Renda, barro, cerâmica e couro: onde comprar artesanato em Fortaleza

Feirinha da Beira Mar, Mercado Central, Emcetur, Ceart e Loja do Bem são alguns dos pontos de venda e exposição dos produtos de artistas locais

Escrito por Lívia Carvalho , livia.carvalho@svm.com.br
Legenda: CeArt é um dos polos de venda de artesanato em Fortaleza
Foto: Fabiane de Paula/SVM

Terra de criatividade, o Ceará é reconhecido pelas riquezas artesanais. Seja com a cerâmica, a renda ou o barro, a expressão artística é muito forte e valorizada mundo afora com nomes consagrados como Mestre Espedito Seleiro, Boni e Maria do Socorro Nascimento (Corrinha).  

Para além da arte, os produtos viraram fonte de renda de milhares de famílias cearenses, já que caiu no gosto tanto de pessoas locais quanto de turistas. No mês de férias, é possível ver os polos de vendas desses artigos bastante movimentados.  

Jéssica Mendes nasceu em Pernambuco, mas mora em Portugal e não vinha ao Brasil há mais de 20 anos. Aproveitando férias para rever a família que mora em Fortaleza, ela aproveitou para passar pelo Mercado Central para garantir lembrancinhas para os familiares que ficaram no país.  

"Voltamos pra ver a família e estamos aqui no Mercado Central pra procurar lembranças pra levar pra Portugal e relembrar desse momento”. 

Onde comprar artesanato em Fortaleza  

Angélica Artesanatos 

Com lojas no Centro de Fortaleza, Angélica Monteiro evidencia o trabalho de artesãos nordestinos há mais de 20 anos. O catálogo traz uma infinidade de opções, desde souvenirs mais simples a obras esculturais para quem coleciona arte.  

Legenda: A loja tem muitas opções de artigos artesanais do Nordeste
Foto: Fabiane de Paula/SVM

As obras são de mais de 800 artesãos, de acordo com a vendedora Cláudia Nogueira. Na loja, é possível encontrar tanto peças assinadas de artistas como Patrícia Barros (PE), Espedito Seleiro (CE) e do Centro Cultural Mestre Noza, quanto as produzidas em cooperativas. 

Apesar de ainda ter um público turístico forte, Cláudia afirma que o perfil do cliente mudou depois da pandemia. Hoje, há uma maior procura desses artigos regionais por decoradores e arquitetos para compor a decoração de restaurantes e outros projetos arquitetônicos.  

Legenda: Angélica Artesanatos tem várias opções de esculturas, tanto feitas de barro quanto de madeira
Foto: Fabiane de Paula/SVM

“Nós precisamos manter a cultura popular, nordestina viva e a gente precisa ter consciência porque o artesão é vocacionado e, a partir do momento que não se tem essa valorização, se perde. Então, é um processo que tem de começar dos pequenos, e chamar o povo pra vir pro Centro, ver artesanato, as produções da nossa terra”, destaca Angélica. 

Serviço: Lojas de rua (Tv. Crato, 18 - Centro) e no Mercado Central (Av. Alberto Nepomuceno, 199 - Centro). Funcionamento de segunda a sexta-feira, de 8h às 17h, e sábado, de 8h às 15h. Mais informações (85) 3109-0119 

Mercado Central  

Loja Dragão do Mar  

Legenda: Artigos de palha, esculturas decorativas, chaveiros e ímãs podem ser encontrados na loja Dragão do Mar
Foto: Fabiane de Paula/SVM

Um dos principais polos de venda de artigos regionais, o Mercado Central é o local ideal para quem deseja adquirir redes, bordados, artigos de cama e mesa e mais. Uma das lojas por lá é a Dragão do Mar que vende artesanato, bolsas, colares, bonecas, entre outros.  

A vendedora Carla Maciel explica que os produtos vêm todos de regiões diferentes do Ceará, feitos por artesãos. 

Os produtos são comprados, em sua maioria, por turistas e o preço dos artigos varia. “A gente vai ter bonecas namoradeiras, um item que sai bastante, de barro e de louça, tem a partir de R$ 10 até R$ 300”.  

Legenda: Esculturas decorativas, lembrancinhas são itens bastante procurados
Foto: Fabiane de Paula/SVM

Emilly e Artesanatos 

Outra opção é a Loja Emilly e Artesanatos com artigos artesanais produzidos por cerca de 100 artesãos cearenses.  

Legenda: Loja Emilly e Artesanatos vende diversos artigos produzidos manualmente
Foto: Fabiane de Paula/SVM

“A gente recebe mais turista que o pessoal da nossa própria terra mesmo. Nosso Mercado Central não é tão divulgado, mas a gente recebe bastante turista”, conta Michael Firmino, vendedor da loja, sobre o perfil do cliente.  

De acordo com Michael, o chaveiro regional é um dos itens mais procurados, mas todos os produtos saem bem e na mesma proporção. Na loja, ainda é possível encontrar xícaras, esculturas de barro, imagens de santo, esculturas de búzios, garrafinhas com areia colorida e muito mais. 

Legenda: Tartarugas feitas de búzios são encontradas na loja Emilly
Foto: Fabiane de Paula/SVM

Mg Bordados 

De fabricação própria e empresa familiar, a Mg Bordados trabalha com artigos de cama, mesa e banho. Elijeferson Araújo diz que a aposta maior da empresa são os itens de mesa posta, como jogos americanos bordados e de richilieu, guardanapos de pano.  

Legenda: Mg Bordados vende artigos de cama e mesa no Mercado Central
Foto: Fabiane de Paula/SVM

“Vendemos muito jogo americano, toalha de mesa, e nesse ano começamos também a entrar na tendência de mesa posta em richilieu trazendo essa tradicionalidade do nordeste pra outros estados como Goiânia, São Paulo”. 

Além das vendas locais, a Mg Bordados vende em atacado para outros estados do Brasil, onde a cultura da mesa posta é mais forte.  

Os preços variam conforme os detalhes da peça, há jogos americanos a partir de R$ 10 a unidade até R$ 70. Fronhas bordadas, por sua vez, custam a partir de R$ 140.  

Legenda: A loja tem apostado no segmento de mesa posta com bordados e renda
Foto: Fabiane de Paula/SVM

Dennys Bastos  

Legenda: No Mercado Central, loja de Dennys Bastos tem várias opções de caminhos de mesa
Foto: Fabiane de Paula/SVM

Há quase 50 anos atuando no Mercado, Dennys Bastos mantém uma loja de artigos de mesa e cama bordados e de diversos pontos de renda, como filé e labirinto.  

“Todos os produtos de cama e mesa vendem muito bem, mas tudo depende da região, tem gente que vem que quer comprar o crochê, outras que adoram renda filé, outras a renascença”.  

A produção é própria, feita por uma equipe de bordadeiras do interior do estado e os preços dos jogos de mesa, por exemplo, variam entre R$ 5 a R$ 20. Dennys conta ainda que há uma grande demanda de revenda por pessoas de Maceió e Maranhão.   

Legenda: Panos de prato, porta-papel higiênico estão entre os itens vendidos
Foto: Fabiane de Paula/SVM

Airton Artesanato  

Na loja de José Airton Bezerra, também no Mercado, é possível encontrar bolsas, artigos de couro e de palha, a maioria é feita no Ceará mesmo. “As bolsas de palha vêm de Aracati, Itaiçaba, é onde fazem porque a palha da carnaúba vem de lá”, explica.  

Legenda: Bolsas de couro são produzidas em Fortaleza, já as de palha em Aracati
Foto: Fabiane de Paula/SVM

O turista em geral compra bastante, segundo o empreendedor, sobretudo de São Paulo, Rio de Janeiro e Pará. Os valores das bolsas variam, as de tamanho pequeno de palha custam em média R$ 35.  

Os artigos de couro, por sua vez, são feitos em Fortaleza e em Juazeiro do Norte. Algumas mercadorias são trazidas da Bahia. De acordo com Airton, os chapéus mais vendidos são os chamados ‘lampião, bem típicos do Nordeste.   

Legenda: Um dos itens mais vendidos na Airton Artesanatos é o chapéu de 'Lampião'
Foto: Fabiane de Paula/SVM

Serviço: Mercado Central de Fortaleza (Av. Alberto Nepomuceno, 199 - Centro). Funcionamento de segunda a sexta-feira, de 8h às 18h, sábado, de 8h às 17h, e domingo, de 8h às 13h. Mais informações (85) 3454-8586 

Centro de Turismo do Ceará (Emcetur) 

Criações Juriti  

O Centro de Turismo do Ceará (Emcetur) é outro espaço que abriga lojas de diversos empreendedores e artesões locais, localizado no centro de Fortaleza. O maior foco é para artigos de cama, mesa e roupas de renda.  

Legenda: Criações Juriti é especialista em roupas em renda renascença
Foto: Fabiane de Paula/SVM

Uma dessas lojas é a Criações Juriti que está há 30 anos no espaço e é especialista em renda renascença. Eliane Costa detalha que uma parte dos itens vendidos é feita aqui, especialmente o rechilieu, já a renascença é toda feita no interior de Pernambuco.  

Além da venda na loja, Eliane conta que também faz vendas online para todo o Brasil e sob encomenda. No local, é possível encontrar roupas para crianças e adultos, enxoval de bebê e mais.  

Legenda: Loja produz roupas tanto para crianças quanto para adultos
Foto: Fabiane de Paula/SVM

Mandacaru – TS 

Também no Emcetur, a loja Mandacaru – TS, sob o comando de Tarcila Silveira, vende artigos de cama e mesa, além de roupas, produzidos em renda.

Legenda: Produções são feitas de renda renascença, de crochê e outras técnicas
Foto: Fabiane de Paula/SVM

“Trabalho aqui há 50 anos, sou artesã, mas nem todo produto é produção minha. Nós trabalhamos com diversos artesãos porque cada região tem seu grupo, sua atividade”, explica.  

O conhecimento foi repassado por gerações, Tarcila conta que aprendeu a técnica ainda criança com a bisavó, a avó e a mãe.  

"Eu trabalho com rendas diversas, renascença, de bilro, o crochê que lembra muito nossas avós, bisas. Cada renda tem uma técnica e um material, então o preço depende. Também trabalho sob encomenda”.  

Legenda: Tarcila aprendeu a rendar com a bisavó aos cinco anos
Foto: Fabiane de Paula/SVM

Serviço: Emcetur (Rua Senador Pompeu, 350 – Centro). Funcionamento de segunda a sexta-feira, de 8h às 17h, sábado, de 8h às 15h, e domingo, de 8h às 12h. Mais informações: (85) 3452-3020 

Central de Artesanato do Ceará (CeArt)  

Política pública do Ceará, a CeArt fomenta e protege o trabalho dos artesãos cearenses e virou, inclusive lei estadual em 2021. Com ela, os artigos produzidos recebem um selo para garantir que são genuinamente artesanais, além de elencarobjetivos, eixos e ações para promover a melhoria da produção artesanal e da qualidade de vida do artesão cearense. 

Legenda: Artes em cerâmica, barro ou couro podem ser encontradas na CeArt
Foto: Fabiane de Paula/SVM

A gerente de comercialização da CeArt, Germana Mourão, explica que os polos funcionam a partir do Fundart (Fundo Especial para o Desenvolvimento da Produção e Comercializa­ção do Artesanato Cearense), um fundo criado por Luiza Távora em 1979 para desenvolvimento da produção e comercialização do artesanato. 

Dessa forma, os produtos já são comprados diretamente dos artesãos credenciados e passam a ser comercializados nas lojas CeArt. O valor das vendas é direcionado para o Fundart para que novos artigos sejam comprados direto do produtor. 

Por lá, há artigos de cerâmica, barro, palha, couro e mais, com obras assinadas por vários artistas consagrados do Ceará, como Josimara Lima de Araújo, Boni, Luís Pereira (Aluisio). 

Legenda: Produções de Espedito Seleiro são vendidas na CeArt
Foto: Fabiane de Paula/SVM

"Eu acredito que esse trabalho tem que ser respeitado, cuidado, continuado para manter essa memória viva, porque é a nossa cultura", destaca Germana.. 

Serviço: CeArt (Av. Santos Dumont, 1589 - Aldeota). Funcionamento de segunda-feira a sábado, des 8h às 19h. Mais informações (85) 99247-4080 

Loja do Bem  

Iniciativa sem fins lucrativos do Iguatemi Bosque, a Loja do Bem serve como ponte para o trabalho de mais de 600 artesãos de 50 municípios do Ceará, em que todo o valor da venda é repassado aos produtores.  

Legenda: Santinhos de crochê são itens bastante procurados na Loja do Bem
Foto: Thiago Gadelha/SVM

Marcos Brito, vendedor da loja, conta que os produtos mais saem são santos de crochê, mesas, centro de mesa, toalha de mesa, mas que depende muito da ocasião e da época do ano. “Saem muito as peças do Seu Rabelo, do Seu Espedito Seleiro, André Cardoso”.   

Com foco em dar visibilidade e valorizar o trabalho manual, as etiquetas dos produtos contêm informações sobre o artesão que a produziu e o município de onde vem.  

Legenda: Loja do Bem serve como ponte entre artesãos e clientes
Foto: Thiago Gadelha/SVM

Serviço: Iguatemi Bosque (Av. Washington Soares, 85 - Edson Queiroz). Funcionamento de segunda-feira a sábado, de 10h às 22h, e domingo, de 13h às 21h. Mais informações (85) 99113-3001 

Feirinha da Beira Mar  

Box 110 

Outro espaço bastante tradicional para a compra de artigos manuais em Fortaleza é a Feirinha da Beira Mar. Revitalizada, a feirinha ganhou nova estrutura com boxes fixos para maior comodidade dos permissionários. Verônica Alves trabalha há 30 anos na feira e há cinco com a venda de artesanato.

 

Legenda: Na Feirinha da Beira Mar, é possível encontrar vários souvernirs regionais
Foto: Thiago Gadelha/SVM

"Vendo esses produtos bem típicos que representam nossa terra, ímãs. Lembranças no preço bom que o cliente quer levar pra vários familiares". 

Parte dos artigos são fabricados por ela mesma e outra parte vem de fabricantes locais. "Artesanato quem gosta mais é o turista, de fora mesmo, pessoal local até se surpreende quando vem", afirma. 

Legenda: Xícaras coloridas também fazem sucesso entre os turistas
Foto: Thiago Gadelha/SVM

Os valores dos produtos variam, os ímãs de geladeira, por exemplo, são vendidos quatro unidades por R$ 10. É possível adquirir ainda porta-joias de madeira coberto com búzios, porta-chaves, copinhos pintados à mão e mais. 

Box 205 

João Rodrigues também é permissionário na Beira Mar há 40 anos. Em seu box, é possível encontrar artigos para mesa, como jogos americanos, panos de prato, caminhos de mesa e mais, produzidos em renda ou com aplicações de bordados. 

Legenda: Na Beira Mar, também tem artigos de mesa, como jogos americanos, caminhos de mesa, toalhas e mais
Foto: Thiago Gadelha/SVM

De acordo com João, os produtos vêm do interior do estado. "Uma parte de Itapajé, os produzidos com ponto cruz vem da serra, depende da tipologia da região". 

A média de preço do kit com seis peças de mesa posta é R$ 120, já a unidade sai a R$ 12.

Box 217  

As bolsas de palha não ficam de fora da feirinha. No box 217, de Ivoneida Rios, tem opções feitas com palha de carnaúba e com buriti. 

"Trabalho aqui há 40 anos, fabrico uma parte das bolsas e outras trago do interior de Aracati. Tenho uma equipe pequena que fabrica comigo", afirma. 

Legenda: Bolsas de palha de fabricação própria são vendidas por permissionários na feirinha da Beira Mar
Foto: Thiago Gadelha/SVM

Os valores também variam conforme o trabalho, tem bolsa de R$ 20, R$ 40, R$ 60, R$ 65. O turista, de acordo com Ivoneida, é seu maior comprador, mas há uma alta demanda pela venda em atacado. 

Serviço: Beira-Mar (Av. Beira Mar, 2800 – Meireles). Funcionamento de segunda-feira a domingo, de 16h às 22h. Mais informações (85) 98769-8445 

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