Biografia de Edson Queiroz detalha a vida e a trajetória profissional do empresário cearense
Escrito pelo jornalista Lira Neto, livro será lançado nesta quinta-feira (8) no auditório da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza
Nenhum ser humano pode ser reduzido a uma frase, slogan ou parágrafo. Por isso existem as biografias. A reflexão é tecida pelo jornalista Lira Neto, cujo mais recente projeto embarca na vida e na trajetória profissional de um dos maiores industriais do país.
“Edson Queiroz - Uma Biografia” é lançado nesta quinta-feira (8), no auditório da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza. O livro abrange todo o percurso do empresário – desde o nascimento em Cascavel, interior cearense, até o trágico acidente aéreo na serra da Aratanha, em Pacatuba, Região Metropolitana de Fortaleza, em 1982.
Ao longo de 22 capítulos, são narrados episódios da infância e juventude, o início da vida nos negócios como assistente do pai, os primeiros êxitos e tropeços, a expansão por meio da comercialização de gás a varejo, a formação e expansão do grupo empresarial.
“Edson era um homem que combinava ousadia e irreverência, calculismo e bom humor, tino empresarial e atração pelo risco”, descreve o biógrafo. Também de acordo com ele, um dos traços de personalidade mais marcantes do chanceler era o espírito brincalhão e divertido no trato pessoal, mas devidamente combinado à seriedade na condução dos negócios.
A capa da biografia – publicada pela Bella Editora – capta a mescla desses dois universos com maestria. Nela, vemos Edson terminando de se arrumar. Com semblante descontraído, equilibra um cigarro na boca enquanto exibe um dos pés suspensos. Parece ter acabado de calçar uma meia. Era 8 de janeiro de 1972.
“Reconstituir a trajetória dele é passar em revista a própria história econômica e social do Ceará e de Fortaleza no século XX. Uma história que ele tanto ajudou a construir e moldar por meio do arrojo que lhe era característico”.
Tantos causos
Lira Neto realizou dezenas de entrevistas com pessoas que fizeram parte, direta ou indiretamente, do caminhar de Edson: familiares, amigos, funcionários. São elas que ajudaram a dar colorido à narrativa. Cada uma tinha sempre um “causo” a relatar, uma faceta surpreendente. Passagens engraçadas e episódios dramáticos igualmente compõem a tessitura geral do texto.
Foram cerca de dois anos de trabalho. O jornalista teve amplo acesso aos documentos do acervo familiar e empresarial, incluindo cartas e escritos pessoais do empresário. Além disso, recorreu a jornais e revistas de época, filmes, gravações de áudio e fotografias. “Biografar é sempre uma tarefa permeada de surpresas e descobertas”, sublinha.
Quando questionado se, em alguns momentos da história do biografado, o jornalista conseguiu se enxergar nele, Lira é direto: “Há quem diga que sempre existe algo de autobiográfico em qualquer escrita, inclusive a biográfica. Pode até ser. Nesse caso, identifiquei-me com a cearensidade do biografado”.
Contar a história do industrial, também salienta, é mergulhar nas transformações que Fortaleza experimentou sob influência de Edson. Ele tinha uma capacidade singular para ler cenários e interpretar tendências, muitas vezes antecipando-se a eles e, não raro, acelerando-os. Um homem, de fato, notável.
Agir inquieto
Cada uma das incursões é realizada com o costumeiro talento e apuro técnico de Lira Neto, vencedor de quatro edições do Prêmio Jabuti de Literatura e do Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte - APCA, sempre na categoria Biografia. O jornalista nos conduz por uma narrativa rica e magnética, deixando sobressair inúmeras minúcias do biografado.
Em determinado momento, relata: “A fama de piadista e conversador espirituoso era uma das características do menino irrequieto, que começara a parecer um tanto quanto deslocado no ambiente taciturno dos salazaristas da Prainha”. Em outro, conta do costume de Edson ao chegar na casa da futura esposa, Yolanda Vidal Queiroz.
“Lá, colhia um buquê de bogari, flor muito branca e perfumada, para depois lançá-lo sobre a calçada em frente à casa da noiva. Fazia isso pontualmente, sempre às onze horas. Depois, acionava a buzina do carro e esperava que Yolanda recolhesse as flores, enquanto trocava acenos e sorrisos com a bem amada”.
Há muitos outros detalhes. Quando todo mundo ainda cozinhava em fogões à lenha, Edson apareceu com a ideia, aparentemente maluca para a época, de vender fogões a gás. Foi um inovador também em vários setores que abraçou, do engarrafamento de água mineral à metalurgia, da comunicação à educação superior.
“Ele sabia identificar o cheiro do futuro. Não conseguia parar quieto. Quando a esposa precisou se internar em Nova York, aquele homem, um dos mais ricos do Brasil, arranjou um emprego como simples balconista em uma loja de malas, pois não suportava a ideia de ficar de braços cruzados. Na TV Verdes Mares, insatisfeito com um aspecto técnico na torre de transmissão, subiu ele próprio lá em cima para investigar o problema”, esmiuça Lira.
Uma existência ímpar, e com ainda muito para desbravar. “Nenhuma biografia é definitiva. Nenhuma vida cabe inteira em um livro. Sempre haverá novos episódios e enfoques a considerar e a descobrir sobre qualquer biografado”. Fica o convite.
Serviço
Lançamento do livro “Edson Queiroz - Uma Biografia”, de Lira Neto
Nesta quinta-feira (8), às 19h, no Auditório da Biblioteca Central da Universidade de Fortaleza (Av. Washington Soares, 1321 - Edson Queiroz). Contato: (85) 3477-3000
Edson Queiroz - Uma Biografia
Lira Neto
Bella Editora
2022, 400 páginas
R$90