Trabalhadores da Cultura de Fortaleza voltam a questionar gestão da Secultfor
Na segunda carta em sete meses da gestão de Elpídio Nogueira, artistas, produtores e técnicos cobram ações de planejamento por parte da secretaria
A Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor) retorna negativamente ao debate público. Na última quarta-feira (28), artistas, produtores e técnicos entregaram uma nova carta com reivindicações à pasta.
Dezoito organizações civis do campo cultural assinam o documento. É a segunda tentativa de diálogo por parte dos trabalhadores do setor com a pasta.
Representantes reforçam que a crise do meio cultural agravou-se ainda mais com a pandemia. Sem trabalho, esta cadeia produtiva segue desamparada.
Em nota, a Secultfor diz que responderá os questionamentos por meio de ofício até o dia 6 de agosto.
O vereador Elpídio Nogueira (PDT) assumiu o cargo em janeiro. Em sete meses de trabalho, a gestão é continuamente alvo de críticas. Ausência de diálogo e transparência quanto ao planejamento da pasta incomoda representantes da área cultural.
Contendo 26 medidas urgentes, a carta produzida por membros de diferentes linguagens artísticas pede apoio em relação a "ações emergenciais" (como cesta básica, auxílio emergencial), "fomento", "formação", "programação" e "políticas culturais".
Sem estratégia
"Um fator primordial à carta é a falta de um planejamento apresentado pela secretaria", defende o ator e representante do Fórum de Linguagens de Fortaleza, Raimundo Moreira.
Ele pondera que ações isoladas chegaram a ser realizadas pela Secultfor, mas sem uma organização estratégica, envolvendo a participação do campo artístico da cidade.
"Não contempla a sociedade civil com uma política consistente para a sétima maior capital do País. Você não sabe qual o orçamento, o que vai ser feito, qual é o planejamento para os próximos quatro anos, ou seja, muitas coisas para acontecer e você não sabe por onde começar", argumenta Moreira.
Primeiro alerta
Em abril, o sinal de alerta foi ligado em relação à Secultfor. Foi quando a primeira carta aberta foi entregue com 10 cobranças. Desde janeiro sem trabalhar, grupos de Maracatu de Fortaleza cobraram apoio em junho último.
Para o integrante do Fórum de Linguagens de Fortaleza, William Pereira Monte, nada mudou desde a entrega da carta em abril. "Vemos o secretário até então não ter apresentado nenhum projeto para a pasta, no sentido de como ele vai desenvolvê-la".
Atuante nas redes
Médico e irmão do prefeito Sarto, Elpídio Nogueira assumiu o cargo após passagens pela pasta do Turismo e pela Secretaria de Direitos Humanos e Desenvolvimento Social. Ativo nas redes sociais, o secretário costuma divulgar atividades ligadas ao mandato em sua conta pessoal de Instagram.
Somente no mês de julho, o gestor realizou nove publicações que mostram encontros e até reuniões realizadas no gabinete.
William Pereira Monte considera que a Secultfor possui equipe capaz de pensar atividades próprias, mas critica a postura do mandatário.
"Começamos a entender que há um deslocamento mesmo, a falta de entendimento da realidade - sobre como ele pegou essa pasta, de onde veio essa pasta, como ela foi construída, onde ela atua e, se atua num campo específico, como a podemos ampliar", analisa.
Lei nota da Secultfor na íntegra:
"A Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor) informa que tem empreendido esforços, diante do cenário de pandemia, para atender as demandas da classe artística e da população em geral. As políticas públicas de Cultura de Fortaleza estão sendo executadas, embora com as dificuldades comuns de todos os outros segmentos, devido à calamidade pública provocada pela pandemia da Covid-19. A Secultfor responderá as questões levantadas no documento, por meio de ofício, até a próxima sexta-feira (06/08), respeitando o fluxo processual do órgão".