Com ‘Reflexos do Mundo: Trabalhar e Viver’, Fabien Toulmé explora as relações de trabalho através dos quadrinhos

Quadrinho chega às livrarias brasileiras na próxima segunda-feira (17) com um trabalho delicado marcado por entrevistas realizadas na Coreia do Sul, nos Estados Unidos e nas Ilhas Comores

Escrito por
Beatriz Rabelo beatriz.rabelo@svm.com.br
(Atualizado às 13:31, em 18 de Fevereiro de 2025)
Fabien Toulmé e imagem da capa dos quadrinhos Trabalhar e Viver
Legenda: Fabien Toulmé é autor do quadrinho Trabalhar e Viver
Foto: Reprodução/Instagram e Divulgação

Foi pelo desejo de compreender as condições de trabalho no cenário pós-pandêmico que o artista e quadrinista francês Fabien Toulmé iniciou uma jornada por diversas partes do mundo para investigar como o tema é entendido e sentido em diferentes países, como Estados Unidos, Coreia do Sul e Comores. Em um cuidadoso trabalho de pesquisas e entrevistas, ele elaborou o quadrinho “Reflexos do Mundo: Trabalhar e Viver”, publicado pela editora Nemo. 

A obra chega às livrarias brasileiras no dia 17 de fevereiro, próxima segunda-feira. A edição conta com 360 páginas, com uma tradução realizada por Bruno Ferreira Castro e Fernando Scheibe. Já o trabalho de cores foi realizado em parceria com o cearense Miguel Felício. 

Em entrevista ao Diário do Nordeste, Fabien destacou que não buscou fazer uma “bíblia do trabalho”, mas apenas abrir espaço para reflexões sobre o tema. “Acho que o diferencial do quadrinho não é tanto em relação ao tema do trabalho, mas a maneira de contar. É uma forma de contar, já comparando com o livro, que projeta o leitor com mais potência. Ajuda você a viajar e sentir um pouco mais como pode ser o lugar, como pode ser essa outra pessoa”.

“No momento, parece que a gente está tendo mais medo do outro, eu queria mostrar a que ponto existe uma ligação entre a gente, que a gente funciona do mesmo jeito, porque somos humanos. Para mostrar que existe uma ligação, quer você seja da Coreia, dos Estados Unidos, a gente vive algo parecido”.
Fabien Toulmé
Quadrinista

Dividido em três atos, o livro aborda temas como a "grande demissão" pós-pandemia, a uberização, assim como a busca por sentido no trabalho, a exploração, e a desigualdade. 

Desafios da produção de ‘Reflexos do Mundo: Trabalhar é Viver’

A construção de um quadrinho leva tempo. Existe o período de maturar a ideia, depois elaborar a pesquisa, organizar as viagens, encontrar fontes e fazer tudo isso dentro de um cronograma. Para Fabien, um dos principais desafios de “Reflexos do Mundo: Trabalhar é Viver” foi se aprofundar no tema. “O objetivo não é me tornar um especialista, mas ter um certo conhecimento para conseguir elaborar as perguntas”, explicou.

Quadrinho de Fabien Toulmé
Legenda: Trecho do quadrinho do francês Fabien Toulmé
Foto: Divulgação

Ele se informa, procura referências em livros, organiza o material para as conversas e esquematiza as hospedagens em cada país. Mas é chegando nos locais que Fabien esbarra no maior desafio: encontrar as boas pessoas para entrevistar, ou seja, descobrir as boas histórias

“Eu preciso construir uma reportagem em um tempo bem curto. Às vezes, eu viajo por apenas uma semana. E eu tenho que, nesse prazo, encontrar as pessoas que vão ser o fio condutor da história”.
Fabien Toulmé
Quadrinista francês

Esse processo requer muita adaptação do quadrinista. Quando tem um intérprete no processo, como ocorreu na Coreia do Sul, Fabién destaca que o idioma pode ser uma barreira. Apesar do apoio de tradutores nas entrevistas, ele precisa reforçar a concentração e o raciocínio lógico no momento.

É só depois, sentado diante de sua mesa de trabalho que a história surge para lhe emocionar. “A história volta a me emocionar quando eu vou escrever e quando eu vou desenhar”. 

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Com alguns entrevistados, a conexão pode ser maior, mas no quadro geral, percebe: seus quadrinhos surgem em um lugar da arte do encontro. Alguns de seus entrevistados vivem uma realidade tão diferente da sua, com visões e experiências tão distintas, que se não fosse por seu trabalho, provavelmente os caminhos nunca teriam se cruzado. “O fato da gente dividir tempo, falar coisas das nossas vidas, porque eu vou falando de mim, da minha trajetória, vai aproximando”, explicou. 

Jornada Visual de Toulmé sobre a Grande Demissão

Após o primeiro volume da série, “Reflexos do Mundo: Na Luta” (2023), Fabien quis seguir trabalhando em uma temática que atravessasse pessoas de diferentes partes do mundo. “O objetivo é fazer uma série de cada volume tratando de uma temática característica da época em transformação”, afirmou, acrescentando que sempre se perguntou sobre o porquê do trabalho. 

Assim, para entender mais sobre esse tema, ele decidiu se debruçar sobre o fenômeno da Grande Demissão nos Estados Unidos, em que milhões de trabalhadores pediram demissão voluntária, principalmente após a pandemia de Covid-19. 

Ao produzir seu quadrinho, Fabien Toulmé não apenas retratou uma realidade, como abriu margens para reflexões de diferentes pontos de vista sobre esse cenário. "Eu não tenho o objetivo de ser totalmente completo e totalmente didático. Só quero fazer as pessoas refletirem e se abrirem a outras experiências", concluiu.

Quadrinho Reflexos do Mundo: Trabalhar e Viver
Legenda: Segundo volume da série "Reflexos do Mundo" aborda as relações de trabalho
Foto: Divulgação

Confira outras obras de Fabien Toulmé

  • "Não era você que eu esperava" 
  • "Reflexos do mundo: Na luta" 
  • "Inesquecíveis"
  • "Duas Vidas"
  • "A odisseia de Hakim"
  • "Suzette - ou o grande amor" 

Serviço

  • Livro: Reflexos do Mundo: Trabalhar é Viver;
  • Quantidade de páginas: 360 páginas;
  • Tradutores: Bruno Ferreira Castro e Fernando Scheibe;
  • Editora: Nemo;
  • Onde comprar: aqui.