Ceará tem 37 cidades em situação de emergência por seca ou estiagem; veja onde
Municípios precisam atuar em resposta à redução de chuvas.
Novembro iniciou com 37 cidades cearenses com situação de emergência reconhecida pelo Governo Federal. Ao todo, há 29 municípios em estiagem, enquanto outros oito enfrentam a seca. Os dados são do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2iD), do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR).
O dado é mais grave do que o verificado há cerca de um ano. Em meados de dezembro, 28 cidades tinham emergência vigente, sendo 24 em estiagem e quatro em seca, conforme a mesma plataforma.
A Classificação e Codificação Brasileira de Desastres (Cobrade), utilizada pelo Ministério, diferencia os dois fenômenos da seguinte maneira:
- Estiagem: período prolongado de baixa ou nenhuma pluviosidade (chuvas), em que a perda de umidade do solo é superior à sua reposição;
- Seca: é uma estiagem prolongada por tempo suficiente para que a falta de precipitação provoque grave desequilíbrio hidrológico.
Com o reconhecimento federal, as Prefeituras estão aptas a solicitar recursos da União para ações de proteção e defesa civil, como:
- compra de cestas básicas e água mineral
- refeição para trabalhadores e voluntários
- kits de limpeza de residência, higiene pessoal e dormitório
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Em 16 cidades, a vigência do decreto termina ainda em 2025. Nas demais, a data de encerramento ocorre entre janeiro e abril de 2026. Até o momento, Arneiroz, no Sertão dos Inhamuns, é o município com o prazo mais distante.
Veja as cidades em situação de emergência no CE:
Seca
- Arneiroz
- Ibicuitinga
- Jaguaribe
- Piquet Carneiro
- Quiterianópolis
- Quixadá
- Saboeiro
- Senador Pompeu
Estiagem
- Acopiara
- Aiuaba
- Alto Santo
- Araripe
- Assaré
- Boa Viagem
- Canindé
- Catunda
- Caucaia
- Deputado Irapuan Pinheiro
- Independência
- Itapajé
- Itatira
- Jaguaretama
- Jaguaribara
- Madalena
- Milhã
- Mombaça
- Monsenhor Tabosa
- Morada Nova
- Paramoti
- Pedra Branca
- Potengi
- Potiretama
- Quixeramobim
- Salitre
- Solonópole
- Tabuleiro do Norte
- Tauá
Avanço da seca
O Monitor de Secas, coordenado pela Agência Nacional de Águas (ANA), corrobora os dados. Em setembro deste ano, diante da piora nos indicadores, houve avanço da seca fraca no norte e no sul do Ceará.
Agora, ela já cobre 97,5% do território estadual. Deste percentual, 55% está em seca moderada - o maior percentual desde janeiro de 2024.
Há um ano, em novembro de 2024, o Ceará tinha 13% das áreas sem seca. Hoje, são apenas 2,5%. Já a seca fraca avançou de 87% para 97,5%, e a seca moderada de 38,5% para 55%.
Segundo a ferramenta, os impactos atuais do fenômeno são predominantemente de curto prazo, podendo afetar a agricultura e pastagens.
Ações de resposta
A nível estadual, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Ceará (Cedec) fornece ajuda humanitária, com a distribuição de cestas básicas em municípios afetados pela estiagem.
Além disso, os técnicos vêm intensificando ações preventivas em todo o Estado, com palestras, capacitações e treinamentos voltados à prevenção e diminuição dos impactos de desastres naturais, catástrofes e calamidades públicas.
Até outubro, o órgão realizou:
- 88 ações preventivas, entre campanhas educativas, atividades de conscientização e vistorias em barragens;
- capacitação de 114 servidores, de 27 municípios;
- entrega de 127 toneladas de alimentos a mais de 24 mil pessoas beneficiadas.
A Coordenadoria acompanha o monitoramento das condições meteorológicas, em parceria com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) e a Secretaria dos Recursos Hídricos do Ceará (SRH), acompanhando índices pluviométricos, aporte hídrico e focos de calor.
As informações subsidiam o planejamento de ações e o manejo de recursos, tanto durante o período chuvoso quanto na estação seca.
Cidades enfrentam problemas
Em Boa Viagem, no Sertão de Canindé, o decreto de emergência da Prefeitura ressalta que, em decorrência da seca prolongada, a distribuição de água potável à população depende do uso de carros-pipa, chafarizes e perfuração de poços profundos, “já que o reservatório municipal está seco e não recebeu recarga hídrica suficiente este ano”.
Já em Quixeramobim, em virtude do baixo índice pluviométrico e do exaurimento de alguns mananciais do município, “mais de 40% da população foi afetada”. A Secretaria Municipal de Assistência Social constatou in loco que há muitas famílias tanto na zona urbana quanto na rural sem acesso à água potável.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Recursos Hídricos da cidade, José Maria Pimenta, relatou que há várias áreas da zona rural “com problema até para os animais”.
“Todo dia recebo pessoas atrás de perfuração de poços. Os açudes próximos, na grande maioria, estão secos. Tem produtor comprando água pra dar pro gado, é uma situação bem difícil”, explica.
Quixeramobim é um dos maiores polos leiteiros do Ceará, além de produzir cultivos de capim para o gado, sorgo e milho. Atividades que, por conta da pouca água, estão ameaçadas.
“A Prefeitura tem carro-pipa e socorremos as situações mais drásticas. A produção é grande, então existem produtores que têm poços e açudes que ainda não secaram. Mas muitos estão sem água”, diz o secretário, esperando boas chuvas na pré-estação chuvosa, que começa em dezembro.