Cidade tem maior temperatura do CE dos últimos 30 anos; Estado tem 16 picos de calor de 40°C
Esses eventos extremos podem se tornar mais comuns devido à influência do aquecimento global
O Ceará teve 16 picos de calor igual ou acima de 40ºC durante o mês de outubro e Jaguaribe, já conhecida pelo calor intenso, teve a maior temperatura máxima registrada nos últimos 30 anos com 41,9°C, nesta terça-feira (31). As informações são da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).
Antes disso, a maior temperatura máxima na série histórica foi sentida na cidade de Barro, na região do Cariri, com 41,7ºC, em outubro de 2022. Naquele mês, apenas 2 registros foram de 40ºC ou mais.
Jaguaribe, Barro e Cratéus concentram as maiores temperaturas máximas neste mês. O monitoramento é feito por Plataformas de Coleta de Dados (PCD) da Funceme e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
"Essa foi a maior temperatura do ano e também a maior temperatura já registrada pela Funceme no Estado do Ceará", frisa o meteorologista Lucas Fumagalli.
Outubro é o mês com maior incidência de radiação solar, com baixo registro de chuvas e com baixos valores de umidade relativa do ar. A soma disso já explica o calor intenso vivenciado pelos cearenses.
“No entanto, em 2023, nós temos um diferencial: a atuação do evento El Niño no Oceano Pacífico Equatorial. Esse sistema contribui para diminuir as chuvas aqui no Estado e, ao mesmo tempo, elevar as temperaturas”, acrescenta Lucas Fumagalli.
O cenário, inclusive, é oposto ao registrado no último ano. "Em 2022, nós tínhamos um evento oposto que era a La Niña, que contribui para aumentar a precipitação, diminuir a incidência de irradiação solar e, portanto, manter as temperaturas um pouco menores”, completa.
Todos são afetados por essas condições, mas as cidades de Jaguaribe, Barro e Crateús se destacam pela distância da faixa litorânea, na qual a umidade do Oceano contribui para diminuir o calor.Vale destacar que, num ambiente de aquecimento global, espera-se que esses eventos extremos de temperatura tornem-se mais frequentes
As regiões de vales, como ao longo do Vale do Rio Jaguaribe, têm os maiores picos devido a efeitos locais, como as menores altitudes do relevo ao longo do curso dos rios, como explica a Funceme.
Chuvas em outubro
O Ceará registrou o menor volume de chuvas para o mês de outubro em 7 anos. Após dois anos com precipitações acima da média para o período, o Estado teve, neste ano, o menor acumulado desde 2016. Os dados são do balanço parcial do Calendário de Chuvas da (Funceme), como já havia adiantado o Diário do Nordeste.
Historicamente, outubro é um dos meses em que se espera menos chuva para o Estado, com uma média de 3,9 mm. Neste ano de 2023, a Fundação registrou 0,3 mm de chuvas, um desvio de -92,1% em relação à média histórica para o mês. No período analisado pelo Diário do Nordeste, esse foi o menor volume desde 2016, quando choveu 0,2 mm ao longo de todo o mês.
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Guaramiranga e Pacoti, no Maciço de Baturité, foram as cidades que receberam os maiores volumes de chuva — 20,6 mm e 16,6 mm, respectivamente. Em ambos os casos, porém, choveu menos do que o esperado para a média. Em terceiro está Santana do Cariri, com 12,1 mm, acima do esperado.
Os dados de 2023 foram coletados no dia 31 de outubro e podem mudar caso o sistema da Funceme seja atualizado com informações dos municípios.