Fortaleza é 3ª cidade do Brasil com mais inscritos no Enem 2023; veja perfil dos candidatos no Ceará
Capital cearense fica atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro
Na disputa por uma vaga no Ensino Superior, 241.978 candidatos estão inscritos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) somente no Ceará, o que representa 6,2% dos 3,9 milhões concorrentes do País.
Fortaleza é a cidade com maior quantidade de inscrições no Estado: é na capital onde 74.116 adolescentes, adultos e idosos realizarão o exame. Este é o 3º maior número do Brasil, atrás apenas de São Paulo (157.221 inscritos) e Rio de Janeiro (117.007).
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Juazeiro do Norte (9.768 inscritos) e Sobral (7.890), no interior do Estado; e Caucaia (7.516) e Maracanaú (5.748), ambas na Região Metropolitana de Fortaleza, aparecem na sequência de localidades onde mais inscrições foram confirmadas.
As informações são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que detalha, ainda, o perfil dos candidatos cearenses: a maioria de quem vai aos locais de prova no Ceará neste domingo (5) é de mulheres, adolescentes de 17 anos e isentos do pagamento da prova (78,4%).
Maria Clara Sales, 17, se encaixa no perfil majoritário dos inscritos cearenses. Estudante do 3° ano do ensino médio na Escola de Ensino Médio Adauto Bezerra, ela intensificou, neste ano, a preparação para pleitear uma vaga no curso de Enfermagem.
“Eu tenho várias inspirações na família, como meu irmão, que foi aluno do Adauto Bezerra e passou em 4 faculdades. Minha prima também fez o Enem, passou em enfermagem, atua em hospital e hoje é uma das minhas maiores inspirações”, afirma a adolescente, que se diz confiante para as provas.
“Estou bem confiante e espero passar para, no futuro, ser uma profissional como minha mãe, minha prima, e ter essa possibilidade. A escola me deu uma grande ajuda para me preparar para essa edição”, garante Maria Clara.
Acesso ampliado ao Enem
Jakeline Andrade, professora na Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC), interpreta os dados sobre os inscritos no Enem 2023 como reflexo do maior acesso de estudantes de escolas públicas ao vestibular.
As políticas afirmativas, com vagas destinadas para alunos de baixa renda, negros, pardos e indígenas, e pessoas com deficiência também leva a maior participação de quem está no ensino público.
"São pessoas da classe D e E, estudantes de escolas públicas, sejam os que estão terminando o ensino médio agora, com 17 ou 18 anos, ou as pessoas com mais idade, que não cursaram o ensino superior logo após terminar o ensino médio", detalha Jakeline.
A gente vê uma abertura de políticas para inclusão, tanto no que se refere à perspectiva da pobreza quanto das pessoas com mais idade ou das pessoas com deficiência. Esse é um dado que podemos trazer a partir desse perfil.
Iniciativas como o Academia Enem e outros cursos preparatórios para o vestibular, ofertados de forma gratuita, se somam nesse engajamento dos estudantes. Contudo, Jakeline lembra que esse esforço é apenas para o início da jornada formativa.
"Por outro lado, essa participação não se refere necessariamente à permanência dessas pessoas (no ensino superior). O aumento das políticas de inclusão precisa vir com políticas de permanência dessas pessoas dentro da Universidade pública", acrescenta.
Essas ações podem evitar a desistência da graduação entre as pessoas em situação de vulnerabilidade social. “Estudar o ensino superior exige uma dedicação que, na maioria das vezes, o aluno de baixa renda não tem condições quando ele tem que trabalhar e estudar", conclui a especialista.