Imagem importa: O movimento antimoda dos 'gênios' do Vale do Silício chega ao fim
O rebranding dos donos das Big Techs para se tornarem magnatas da tecnologia.
Steve Jobs fez escola ao instituir para si mesmo um uniforme, um mesmo look para todos os dias e ocasiões, com o intuito de reduzir o número de decisões que tinha que tomar pela manhã, e para se concentrar no trabalho.
Mas não se enganem: a roupa “modesta” e casual, era desenhada por ninguém mais, ninguém menos que o estilista japonês Issey Miyake. É até engraçado falar disso, porque enquanto ele tomou essa decisão, o suéter que ele usa sempre foi especialmente feito e selecionado dentre tantos por pessoas altamente capacitadas para isso - e quem diz isso nem sou eu, mas Miranda Priestly, em “O Diabo Veste Prada”.
Veja também
Essa abordagem fez fãs e outros grandes nomes da tecnologia adotaram essa mesma política, como Mark Zuckerberg e Jeff Bezos. É importante pontuar aqui que não escolher também é uma escolha. Iniciar esse movimento “antimoda” pode até ter seus benefícios, mas isso não significa que eles não comunicam nada.
Quando falamos da nossa comunicação visual, tudo (absolutamente tudo) fala por nós. A questão é aqui é: estamos comunicando exatamente o que queremos?
Então, não era de se espantar que com o tempo e com o avanço dessa onda conservadora no mundo, esse movimento perdesse momentum. Eles cresceram, eles são bilionários, homens brancos muito poderosos que andam com outros homens grandes, brancos e mais poderosos ainda. Eles precisam falar de igual para igual agora.
E, bom, além de tudo, o minimalismo, o old money, tá na boca e no armário do “povão”, não é mesmo? Esse estilo que quer muito se igualar ao quiet luxury atingiu as classes mais baixas, o que o rico precisa fazer agora pra se destacar? Ir pelo caminho contrário. Essa falsa humildade não combina mais com esses magnatas forjados na era Trump.
Essa imagem descolada, colorida e criativa, é só um objeto brilhante para desviar nossa atenção. É uma estratégia muito bem calculada de renovar a imagem deles e das empresas - e, diga-se de passagem, muito bem executada.
Prestem atenção, quando esses homens brancos muito ricos começam a se portar e se vestir como imperadores, precisamos ficar muito atentos. Não é uma tendência, é um aviso e, dessa vez, ele não vem em forma de fardamento desenhado pelo Hugo Boss.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora