Em edição virtual, DFB Digifest abre espaço para discussões acerca do futuro da moda

Até dia 19 de julho, a programação conta com reformulações de concursos e prêmios, desfiles virtuais, palestras e bate-papos

Escrito por Redação ,
Foto: Nicolas Gondim para Gisela Franck / Modelo: Kim Akerman

Esperança e coragem. No momento, estes são dois dos atributos indispensáveis para lidarmos com a crise do novo coronavírus no mundo e todos os impactos que vêm com ela, em menor ou maior escala. Na moda, não poderia ser diferente. A maneira tradicional de trabalhar a indumentária há muito vem sendo contestada. A função do calendário e dos desfiles, os excessos provocados pelo próprio mercado e a relação pessoal com o consumo são alguns dos principais pontos. Com o cancelamento das semanas de moda ao redor do globo, em função das medidas de isolamento social no combate ao vírus, acentuou-se essa necessidade de questionar antigos hábitos e buscar novos formatos para os eventos.

A valorização da moda autoral é uma pauta importante dentro da trajetória do Dragão Fashion Brasil. Por meio de iniciativas voltadas para o coletivo, o evento lança em 2020 uma edição inteiramente digital, sob o nome de DFB Digifest. Entre reformulações de concursos e prêmios, adaptações virtuais de casting e desfiles e mudanças na maneira de informar e qualificar pessoas do meio, o propósito do festival permanece em sua essência: unir e fortalecer o segmento da moda na região, como afirma Cláudio Silveira, diretor geral do DFB.

Um dos desafios enfrentados foi repensar os desfiles para o âmbito virtual, já que eles foram, até hoje, a forma mais eficiente de apresentar uma coleção, fazer networking e produzir conhecimento, além de estimular o trabalho de diversos profissionais, direta ou indiretamente. Assim, o “Live Moda” foi criado para representar essas manifestações neste cenário adverso e para impulsionar o trabalho das modelos, importantes agentes do mercado. 

Legenda: Diretor do evento, Claudio Silveira buscou reinventar o modelo que já estava pronto para a edição deste ano
Foto: Thiago Gadelha

“Pagando cachê dobrado, nós vamos escolher as dez melhores meninas das boas agências que temos em Fortaleza: a Wide e a RC Model. Elas farão o trabalho dentro da sua própria casa e nós vamos criar um cenário para esses desfiles virtuais. São 120 looks de convidados locais, entre estilistas e marcas, que se prepararam para o evento e nós não queríamos deixar isso sem ser visto”, explica o diretor.

O festival também manteve o tradicional Projeto New Faces, parceria com a influencer Thyane Dantas, que busca revelar talentos em áreas de vulnerabilidade social da Região Metropolitana de Fortaleza. Na versão digital, as modelos serão avaliadas a partir de vídeos publicados em redes sociais. Continuam ainda o Concurso dos Novos e a Mostra Competitiva MoveModa, voltados para jovens talentos e produções audiovisuais de moda, respectivamente.

Novos tempos 

Por movimentarem fortemente as economias locais e fortalecerem culturalmente o meio, as semanas de moda ainda terão muito o que adaptar para a fase que vivemos a partir de então. Investir nas plataformas digitais, coleções virtuais e eventos à distância pode ser um dos caminhos possíveis. Entretanto, se faz ainda mais urgente a busca por mudanças no sistema de produção e na lógica de consumo, problemáticas já discutidas anteriormente aos moldes do isolamento social.

A valorização do trabalho e a preocupação com o meio ambiente são tópicos imprescindíveis, segundo o estilista Lindebergue Fernandes. “É o momento para repensar nosso modo de vida e de trabalhar com a moda. Desacelerar esse sistema que já vinha muito desgastado e ter um foco mais preciso ao produto. Buscar uma aproximação com o nosso cliente e fazer dele um colaborador no desenvolvimento de coleções. Valorizar toda a cadeia de fabricação e o produto local/nacional. Reconectar-se com a natureza e ter uma preocupação maior com a sustentabilidade”, afirma.

Legenda: Estilista Lindebergue Fernandes reflete sobre os modos de produção da moda
Foto: Helene Santos

O percurso é árduo, mas manter os processos como eles estavam sendo feitos é insustentável. Para onde vamos? Ainda é difícil dizer. Como expressa Cláudio Silveira, “o futuro a Deus pertence”. Entretanto, para ele, uma coisa é certa: “Eu sei que as pessoas vão mudar. Vem mudanças e nós temos que nos adaptar. No meu mundo da moda, o que eu quero é que as pessoas se respeitem e que, juntos, façam as coisas andarem. O coletivo funciona sim e quem está aparecendo é quem não fica parado esperando o futuro acontecer”.

Além da passarela 

Apesar de ser focado essencialmente no mundo da moda, o DFB também reúne diversas outras linguagens artísticas e culturais. Eixo relevante na sociedade e que muito tem sofrido as consequências econômicas do período presente, a gastronomia marca seu lugar na nova formatação com o projeto “Marmita Chic”, idealizado para reunir restaurantes que simbolizam Fortaleza e que continuam pensando a comida como vetor de desenvolvimento para todo o estado.

“Escolhemos nove restaurantes para representar os restaurantes do Ceará que estão nessa luta pela sobrevivência. É um momento que o Dragão continua acreditando na gastronomia e no potencial dos nossos chefs, além de dar força para eles, que podem ser modelos para todos os outros que não puderam entrar. Esperamos que eles nos ajudem a levar essa mensagem de que isso vai passar, que vamos ter força e que mesmo eventos presenciais importantes para a cidade estão tendo que se reinventar”, elucida João Lima, curador de gastronomia do festival.

Por cultivarem uma forte relação com a cidade e com o ofício da cozinha, foram selecionados os estabelecimentos Culinária da Van, O Mar Menino, O Mar de Rosas, Mira, Zoi, Hey Joe, Verde Lima, O Banquete e Joá.

A programação do festival se divide em seis categorias: Ações Sociais, Cultura, Design, Empreendedorismo, Formação e Gastronomia. As ações desenvolvidas são direcionadas às pessoas e aos setores prejudicados pela pandemia. Para promover qualificação de profissionais e discussão acerca do papel da moda nesse novo tempo, foi criado o Festival Online de Moda, Cultura e Empreendedorismo, parceria com o Senac Ceará.

Por meio de encontros online gratuitos, nomes como Alexandre Herchcovitch, Fernanda Simon, Eduardo Motta, Denise Tavares, Ariane Morais e Carla Lemos apresentam palestras, workshops e bate-papos sobre sustentabilidade, comunicação, bordado, guarda-roupa cápsula e, inevitavelmente, o futuro do segmento e as perspectivas para o novo mercado.

Serviço

DFB DigiFest 2020

Até 19 de Julho de 2020

Programação online em www.dfbfestival.com.br
Novidades e atualizações nas redes sociais: @dfbfestival

Assuntos Relacionados