Camila Pitanga é homenageada pelo Cine Ceará 2022: ‘Me sinto parte do Brasil que luta todos os dias'
Atriz recebe o Troféu Eusélio Oliveira nesta sexta-feira (7), durante abertura do festival; programação segue até 13 de outubro, de forma gratuita
“E não é que vou ter minha primeira experiência no Cine Ceará como homenageada?”: a alegria é de Camila Pitanga ao conversar sobre a 32ª edição do Cine Ceará - Festival Ibero-americano de Cinema. A abertura do evento acontece nesta sexta-feira (7), a partir das 19h, no Cineteatro São Luiz. Noite marcante, de retorno presencial após instantes amargos.
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A atriz, apresentadora e produtora carioca receberá o Troféu Eusélio Oliveira em clima de emoção. Ela repetirá o feito do pai, Antonio Pitanga, ao ser laureado pelo festival em 2018. Além da ansiedade, prevalece o apreço pela acolhida. “Tenho notícias maravilhosas de colegas sobre o projeto”, destaca.
“O fato de o festival ser ibero-americano, de ter produções da Argentina, Chile, Venezuela, criando um diálogo importante com esses outros países, já é uma vocação incrível. Quero conhecer os cineastas, a equipe, trocar ideias. Isso me interessa muitíssimo como atriz e produtora executiva”.
Destaque na TV, no teatro e no cinema – da lasciva Paraguaçu, do filme “Caramuru - A Invenção do Brasil” (2001), à magnética Bebel, da novela “Paraíso Tropical” (2007) – Pitanga não esconde a satisfação de ter trilhado um caminho cinematográfico bastante diverso. O trabalho com diretores de escolas e gerações distintas é ponto alto.
O primeiro longa do qual participou, por exemplo – “fiz uma participação afetiva nele” – foi “Quilombo” (1984), de Cacá Diegues. Ali, dividiu tela com gigantes, a exemplo de Antonio Pitanga, Zezé Mota e Tony Tornado. Mais tarde, pouco antes de completar 20 anos, ingressou na equipe de “O Signo do Caos” (2003), do catarinense Rogério Sganzerla (1946-2004), representante do cinema marginal.
“Também passei por Guel Arraes, Cláudio Torres, Beto Brant… Este último – de novo valorizando esse caráter afetivo que eu tenho com o cinema – virou um amigo e um irmão. A comunhão que tivemos no filme ‘Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios’, enquanto atriz e diretor, nos deu passaporte para criarmos uma parceria como co-diretores do filme ‘Pitanga’, que conta história do meu pai”.
Contribuir com o cinema
Apesar dos tantos projetos, Camila avalia que não fez muitos filmes. Cada um deles, contudo, pontuou a carreira dela de alguma maneira, enriquecendo a trajetória artística. Mais do que isso: provocando-a. “Quero muito mais, contribuir para essa família cinema”.
Atualmente, ocupa o cargo de produtora executiva na HBO Max. A plataforma de streaming abriu espaço para um leque de quatro projetos da artista – do drama histórico à comédia dramática. Se as ideias prosperarem, Pitanga ganhará o status de curadora artística e estrelará as próprias séries, conforme o contrato. Vem coisa boa pela frente.
“Acho que isso só reforça a necessidade de contarmos nossas próprias histórias. Agora não vou apenas desenvolver projetos, mas atuar com colaboradores que comungam do desejo de falar da relevância de narrativas que valorizem a representatividade, a diversidade. Estou muito animada com esse novo momento da minha vida”.
Porta-voz de diferentes causas do país – é embaixadora da ONU Mulheres no Brasil – Camila foi escolhida pelo Cine Ceará para receber a homenagem devido ao caráter do evento neste ano: mostrar os diferentes Brasis que cabem dentro do Brasil. Algo que flerta com a caminhada pessoal da atriz e também com os próximos trabalhos que assumirá.
Para as telonas, acaba de filmar a primeira etapa de “Malês” – filme dirigido pelo pai, Antonio Pitanga, ainda sem data de estreia definida – bem como é produtora executiva de “Iemanjá”, longa em fase de produção do diretor Carlos Saldanha, que transportará o universo dos orixás para o de super-heróis.
“Realmente, são muitos Brasis dentro do Brasil. E eu me sinto pertencendo a eles de muitas formas: do Brasil aguerrido, que luta todos os dias para não sucumbir; do Brasil que ama e respeita a diversidade; do Brasil que gosta de festa; do Brasil multirracial, multicultural. É isso: sou uma típica carioca suburbana, mulher preta, que ama o Brasil”.
Programação diversificada
Conhecido pela farta programação, o Cine Ceará deste ano segue a cartilha das edições anteriores. Serão mais de 50 filmes distribuídos em mostras competitivas, paralelas e exibições especiais, além de debates, homenagens e masterclasses. As mostras competitivas são Ibero-americana de Longa-metragem, Brasileira de Curta-metragem e Olhar do Ceará.
Há também Exibição Especial, Mostra Itinerante BNB, Projeto Compartilha Animação, Mostra de Filmes Coração de Estudante, Mostras Sociais – Melhor Idade, Acessibilidade e O Primeiro Filme a Gente Nunca Esquece – e Cine Social. Novidade: alguns filmes da Mostra Olhar do Ceará também serão exibidos na plataforma de streaming Itaú Cultural Play.
Na noite desta sexta-feira (7), além da homenagem a Camila Pitanga, haverá apresentação especial da Camerata da Universidade Federal do Ceará. Também será exibido o curta “Se Liga ou Se Choque” – realizado por alunos que participaram do Projeto Compartilha Animação, promovido pela Enel – e o início da Mostra Competitiva Ibero-americana de Longa-metragem, com a projeção de “A filha do palhaço”, do cearense Pedro Diógenes.
Pitanga não será a única laureada nesta edição. Com ela, receberão o Troféu Eusélio Oliveira a atriz e produtora Teta Maia, no dia 12; e o músico Ednardo, no dia 13, durante a solenidade de encerramento. Três nomes com carreiras marcadas pelo cinema, nas telas e bastidores.
Serviço
32° Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema
De 7 a 13 de outubro de 2022, em Fortaleza. Masterclasses de 20 a 22 de outubro. Informações pelo site e pelas redes sociais (instagram e facebook) do evento. Acesso gratuito.
Onde acontece o 32º Cine Ceará:
Cineteatro São Luiz: R. Major Facundo, 500 - Centro
Cinema do Dragão: R. Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema
Hotel Sonata de Iracema: Av. Beira Mar, 848 - Praia de Iracema
Praça do MIS: Av. Barão de Studart, 410 – Meireles
Centro Cultural Banco do Nordeste de Fortaleza/CE: R. Conde d'Eu, 560 - Centro
Centro Cultural Banco do Nordeste de Juazeiro do Norte/CE: R. São Pedro, 337 - Centro
Centro Cultural Banco do Nordeste de Sousa/PB: R. Cel. José Gomes de Sá, 07 - Centro
Itaú Cultural Play