Caso Joca: Tutores de pets e ativistas protestam no aeroporto de Fortaleza por justiça

A manifestação se deu em decorrência da morte do cão Joca, que sofreu uma parada cardiorrespiratória durante um erro em seu transporte aéreo

Escrito por Luana Severo e Gabriela Custódio ,
Manifestantes reunidos em frente aos guichês da Gol no aeroporto de Fortaleza
Legenda: Os manifestantes se reuniram em frente aos guichês da Gol no aeroporto de Fortaleza
Foto: Gabriela Custódio/SVM

Dezenas de ativistas em prol da causa animal se reuniram no Aeroporto de Fortaleza, na tarde desta quarta-feira (1º), para protestar contra a maneira como as companhias aéreas tratam o transporte de pets em aeronaves. A manifestação ocorre na esteira de outras convocadas no Brasil após a morte de Joca, um cão de cinco anos da raça golden retriever.

Joca deveria ir de Guarulhos, em São Paulo, para Sinop, no Mato Grosso, onde era aguardado pelo seu tutor. No entanto, o cachorro foi transportado para Fortaleza, no Ceará, por um erro da companhia aérea, e só depois foi levado de volta para Guarulhos. A suspeita é de que Joca não resistiu a uma parada cardiorrespiratória devido ao calor no porão do avião.

Mulher usando máscara segura cartaz
Legenda: O protesto teve início cerca de 16 horas desta quarta-feira (1º), no Aeroporto de Fortaleza
Foto: Gabriela Custódio/SVM

"Desejamos uma lei que permita que os animais possam viajar na cabine, conosco. Que as empresas aéreas tenham veterinários a postos para qualquer ocorrência que venha a acontecer, e mais cuidado e respeito com eles", disse Magda Picanço, uma das organizadoras do protesto desta quarta, na capital cearense. Ela é tutora de três cães e dois gatos.

"É revoltante. [O Joca era] Um animal que tinha um atestado que mostrava que só suportava 2h30min de viagem, e ele passou quase 8h, 1h30min só na pista de embarque aqui do Aeroporto de Fortaleza, sob um sol de 36º", criticou, também, Apollo Vicz, ativista, protetor e representante do Abrigo São Lázaro.

O Diário do Nordeste apurou que pelo menos três grupos compareceram ao ato: o Golden Retriever Fortaleza, o Família Golden Retriever Ceará e o Abrigo São Lázaro. "Não somos instituições que envolvem custos financeiros. Ajudamos tutores a conhecerem melhor seus pets e, assim, cuidarem da melhor forma possível", explicou Picanço.

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'Ganhamos força na dor da perda do Joca'

Para Stefanie Rodrigues, ativista da causa animal e fundadora da Organização Não Governamental (ONG) Anjos da Proteção Animal, o momento é oportuno para cobrar a tomada de providências no transporte adequado de animais.

Mulher segura cartaz com frase que diz que animais não são cargas
Legenda: Dezenas de manifestantes foram ao Aeroporto de Fortaleza nesta quarta-feira (1º)
Foto: Gabriela Custódio/SVM

"Infelizmente, o [Poder] Legislativo do nosso País espera os fatos acontecerem para tomar providências. Casos como o do Joca já ocorreram várias vezes, mas o clamor popular teve de ser exaltado para as providências chegarem. Para nós, isso [a morte de Joca] não foi fatalidade, mas negligência e imprudência. [As empresas] Deveriam ter o mesmo cuidado com os animais como têm com menores de idade que viajam sozinhos", criticou a ativista.

"Ganhamos força na dor da perda do Joca. E Joca se manterá vivo, em uma lei com seu nome, para salvar vidas" continuou Rodrigues, citando a movimentação na Câmara Federal para discutir um projeto de lei que tramita desde 2022, mas que passou a ser chamado de "Lei Joca". O texto busca regulamentar o transporte de animais em viagens aéreas.

"Que a 'Lei Joca' seja regulamentada com novos protocolos, que atenda aos animais e seus familiares. Os animais fazem parte das nossas famílias. Jamais alguém levaria seus filhos em um porta-malas de carro, ônibus, avião, ou num porão de navio", concluiu a ativista.

Manifestantes seguram cartazes
Legenda: O grupo pediu justiça por Joca e melhorias no transporte de animais em viagens de avião, ônibus e navio
Foto: Gabriela Custódio/SVM

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'Justiça por Joca'

Com cartazes pedindo "justiça por Joca" e afirmando que "animais não são cargas", os manifestantes se reuniram em frente aos guichês de check-in da Gol, a empresa responsável pelo transporte do cão que morreu, e falaram sobre o tema.

Tutora segura cachorra no aeroporto
Legenda: Sâmela Rodrigues é tutora de Zaira, de um ano
Foto: Gabriela Custódio/SVM

Muitos estavam com balões laranjas e na companhia dos próprios pets, como, por exemplo, a autônoma Sâmela Rodrigues, 28, tutora da cachorrinha Zaira, de um ano de idade, da raça dachshund. "A gente espera que, com essa manifestação, a lei [Joca] seja aprovada. Cão, para nós, é família. [...] A gente fica revoltado com toda essa situação, e o intuito dessa manifestação é para que a lei seja aprovada e nosso pet possa viajar com a gente, na poltrona", disse ela.

Rodrigues compartilhou ainda que chegou a cancelar uma viagem porque não poderia levar nem Zaira nem sua calopsita. "A gente está de luto por Joca. Todo mundo sente a dor, a gente se põe no lugar [do tutor]. São seres inocentes que merecem ter o direito de viajar conosco", finalizou ela.

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