Após imbróglio, reconstrução da Ponte dos Ingleses deve começar neste mês

Previsão é da Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf), que assumiu integralmente a intervenção

Escrito por Redação ,
Estrutura da Ponte dos Ingleses na Praia de Iracema
Legenda: As obras terão início neste mês de setembro
Foto: Fabiane de Paula

As obras de reconstrução da Ponte dos Ingleses, na Praia de Iracema, devem ser iniciadas neste mês de setembro. A previsão é da Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf), que assumiu o projeto após decisão do prefeito José Sarto (PDT), no último mês de julho, em meio a divergências técnicas e políticas com o governo de Elmano de Freitas (PT).

Para assegurar que é possível tocar as intervenções com a estrutura da maneira que está hoje, a Prefeitura enviou à Secretaria do Turismo do Estado (Setur) um parecer técnico de 482 páginas refutando ponto a ponto o laudo divulgado pela Superintendência de Obras Públicas (SOP) em julho, que motivou o imbróglio público entre Sarto e Elmano.

O documento enviado à Setur foi elaborado por engenheiros da Seinf, por responsáveis técnicos pela execução do serviço estrutural na ponte e pelo engenheiro civil estrutural e calculista Luciano Pamplona, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC). O grupo analisou os documentos da obra, o laudo da SOP e fez novas inspeções no local.

"Diante dos estudos apresentados, a Prefeitura de Fortaleza tratará a pauta como resolvida e assegurada, dando continuidade às obras na Ponte dos Ingleses para que a população possa ter de volta o registro deste que já foi um dia o mais lindo cartão postal da Praia de Iracema", conclui o comunicado da Seinf.

O Diário do Nordeste enviou à SOP o documento produzido pela Seinf, refutando o laudo técnico divulgado pelo órgão estadual em julho, e, em resposta, a superintendência repetiu que o estudo de viabilidade concluiu que a Prefeitura não cumpriu sua parte no acordo de requalificação da estrutura e que a ponte corre risco de desabamento.

A Setur também foi contatada pela reportagem para se posicionar sobre o documento. Assim que a resposta for enviada pelo órgão, esta matéria será atualizada.

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O que diz a Prefeitura no novo laudo técnico

O documento enviado pela Prefeitura ao Estado começa comentando um "estranhamento" a respeito da solicitação de um laudo de vistoria técnica, por parte da SOP, mais de um ano após a conclusão das intervenções que couberam à gestão municipal — a princípio, o combinado era que a Prefeitura faria a base da ponte e o Estado, a urbanização.

"Durante todo o período de obra a cargo da Seinf, nenhum técnico da SOP esteve no local para fiscalizar a obra, nem minimamente a curiosidade de ver o que estava sendo feito. Não houve qualquer participação nem interesse da SOP no processo de recuperação estrutural e nem sequer se preocuparam em responder os ofícios enviados pela Seinf a respeito da obra e das providências requeridas", afirmou a equipe municipal no parecer.

Em relação à possibilidade de colapso da estrutura, a Seinf assegurou que não identificou "nenhuma anomalia ou quaisquer manifestações patológicas, nem microfissuras" que justifiquem a afirmação de que a ponte poderá desabar em função das cargas que irá receber. "A carga total que os inspetores da SOP supõem sobre cada pilar é de apenas 28 tf [toneladas-força], menos de 30% da capacidade de cada um, obtida em ensaio de campo, que é de 100 tf", escreveu.

Imbróglio na execução do projeto

O Diário do Nordeste publicou uma reportagem sobre o andamento da reforma da Ponte dos Ingleses em fevereiro deste ano. À época, foi dito pelo Governo do Estado que a obra estava parada devido a um descumprimento contratual e foi prometido que as intervenções voltariam naquele mesmo mês, mas ainda sem prazo para a entrega.

A reportagem também mostrou que os serviços executados pela Prefeitura, referentes à concretagem das ferragens, à manutenção preventiva e ao restauro estrutural, com investimento de R$ 4,1 milhões, foram concluídos no ano passado e que, desde então, o espaço estava livre para que os operários contratados pelo Estado pudessem atuar.

No entanto, devido à rescisão contratual entre o Estado e a empresa responsável pela recuperação da estrutura, a obra ficou novamente parada nos últimos meses. Até que o Estado conseguiu novamente licenciar as intervenções, mas, após vistoria técnica, concluiu que a estrutura não havia sido bem recuperada.

Na época, a reportagem procurou a SOP em busca de entrevista com o superintendente para entender o que ainda precisava ser feito na estrutura e quanto tempo levaria para a conclusão, mas o pedido não foi atendido.

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