“Acho que é o momento de encerrar essa greve”, diz Camilo sobre docentes e técnicos de universidades
Ministro da Educação afirma que Governo está aberto ao diálogo e já fez proposta inédita, contudo, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) discorda do percentual devido ao acúmulo da inflação
“Eu tenho feito um apelo. Acho que é o momento de a gente encerrar essa greve”, disse o ministro da Educação, Camilo Santana, na manhã desta sexta-feira (14), em Fortaleza, quando perguntado sobre o movimento paredista de servidores técnicos administrativos (TAEs) e professores de universidades públicas federais.
A declaração ocorreu em coletiva de imprensa durante o lançamento de editais para a construção de mais 38 escolas de Ensino Médio em Tempo Integral no Ceará, no Palácio da Abolição.
Para o titular do MEC, a greve - que já dura três meses para os TAEs e dois para os docentes - “não deveria ter acontecido”. Segundo ele, o Governo Federal sempre esteve aberto às negociações.
“Greve só acontece quando não há diálogo. Os servidores públicos federais passaram 6 anos com reajuste zero. No primeiro ano do Governo Lula, ele dá [reajuste de] 9%, o dobro da inflação, e abre todas as mesas de negociação”, argumenta. “Após essas negociações, nunca, em nenhum governo, se fez uma proposta como se fez agora, tanto para docentes como TAEs”.
Segundo o ministro, o aumento que será anualizado até 2026, somados aos 9% garantidos no ano passado, varia de 23% a 43% para docentes e de 24,5% a 46% para técnicos. Apesar de receber representações sindicais, ele lembra que a negociação está a cargo do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), sob comando de Esther Dweck.
“Eu tenho feito um apelo. Acho que é o momento de a gente encerrar essa greve. Acho um avanço importante que a categoria conquistou”, pondera.
Camilo ainda aponta que, além do aumento do custeio ampliado em cerca de R$750 milhões para instituições de Ensino Superior, Lula anunciou mais R$5,5 bilhões de investimentos para as universidades e R$3,9 bilhões para os institutos federais por meio do Novo PAC. “É um esforço que o governo fez e está fazendo”, reiterou.
Veja também
Propostas recusadas
Contudo, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) estima que, na verdade, 80% da categoria docente teria uma recomposição entre 12% e 16% até 2026, conforme as últimas propostas do Governo, devido ao acúmulo da inflação. A entidade considera que "essa narrativa de 30% de reajuste é uma falácia".
A proposta que o Andes defende é um reajuste parcelado de 3,69% em 2024; 9% em janeiro de 2025 e 5,1% em 2026. Até o momento, o Governo apresentou proposta de 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026. Na manhã desta sexta, o Comando de Greve esteve novamente reunido com representantes do Governo, em Brasília.
A decisão final sobre o fim do movimento será feita após assembleia com os comandos nacionais de greve. Docentes de universidades cearenses devem se reuniram tarde de hoje para receber os novos informes e avaliar as propostas e definiram que a greve continua.
Na reunião, que foi nacional, os servidores reconheceram a disposição dos ministérios da Gestação e da Inovação em Serviços Públicos, e o da Educação, em negociar as demandas. Entretanto, para eles ainda há insatisfação com as propostas. Não foi apresentada proposta de reajuste salarial, conforme o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes).
Apesar de reunião com os TAEs na última quarta (12), os técnicos seguem em greve porque consideraram os termos insuficientes. As entidades devem encaminhar resposta ao governo na próxima semana.