Funcionários do Hospital Universitário e da Maternidade Escola da UFC entram em greve; entenda

Os trabalhadores iniciaram a paralisação na segunda-feira (6). Estão afetados setores como UTIs, centros cirúrgicos e emergências

Escrito por Redação ,
Trabalhadores em greve na frente do Hospital Universitário Walter Cantídio
Legenda: Os trabalhadores entraram em greve na última segunda-feira (6) e devem seguir por tempo indeterminado, segundo sindicato
Foto: Divulgação/Sintsef-CE

O funcionamento de setores importantes do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) e da Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), como Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), centros cirúrgicos e emergências, por exemplo, está comprometido. Isso porque os trabalhadores da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) — instituição responsável pela gestão das unidades de saúde — estão em greve desde segunda-feira (6) e devem seguir por tempo indeterminado.

Os dois hospitais são vinculados à Universidade Federal do Ceará (UFC).

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Ceará (Sintsef-CE), esses setores funcionam, atualmente, com 70% dos trabalhadores. Já outros departamentos, como os administrativos, operam com somente 30% do quadro de funcionários.

Os profissionais reivindicam valorização, melhoria nas condições de trabalho, reestruturação de carreiras e reajuste salarial, considerando os índices da categoria. Segundo o Sintsef-CE, na última reunião, a Ebserh propôs o reajuste mínimo de 2,15%, mas os trabalhadores pedem ao menos 14,7%, além de benefícios como auxílio-alimentação.

Trabalhadores em greve seguram cartazes
Legenda: Com a paralisação, cerca de 30% das atividades de setores importantes dos hospitais, como UTIs, centros cirúrgicos e emergências, por exemplo, estão com funcionamento comprometido
Foto: Divulgação/Sintsef-CE

"Foram sete rodadas de negociações na Mesa Nacional de Negociação Permanente, com os representantes do Governo Federal e da Empresa, que, até então, se mostraram irredutíveis com a proposta dos trabalhadores", afirmou o coordenador-Geral do Sintsef-CE, Roberto Luque. Segundo a direção da entidade sindicalista, a decisão foi o último recurso que os profissionais tiveram, após "esgotamento de todas as formas de diálogo com o Governo".

Com a paralisação, ficam afetados os serviços feitos por profissionais como médicos, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, psicólogos e funcionários do setor administrativo. No entanto, embora reduzido, o atendimento ao público segue mantido.

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Negociações

O Tribunal Superior do Trabalho (TST) convocou uma reunião, ainda na segunda-feira, entre os representantes da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), da Ebserh e do Governo Federal, onde foi apresentada uma proposta de aumento de 3,09% sobre salários e alguns benefícios, além de 20,58% no auxílio-alimentação e manutenção de cláusulas sociais. Como a greve é nacional, a proposta será votada em assembleias espalhadas por todo o Brasil, incluindo o Ceará.

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Caso os trabalhadores não acatem a oferta do Governo, a greve deve prosseguir. "Os trabalhadores da Ebserh, assim como os demais da área da saúde, provaram, nos últimos anos, levando em consideração o contexto pandêmico, que merecem e precisam ser valorizados. São eles que prestam um dos principais serviços à sociedade, a manutenção da saúde. Lutaremos até o fim", disse Flávio Inácio, coordenador-geral do Sintsef-CE.

De acordo com o TST, a greve conta com a adesão de trabalhadores de ao menos 16 estados. Só no Rio Grande do Sul, devido à situação de emergência climática e sanitária, é que o início das paralisações foi suspenso.

Em nota, a Ebserh informou que iria se reunir novamente esta quarta-feira (8) com as entidades sindicais "visando avançar nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho". Com relação ao funcionamento do Complexo Hospitalar da UFC, a empresa disse que "as escalas profissionais estão sendo planejadas de forma a manter os serviços essenciais em funcionamento, preservando a assistência hospitalar da unidade de saúde".

Propostas apresentadas na reunião com o TST

Na reunião de segunda-feira, o vice-presidente do TST, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, apresentou as seguintes propostas para encerrar a greve:

  • Pagamento imediato de 3,09%, referente a 80% do INPC relativo à data-base;
  • Aumento do auxílio-alimentação em 20,52%, passando para o valor de R$ 796;
  • Alteração da data-base para 1º de junho de 2025, com recomposição de 100% do INPC no próximo ano, e asseguradas as 38 cláusulas sociais já negociadas diretamente;
  • Criação de grupo de trabalho, com previsão em acordo coletivo, para estudar a recomposição das perdas inflacionárias e demais temas de interesse da categoria;
  • Término imediato da greve.

"A greve representa uma garantia constitucional dos trabalhadores e, ao mesmo tempo, impõe desafios para o bom andamento do processo negocial", ponderou Veiga. Para o ministro, a suspensão da paralisação é necessária para o avanço das negociações.

Proposta da Ebserh após reunião desta quarta-feira

Atualização: no fim da tarde a Ebserh divulgou nota afirmando que apresentou uma nova proposta e agiora aguarda a resposta das entidades que representam os trabalhadores. Os itens propostos foram:

  • Aumentar o auxílio-alimentação para R$ 800,00 de imediato e para R$ 1.000,00 em março de 2025, o que significa um aumento total de 51,49%
  • Ampliar o auxílio-creche em 126,63%, saindo de R$ 213,96 para R$ 484,90
  • Conceder reajuste de 5,52% para o auxílio-saúde, equivalente ao INPC Saúde, passando de R$ 180,68 para R$ 190,65
  • Manutenção dos 38 itens sociais já aceitos

 

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