Nova gestora do Instituto Dragão do Mar, Rachel Gadelha vai administrar 12 equipamentos públicos

Instituição é responsável pela administração de equipamentos estaduais da área da cultura, além do CFO. Antropóloga, com experiência em políticas públicas e culturais, a gestora avalia que o contexto da pandemia exige o desafio da renovação

Escrito por Antonio Laudenir , laudenir@svm.com.br
Rachel Gadelha é Mestre em Políticas Públicas e Sociedade na Universidade Estadual do Ceará (UECE), graduada em Antropologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP-SP). Master en Gestión Cultural pela Universidade de Barcelona (2005) e Pós-graduada em Políticas Públicas e Gestão Cultural pelo Itaú Cultural e pela Universidade de Girona (2017) e em Organização de Eventos pela Universidade Estadual do Ceará (2000).
Legenda: Rachel Gadelha é Mestre em Políticas Públicas e Sociedade na Universidade Estadual do Ceará (UECE), graduada em Antropologia na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP-SP). Master en Gestión Cultural pela Universidade de Barcelona (2005) e Pós-graduada em Políticas Públicas e Gestão Cultural pelo Itaú Cultural e pela Universidade de Girona (2017) e em Organização de Eventos pela Universidade Estadual do Ceará (2000)
Foto: Igor de Melo

Na tarde da segunda-feira (1), Rachel Gadelha foi oficialmente anunciada como diretora-presidenta do Instituto Dragão do Mar (IDM). Primeira Organização Social (OS) voltada à área da Cultura no País, o IDM é hoje responsável pela administração de 11 equipamentos públicos do Estado, a maioria do campo cultural, caso do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC), da escola Porto Iracema das Artes e do Theatro José de Alencar. A Biblioteca Pública do Estado do Ceará (Bece) também será administrada pelo IDM, garante a nova presidenta. 

A diretora-presidente assume o cargo em meio ao difícil contexto de saúde pública brasileiro. Por telefone, logo após a reunião do Conselho de Administração que oficializou seu nome, a administradora traçou um panorama dos próximos meses. “São novos tempos, novas exigências. Estou ciente. Estou no cargo com o sentimento de muita responsabilidade”, descreveu. 

Centro de Formação Olímpico (CFO) é um dos espaços administrados pelo IDM
Legenda: Centro de Formação Olímpico (CFO) é um dos espaços administrados pelo IDM
Foto: Cid Barbosa

Em novembro de 2019, o Centro de Formação Olímpica (CFO) foi incluído entre os equipamentos geridos pelo IDM, dessa vez em parceria com a Secretaria de Esporte e Juventude do Ceará (Sejuv). A Biblioteca Pública do Estado do Ceará, fechada desde 2014, com previsão de reabertura para este ano, também será gerenciada pela OS.  

Após sete anos de trabalho, o antropólogo Paulo Linhares deixou o cargo em 29 de janeiro último. Desde então, Bete Jaguaribe (diretora da Escola Porto Iracema das Artes) atuava interinamente na função. Antes da posse, Rachel Gadelha atuava como diretora de “Articulação Institucional” do IDM e estava à frente do Cineteatro São Luiz. 

Segundo o "relatório de acompanhamento dos contratos de gestão 2020", lançado em julho pela Secretaria do Planejamento e Gestão (SEPLAG), a verba destinada à manutenção destes equipamentos culturais é de R$ 53.124.137,67. A projeção da nova diretoria é dialogar para manter este orçamento igual ou quem sabe até ampliar o investimento na área. No entanto, Rachel Gadelha lembra que o cenário é difícil para todos os governos estaduais.  

Cultura na pandemia

Segundo Rachel Gadelha, seu mandato à frente do Instituto Dragão do Mar terá três eixos estratégicos de atuação. A primeira promessa é de buscar uma reforma administrava do IDM. “Ele precisa esse olhar para dentro. Como funciona. Como podemos melhorar os processos, nossos fluxos e nossa comunicação. Modernizar o modelo de gerenciamento. Todo um olhar interno e profundo que precisa ser feito. Isso pede tempo, recursos, maturação desses processos em simultâneo, caminhar”, argumenta. 

Outro campo de atuação já definida envolve a estruturação da rede de equipamentos. “Como eles dialogam entre si e podem ter uma prática mais colaborativa. Ser vistos de forma sinérgica e sistêmica. Cada qual com seu papel, ampliando o escopo e alcance”, completa a entrevistada. A terceira linha ação promete ampliar o diálogo com a sociedade. A ideia é escutar mais e ser plural. 

"Não é individual. É uma gestão afetiva e que tem que ser efetiva”, defende Rachel. 

Futuro dos equipamentos

Entre as demandas mais urgentes das próximas semanas, consta a renovação dos contratos de gestão que cada equipamento possui. Dos 11 em domínio do IDM, apenas o Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ) está no prazo de vigência do contrato (março de 2021).  

A administradora defende a busca por agilidade. “Temos que ser rápidos, estamos exatamente a formular os novos contratos, em diálogo com os equipamentos. Temos esse desafio de renovar, pois, não podemos parar”, defende. A gestora alerta que o contexto pandêmico deixa as necessidades ainda mais dinâmicas no âmbito da administração pública.  

"Todos esses desafios que seriam inerentes ao ciclo de vida do IDM, a ele se soma o contexto de pandemia. Falando com gestora, tivemos que nos reinventar. É encontrar essa relevância da cultura, num contexto objetivo de ausência de recursos", afere.  

Segundo gestora, processo para administração da Biblioteca Pública Estadual do Ceará (BECE) está em andamento. Data de abertura continua indefinida
Legenda: Segundo gestora, processo para administração da Biblioteca Pública Estadual do Ceará (BECE) está em andamento. Data de abertura continua indefinida
Foto: Thiago Gadelha

"Fui produtora cultural e sei o que é precisar de um equipamento cultural. Precisar ser compreendida no âmbito da gestão. No mestrado, estudei políticas públicas do Ceará. Dá para ter uma dimensão do que aconteceu no estado nos últimos 30 anos”, arrematou a diretora-presidente do Instituto Dragão do Mar (IDM).  

Espaços administrados pelo IDM 

Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ) (Contrato de gestão: R$ 3.525.195,67);
Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho (Contrato de gestão: R$ 1.155.073,36);
Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (Contrato de gestão: R$ 12.836.265,47);
Porto Iracema das Artes (Contrato de gestão: R$ 7.665.133,95);
Cineteatro São Luiz -  (Contrato de gestão: R$ 5.476.866,48);
Theatro José de Alencar  (Contrato de gestão: R$ 1.314.481,32);
Casa de Saberes Cego Aderaldo  (Contrato de gestão: R$  892.541,60);
Vila da Música  (Contrato de gestão: R$  1.225.474,06);
Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco -   (Contrato de gestão: R$ 6.696.470,43);
Centro Cultural Porto Dragão - (Contrato de gestão: R$ 2.336.635,33);
Centro de Formação Olímpico (CFO) -  (Contrato de gestão: R$ 10.000.000,00). 

Orçamento: R$ 53.124.137,67  

Fonte: Secretaria do Planejamento e Gestão (SEPLAG).