Abaixo às regras de estilo: o que funciona para você?

Quando falamos de estilo pessoal, um dos maiores desafios que muitas pessoas enfrentam — especialmente quem tem o corpo maior — é lidar com as inúmeras “regras” que o mundo da moda impõe

Legenda: Você consegue estar elegante, criativa, moderna, sensual, sem abrir mão do conforto
Foto: Shutterstock

Não existe um manual universal de estilo que sirva para todo mundo. Sim, existem os 7 estilos universais, existe o que as pessoas acreditam que representa uma pessoa elegante e tantas outras regrinhas que só confirmam o que toda mãe já disse, pelo menos, uma vez na vida: você não é todo mundo.

A moda, no seu cerne, é uma forma de expressão pessoal. Um posicionamento político. Uma declaração de liberdade. Qual o sentido de seguir regras que não fazem sentido para nossa realidade? As roupas devem ser uma ferramenta para nos comunicar com o mundo da maneira mais verdadeira possível, e não uma obrigação de se encaixar em padrões de beleza irreais e excludentes.

Parem de romantizar a obesidade!

É isso que gritam aos quatro ventos quando veem uma pessoa gorda vivendo, exigindo caber nos espaços e lutando pelo seu direito de viver. Será se existe mesmo essa romantização toda que falam?

Legenda: Quantas vezes você viu o corpo gordo ser reverenciado?
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Desde quando eu comecei a vivenciar o ambiente online como uma pessoa gorda profissional e ativista, vejo por aí pessoas (normalmente, magras e mais normalmente ainda, homens) esbravejando que ser uma pessoa de corpo maior, com volume e mais gordura é romantizar a obesidade.

A obesidade é uma condição com Classificação Internacional de Doenças (CID), então falam que viver esse corpo aqui que eu tenho, falar sobre ele e exigir espaço é tornar natural uma condição muito grave de saúde. Tudo num tom de “tudo bem você ter esse corpo que me incomoda tanto, mas já que você o tem, por gentileza, trate de mudar urgentemente”.

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O que é a obesidade, de fato? De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma pessoa tem obesidade quando o Índice de Massa Corporal (IMC) é maior ou igual a 30. Além dessa conta matemática, ela é considerada uma doença crônica e multifatorial, ou seja, fatores genéticos, ambientais, sociais e emocionais também estão envolvidos nesse diagnóstico.

No site oficial do Governo Federal, há uma notícia que fala especialmente da obesidade, onde a médica endocrinologista Danielle Ezequiel fala que além de estimular os pacientes com hábitos saudáveis, precisa-se também da quebra de tabus e preconceitos para que esses pacientes com obesidade sejam atendidos e acolhidos. Em outras palavras (nas minhas, no caso): não é só uma questão de fechar a boca.

Agora eu te convido a pensar na história, quantas vezes a gente viu o corpo gordo ser cultuado na história? Talvez na Renascença e Idade Média, quando ele era considerado um corpo fértil e sinônimo de riqueza. Após isso, quantas vezes você viu o corpo gordo ser reverenciado?

Quantas vezes você viu pessoas gordas serem destaque em posições de liderança, nas artes, nas mídias, com o passar dos anos? Pois é.

Vamos falar da atualidade? Dizem que estamos sofrendo uma “pandemia” da obesidade. Será? Em uma passeada pelas redes sociais vemos todo o tipo de notícia, desde as mais “inocentes” sobre como conquistar o shape do verão até as mais absurdas e perigosas, como os comprimidos com ovos de tênia para ajudar no emagrecimento.

Conteúdos sobre jejum intermitente, sobre comer de forma não saudável com o fim de provocar uma diarreia ou vômito, comemorar ser acometido por uma virose rodam as redes sociais como alternativas em busca de um corpo magro.

As pessoas deliberadamente se adoecem e fazem apologia às doenças graves, transtornos alimentares, em busca de um corpo “ideal”, tamanha é a opressão midiática e social para tal.

Enquanto isso, nunca vimos qualquer notícia sobre conquistar as dobrinhas perfeitas para o verão, sobre como ter a “pochetinha” ou celulites tão desejadas, muito menos os 10 alimentos perfeitos para a sua “dieta da engorda”.

Quem realmente tá romantizando alguma coisa aqui? Eu tenho certeza que não sou eu.

Mas, se satisfaz alguém aí, posso confessar esse crime horrível que cometo: se lutar por acesso, se falar de autoestima e saúde sem focar em um corpo magro, e colocar pessoas gordas como protagonistas for romantizar a obesidade… Tudo bem, eu romantizo mesmo.

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora

 



A primeira coisa que você deve entender sobre estilo é que ele não é uma fórmula matemática. No entanto, vocês também já devem ter ouvido muito: estilo não tem tamanho nem idade… mas a gente sabe que tem, né? Se o mundo fosse tão lindo e colorido assim, a gente não estaria aqui brigando com gordofobia e o etarismo, por exemplo.

Mas, ainda assim, na medida do possível, as roupas que você usa devem refletir quem você é, como você se sente e o que deseja expressar naquele momento.

Se existe alguma regra a ser seguida, é essa: escolha o que funciona para você.

Nada é mais libertador do que se permitir experimentar. Esqueça por um momento qualquer noção do que “deveria” ficar bem e se concentre no que você realmente gosta. Às vezes, a peça que você pensa que não vai funcionar pode ser exatamente aquilo que você precisa para se sentir incrível, e a única maneira de descobrir se algo funciona é experimentar.

O corpo gordo tem sido, por muito tempo, estigmatizado pela indústria da moda. O estilo não precisa ser uma tentativa de se encaixar em moldes — ele deve ser uma celebração da nossa diversidade. O segredo não está em seguir regras impostas: seu estilo é seu, e ele deve ser tão único quanto você.

Por isso, que é importante falarmos que ter estilo não significa abrir mão do conforto e que querer estar confortável não é um estilo. Se sentir confortável, fisicamente e emocionalmente, é o mínimo. É o que todo mundo quer, é o que a gente busca o tempo inteiro. Você consegue estar elegante, criativa, moderna, sensual, sem abrir mão dele. Uma mulher confortável, é uma mulher empoderada.

Da próxima vez que alguém te disser que uma peça não é adequada para o seu corpo ou que usar peça X não é o “melhor para você”, lembre-se de que não há limite para o que você pode usar. O estilo é seu, o corpo também - tudo deve ser como você escolhe.

*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora

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