente percebido devido à escala dos edifícios localizados no entorno”.
Outras pequenas modificações no desenho da praça também foram executadas, registra o trabalho, como: a remodelação dos canteiros e a construção de novos no local antes ocupado pelo coreto, a instalação de duas faixas de piso em mosaico cimentício com padronagem geometrizada, criando faixas que interligavam os canteiros e bancos.
Reforma de 1969
Em 1969, a Prefeitura de Fortaleza, tendo a frente José Walter Cavalcante, o logradouro foi completamente modificado. O gestor mandou demolir a estrutura primitiva da Praça do Ferreira e construiu outra. Houve a retirada da Coluna da Hora e a construção de canteiros elevados.
Dentre outros elementos, diz o trabalho da pesquisadora Julia Santos, a Praça sofreu “uma ampliação de sua área total com o acréscimo do espaço da faixa de rua que havia sido construída em 1941”. Além disso, uma marca desse período são os canteiros geometrizados, que serviriam como bancos, e os pisos elevados. Outro ponto é a construção da Galeria Antônio Bandeira, uma edificação semienterrada implantada aproximadamente no centro da Praça.
“Outra questão importante foi o seu traçado, extremamente recortado pela presença dos canteiros, que combinados com a paginação de piso, fragmentavam o espaço da Praça, subdividindo-o e deixando-o em franco contraste com o anterior, caracterizado pela amplitude espacial e convergência para a Coluna da Hora”, diz o texto da pesquisadora.
Reforma de 1991
Já em 1991, na gestão de Juraci Magalhães, entre agosto e dezembro, a Praça passou pela última grande reforma. Nela, uma nova Coluna da Hora, com 13 metros de altura foi colocada no logradouro e 74 árvores foram transplantadas do horto municipal para o equipamento.
O projeto arquitetônico foi de Fausto Nilo e Delberg Ponce de Leon, que tentaram resgatar a Praça do Ferreira de sua primeira inauguração em 1933, onde existia a Coluna da Hora, cartão postal da cidade.
Na intervenção de 1991 também foram recriados jardins do início do Século XX e, segundo edições do Diário do Nordeste da época, aos pés da Coluna foi estruturada a fonte e resgatada a cacimba cavada em 1824 pelo Boticário Ferreira, razão do nome da praça”. No decorrer das reformas, a cacimba tinha sido soterrada e só na última grande intervenção, em 1991, foi redescoberta, mudando o projeto dos arquitetos Fausto Nilo e Delberg Ponce. .