Falta de doses atrasa vacinação de crianças de 3 e 4 anos contra a Covid no Ceará; entenda motivo

Em quase 1 mês de liberação da imunização, nem 8% da meta foram atingidos

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
vacina infantil covid
Legenda: Vacinação de crianças de 3 e 4 anos foi autorizada há quase 1 mês no Brasil
Foto: Shutterstock

A vacinação de crianças de 3 e 4 anos de idade contra a Covid no Ceará ainda não atingiu sequer 8% da meta, mesmo após 1 mês da liberação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Até esta quarta-feira (10), 99 municípios não registram aplicação de nenhuma dose nesse público.

Os dados são do Vacinômetro da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), e mostram que das mais de 262 mil crianças nessa faixa etária aptas a receber a imunização, somente 20.452 já garantiram a 1ª dose (D1) da Coronavac.

De acordo com a Sesa, a lentidão do processo se dá pela falta de repasse de doses pelo Ministério da Saúde (MS).

A vacina foi liberada pela Anvisa para os pequenos de 3 e 4 anos no dia 13 de julho deste ano. Em Fortaleza, por exemplo, a imunização foi iniciada no dia 18 do mês passado e, até essa quarta-feira, 5.921 crianças tomaram a D1 – o que equivale a 7,7% da meta.

Além da capital, as 5 cidades cearenses que mais vacinaram os pequenos até agora, segundo os registros do Vacinômetro, foram: 

  • Sobral - 1.636 vacinados, iniciou a aplicação em 23 de julho; 
  • Juazeiro do Norte - 1.352 vacinados, data de início não informada;
  • Crato - 1.036 vacinados, iniciou aplicação em 23 de julho;
  • Caucaia - 866 vacinados, iniciou aplicação em 20 de julho;
  • Russas - 585 vacinados, data de início não informada.

Municípios como Maracanaú e Sobral, por exemplo, anunciaram o início da aplicação em 23 de julho e 3 de agosto, respectivamente, mas integram a lista das 99 cidades com zero doses aplicadas registradas no Vacinômetro.

Por que a vacinação das crianças está lenta?

Ana Rita Cardoso, orientadora da Célula de Imunização da Sesa, pontua que “além dos entraves da realidade de cada município, o Ministério da Saúde ainda não disponibilizou doses para a totalidade de crianças, tornando lento o processo de vacinação”.

A Sesa distribuiu às cidades menos de 28 mil doses infantis contra a Covid, “para contemplar apenas 10% da população de 3 e 4 anos”. A Pasta diz que “devido à indisponibilidade de estoque, não houve mais distribuições para dar continuidade à vacinação”.

Somente 85 dos 184 municípios cearenses informaram ter aplicado pelo menos uma dose nessa faixa etária, segundo a Sesa, que atualiza o Vacinômetro a partir de informações fornecidas pelas secretarias municipais.

Alguns municípios não informaram o quantitativo de doses aplicadas e outros não iniciaram a vacinação, tendo em vista o pouco quantitativo de doses disponibilizadas. Desta forma, utilizaram as vacinas enviadas para concluir a vacinação de outras faixas etárias.
Ana Rita Cardoso
Orientadora da Célula de Imunização da Sesa

Em nota, o Ministério da Saúde informou que "está em tratativas para aquisição do imunizante com maior celeridade, de acordo com a disponibilidade de entrega das doses pelos fornecedores", e reforçou "a necessidade de estados e municípios cumprirem as orientações pactuadas para garantir a imunização da população brasileira".

O Conselho das Secretárias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems/CE) também foi contatado pela reportagem, para dar mais detalhes sobre a dinâmica da imunização infantil nas cidades cearenses, mas não disponibilizou entrevistado nem nota.

Importância da vacinação infantil

O Brasil chegou ao 3º ano de pandemia de Covid, em 2022, com uma parcela importante da população ainda desprotegida: as crianças abaixo de 5 anos de idade. Em julho, porém, a Anvisa autorizou a imunização.

Em entrevista ao Diário do Nordeste, a médica pediatra Izabella Tamira destacou dois benefícios coletivos da decisão: a proteção das crianças e a queda na transmissibilidade do coronavírus.

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“Apesar de ser um público dito como menos vulnerável, recentemente temos visto casos mais complicados de Covid em crianças. E temos a questão da transmissibilidade para os grupos de risco. Então, protegê-las é proteger também a população mais exposta”, pondera.

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