Cidades do CE tiveram até quase 5°C acima na média de temperatura em novembro de 2023; veja ranking

Crato, na região do Cariri, passou de 30,5°C para 35,1°C no período analisado

Escrito por Lucas Falconery , lucas.falconery@svm.com.br
Legenda: Novembro registrou recordes de calor no Estado
Foto: Marciel Bezerra/Reprodução

Novembro de 2023 foi mais quente em relação ao mesmo mês do último ano, e essa realidade foi mais intensa para algumas cidades no Ceará. Para se ter uma noção disso, Crato, na região do Cariri, teve quase 5°C a mais de calor, passando de 30,5°C para 35,1°C no período analisado.

Os dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) foram solicitados pelo Diário do Nordeste. Em novembro deste ano, o Ceará teve 12 picos de temperatura, foi afetado por 2 ondas de calor e teve um número recorde de focos de calor.

Além do Crato, Missão Velha (+4,36°C) e Araripe (+4,28°C), também no Cariri, e Aiuaba (+4,3°), no Sertão dos Inhamuns, estão no topo dessa lista onde a temperatura máxima observada em todo o mês de novembro mais cresceu no Ceará.

Confira a comparação entre novembro de 2022 e de 2023:

  • Crato: 30,49°C subiu para 35,1°C
  • Missão Velha: 31,66°C subiu para 36,02°C  
  • Aiuaba: 32,27°C subiu para 36,57°C
  • Araripe: 30,57°C subiu para 34,85°C 
  • Crateús: 34,24°C subiu para 37,66°C
  • Piquet Carneiro: 32,87°C subiu para 37,18°C
  • Poranga: 30,2°C subiu para 33,45°C
  • Iguatu: 34,04°C subiu para 36,92°C
  • Barro: 35,78°C subiu para 38,78°C
  • Jaguaribe: 36,55°C subiu para 38,97°C

A capital cearense teve um leve aumento na média da temperatura máxima, que passou de 32,11°C para 32,98°C. De modo geral, o último mês teve vários destaques em relação ao calor mais intenso.

Por exemplo, foram registrados 1.830 focos de calor, quando a temperatura chega a 47°C e há risco de incêndio florestal, sobre o território cearense durante o mês de novembro. Esse foi o 4º maior número do País.

Além disso, a Funceme identificou 12 de picos de calor no Estado, que acontecem em dias que a temperatura é superior à média histórica. Também foram registradas 2 ondas de calor – nesse caso, a temperatura extrema dura, geralmente, entre 3 e 5 dias.

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O que explica o calor?

O segundo semestre do ano no Ceará costuma ser mais quente pela ausência de chuvas e a maior incidência solar. Outubro, inclusive, é o mês com maior incidência da radiação solar. Mas neste ano, a formação do El Niño eleva o calor.

"Temos uma baixa nebulosidade, o ar descendo impossibilitando a formação de nuvens e um vento mais fraco -- não temos o transporte de umidade que esfria o ambiente. Ficamos como numa chaleira mesmo", exemplifica o físico e doutor em meteorologia Francisco Vasconcelos Junior.

Legenda: Calor intenso também está relacionado com o El Niño
Foto: Kid Júnior

Além dessas condições de grande escala, que afetam muitas regiões do mundo, também há um cenário regional.

"Estamos com o Oceano muito mais quente no Hemisfério Norte e os ventos alísios não entram no nosso continente e essa característica se traduz em maiores temperaturas e menores umidades”, acrescenta sobre a situação.

Situação de seca

O Ceará voltou a ter 100% das regiões com áreas de seca relativa após 27 meses, segundo o Monitor de Secas de outubro, elaborado no último dia 20 de novembro. A situação não era vista desde julho de 2021, conforme o levantamento.

O Monitor das Secas é um acompanhamento regular e periódico do cenário de seca, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com a contribuição de outras instituições governamentais, estando disponível para acesso em locais como o site da Funceme.

Em 2021, o Estado vivenciou um baixo regime de chuvas que comprometeu o abastecimento dos açudes. O cenário só veio a melhorar com a pré-estação chuvosa de 2022. Em julho do ano seguinte, a seca atingia 16% do território.

Já em 2023, com uma boa quadra chuvosa alavancada pelo melhor mês de março em 15 anos, o Estado chegou a passar quatro meses sem seca relativa, entre março e junho. 

Porém, em julho, a situação se alterou mais uma vez e a seca retornou a 33,7% das áreas. Com o decorrer dos meses, houve piora. Em setembro, apenas 18% do território estava livre do fenômeno, correspondendo a áreas do litoral.

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