Cobra jiboia faz constantes visitas a campus do IFCE e é apelidada de ‘Madonna’

Por não serem venenosas, as jiboias não oferecem riscos diretos ao ser humano

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Redação ceara@svm.com.br
Jiboia no Brasil
Legenda: Jiboia, com nome científico de "Boa constrictor"
Foto: Marcio I. Sa / Shutterstock

A rara convivência harmoniosa entre o ser humano e a natureza tem se provado possível no campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) em Quixadá, no Sertão Central. 

Por lá, uma cobra jiboia – espécie não venenosa e que pode alcançar 4 metros de comprimento – tem circulado nas dependências do campus, e já ganhou, inclusive, um apelido: Madonna, como a cantora estadunidense.

O instituto está localizado em uma área de preservação ambiental no entorno do Açude Cedro, e tem “forte enfoque em meio ambiente”, como explica o professor Clemilson Paiva, biólogo e coordenador da graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária do IFCE.

“Por trás do campus, passa o Rio Sitiá, que recebe as águas do sangradouro do açude Cedro. Normalmente, a cobra se encontra por essa área e em algumas de mata mais preservada no campus”, relata. 

Cobra jiboia
Legenda: Cobras da espécie jiboia são comuns na região
Foto: Cedida por biólogo

O professor pontua que, “até pelo fato de ela se camuflar no ambiente, não é muito fácil a sua visualização”, mas que a região “é o habitat dela” – portanto, é preciso respeitar a presença e proteger o animal.

“Não é muito comum, mas quando ela, por algum motivo, vem para uma área em que há uma movimentação maior de alunos, sempre fazemos o manejo para a área próxima ao rio. Esse é o habitat dela, não há motivo para fazer uma realocação”, reforça.

Além da “Madonna”, apelidada por funcionários devido à “exuberância ao se deslocar”, outras serpentes surgem no local. O biólogo destaca, contudo, que nenhuma é peçonhenta.

Há risco para a comunidade?

Por não serem venenosas, as jiboias não oferecem riscos diretos ao ser humano, como explica o professor Clemilson.

“Ela mata suas presas, normalmente de médio e pequeno porte, através da constrição (aperto), causando asfixia”, informa o biólogo.

Apesar disso, ele afirma que o processo de orientação da comunidade acadêmica sobre não entrar em contato com o animal – “e muito menos matar – é constante.

“No caso da jiboia, mesmo ela não conseguindo injetar veneno, caso se sinta ameaçada, ela pode atacar e morder a pessoa, trazendo risco de infecção, pois pode ter algumas bactérias em sua dentição que podem trazer problemas”, situa.

O cuidado com o animal faz parte de um contexto de ações de preservação da fauna e da flora locais, de acordo com Clemilson – o que acaba atraindo bichos para áreas de convivência.

“Primamos muito pela preservação ambiental, retirando plantas exóticas e colocando plantas nativas do bioma caatinga. Isso faz com que tenhamos muitos animais silvestres em nosso entorno. Além dessa jiboia, temos camaleão, ‘soim’, caranguejeiras, e outros”, finaliza.

Cedro foi primeiro açude do Brasil

Açude do Cedro, no Ceará
Legenda: Açude do Cedro fica em região de rica importância ambiental de Quixadá, no Ceará
Foto: Alex Pimentel/Arquivo DN

A importância ambiental e social da região onde o campus do IFCE de Quixadá se localiza é provada na História: o Açude Cedro, símbolo e cartão-postal da cidade, foi o primeiro construído no Brasil.

De acordo com informações do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), “o Ceará foi escolhido por uma comissão criada pelo imperador Dom Pedro II para abrigar um projeto audacioso que previa uma barragem no curso do rio Sitiá”.

A ideia, como resgata o Dnocs, “era acumular água e, assim, aliviar um pouco a sede das famílias e dos animais que pereciam com a falta d'água” no contexto da seca de 1877.

Hoje, o Cedro tem capacidade de armazenar 126 milhões de m³ de água, mas está com menos de 3% deste volume preenchido, de acordo com monitoramento da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh).

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