Apesar da crise, Ceará gera 871 postos formais em agosto

Em um ano marcado por seguidas retrações no mercado de trabalho, o Estado teve crescimento sutil no mês passado

Escrito por Áquila Leite- Repórter ,
Legenda: Em agosto, o saldo positivo do Ceará foi alavancado, sobretudo, devido ao bom desempenho da agropecuária, que gerou 1.881 novos postos no Estado, fruto de contratações para o período irrigado
Foto: Foto: Kid Júnior

O ano de 2015 não tem trazido muitas alegrias para o trabalhador brasileiro, já que a instabilidade política e econômica, inflação elevada e as incertezas que assolam o País impactam bastante no mercado de trabalho. Inevitavelmente, o Ceará também se encontra dentro deste cenário, porém, pelo menos em agosto, os empregados cearenses conseguiram respirar um pouco. É que no mês passado o Estado gerou 871 novos postos formais, um crescimento sutil (0,07%) em seu estoque de assalariados, mas, ainda assim, um avanço.

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O crescimento no saldo de empregos celetistas registrado no Ceará foi fruto de 42.611 contratações ante 41.740 demissões em agosto, apontou ontem o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A geração de novos postos no Estado acabou indo na contramão da tendência nacional, posto que o Brasil eliminou mais de 86 mil vagas formais no período - o pior resultado para o mês desde 1995.

"O fato de não termos fechado mais um mês no vermelho é positivo, ainda mais porque existe uma tendência de encolhimento do mercado de trabalho formal. Ainda assim, o resultado de agosto deste ano ilustra perfeitamente o cenário ruim que estamos passando, tendo em vista que, no mesmo período de 2014, o crescimento no Ceará foi de 9.517 novos postos", afirma o coordenador de estudos e analista de mercado do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), Erle Mesquita.

De fato, apesar do saldo positivo, o resultado do Ceará em agosto foi o pior para o mês desde 2003 - último ano disponibilizado na série histórica do MTE. "No segundo semestre muitos setores tendem a ter um dinamismo maior, o que impulsiona a geração de novas vagas. Em 2015, porém, isso não tem impactado tanto", diz Mesquita.

13 mil eliminados no ano

Mesmo com o Ceará registrando saldo positivo em agosto, no acumulado do ano a situação dos trabalhadores cearenses não é nada animadora. Conforme o Caged, na série ajustada, que incorpora as informações declaradas fora do prazo, houve decréscimo de 13.604 postos no Estado nos oito primeiros meses de 2015. "Isso mostra que, de uma maneira geral, temos seguido a tendência nacional de encolhimento no mercado de trabalho", lamenta o analista do IDT.

Para Mesquita, há uma necessidade muito grande do poder público, empresários e trabalhadores discutirem saídas para a atual situação, tendo em vista que todos saem perdendo. "Se não há espaço para novas oportunidades, que haja pelo menos a possibilidade de manter quem já está empregado. A rotatividade no Ceará é muito elevada. Todo mês as empresas demitem muito e contratam muito. Isso acaba prejudicando a qualidade do trabalho prestado, pois poucos se alongam na prática", alerta.

Setores em evidência

Ao longo deste ano, diversos setores tem se destacado no mercado de trabalho, seja para o bem ou para o mal. Em agosto, por exemplo, o saldo positivo do Ceará foi alavancado, sobretudo, devido ao bom desempenho da agropecuária, que gerou 1.881 novos postos no Estado. O setor de serviços (890 empregos) também se destacou. "No caso da agropecuária, apesar da grande informalidade da atividade, nota-se que nesta época se contrata muito por conta do período irrigado", diz o analista do IDT.

A indústria, por sua vez, vive sua pior fase nos últimos anos. Somente em agosto, 1.189 postos formais foram fechados no Ceará, o que aumenta ainda mais o péssimo desempenho do setor em 2015, posto que já eliminou 8.613 empregos celetistas nos oito primeiros meses do ano. "As grandes perdas do mercado de trabalho cearense são oriundas do setor industrial. Para se ter uma ideia, 63% das vagas fechadas até o momento no Estado vêm da atividade", ressalta Erle Mesquita. "São nove meses consecutivos de queda no setor. Não está nada bom", completa.

Um dos principais setores no mercado de trabalho do Estado, o setor de serviços está praticamente estável neste ano, tendo gerado 890 novos postos em agosto, mas acumulado queda de 350 empregos celetistas em 2015. Outros grandes empregadores, a construção civil e o comércio também estão com balanços negativos neste ano. Agropecuária e administração pública são as únicas atividades que, até o momento, não estão no vermelho no Ceará.

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