‘Primeiro Dia de Pai’: exposição fotográfica mostra primeiro encontro entre pais e filhos

Registros feitos pela fotógrafa cearense Roberta Martins estarão em mostra gratuita na Estação das Artes até o próximo domingo (11)

Escrito por Ana Beatriz Caldas , beatriz.caldas@svm.com.br
Mostra reúne 21 fotografias documentais de partos feitos no Ceará
Legenda: Mostra reúne 21 fotografias documentais de partos feitos no Ceará
Foto: Roberta Martins

Há quem diga que os pais costumam se tornar pais no momento em que veem seus filhos pela primeira vez. Em alusão ao Dia dos Pais, celebrado no próximo domingo (11), a Estação das Artes recebe uma mostra fotográfica que reúne 21 desses momentos especiais, capturados pela fotógrafa cearense Roberta Martins, especialista em fotografia de parto e família.

A exposição “Primeiro Dia de Pai” será exibida nas TVs da galeria da entrada do complexo cultural a partir desta quinta-feira (08) e segue com acesso gratuito até o Dia dos Pais. A curadoria das imagens – todas feitas no Ceará, entre 2019 e 2024 – foi feita pelo fotógrafo paulista Thiago Gimenes, e busca sensibilizar a sociedade para o exercício de uma paternidade afetiva e participativa.

Registros mostram momentos de formação de vínculo entre pais e filhos, como o
Legenda: Registros mostram momentos de formação de vínculo entre pais e filhos, como o "pele a pele" após o parto. Na foto, Robson Silva e a filha, Bella Liz
Foto: Roberta Martins

“Quando os pais estão ali presentes, envolvidos com todo o processo, a experiência – tanto da mulher quanto do pai – é diferente. Você percebe isso quando o bebê nasce, que é uma experiência muito mais potente, ampliada, independente da via do parto”, explica Roberta Martins.

A fotógrafa, que também é doula e ativista pelo parto humanizado, explica que a exposição tem como objetivo contribuir com uma melhor experiência de parto para as mulheres e a formação de vínculos mais fortes nas famílias.

“Todas as histórias que estão ali são histórias de pais realmente envolvidos com a jornada de trabalho de parto e nascimento. São pais que imprimiram apoio, companheirismo e desejo de estar, desejo de participar e de receber esse bebê de uma forma mais calorosa, mais humana, mais presente”, destaca.

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Essa será a segunda mostra de Roberta focada na paternidade – já que, geralmente, suas exposições têm como protagonistas as mulheres. A primeira, intitulada “Colo de Pai”, ocorreu em 2016, no Hospital São Camilo. 

Para a fotógrafa, a oportunidade de expor alguns de seus registros na Estação das Artes, para um público mais amplo e diverso, é “um grande presente”. “A gente vai ter diversos tipos de famílias circulando, diversos vieses de paternidade, com a possibilidade de sensibilizar, emocionar e contribuir para uma mudança de perspectiva”, aponta Roberta.

Fotografia e luta pela autonomia feminina

Roberta Martins é fotógrafa de família há mais de uma década
Legenda: Roberta Martins é fotógrafa de família há mais de uma década
Foto: Divulgação

Formada em Serviço Social, Roberta Martins começou a trabalhar com fotografia durante a gestação da própria filha, Teodora, em 2013. Na época, à medida que pesquisava sobre experiências de parto por interesse próprio, começou a se engajar na luta pela humanização do parto e pela garantia da autonomia para todas as mulheres.

Durante a pesquisa, se deparou com fotografias e vídeos de partos humanizados que a ajudaram a entender melhor como eles funcionavam e a importância desse movimento – mas percebeu que os registros eram sempre feitos por fotógrafos de outros lugares, e que o Ceará ainda não tinha profissionais especializados em fotografia de parto.

“Fui descobrindo esse admirável mundo novo e as imagens foram muito importantes para entender a forma como eu queria parir. Ver aqueles vídeos e fotos me ajudou muito”, explica. Como já flertava com a fotografia, Roberta decidiu mudar de carreira e se dedicar ao ativismo pelo parto humanizado de maneira prática: garantindo registros documentais que ajudassem outras famílias.

“Quando a Teodora nasceu, eu entendi que precisava mostrar para outras mulheres quão transformadora era essa experiência, de ser respeitada no parto, de ter autonomia”, completa.

Para além da importância política dos registros feitos pela fotógrafa, ela destaca a carga afetiva que a fotografia documental garante – não só para mães e pais, mas também para as crianças ali registradas.

“Fotografia é para sempre, dura décadas, gerações. Com ela, você pode passar por gerações contando a história de como você foi recebido no mundo. Como sua mãe e seu pai estavam, como foi o primeiro abraço, o primeiro beijo, a primeira roupinha e a primeira vez que esteve no abraço do seu pai”, conclui.

Serviço
Exposição fotográfica “Primeiro Dia de Pai”
Onde: Entrada da Estação das Artes (rua Dr. João Moreira, 540 - Centro)
Quando: Quinta-feira (08), das 14h às 22h; sexta-feira (09) e sábado (10), das 10h às 22h; e domingo (11), das 10h às 15h
Acesso gratuito

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