Crise de ansiedade: o que é, sintomas e como evitar?

A intensa sensação de mal-estar, que não corresponde ao risco real, é associada aos transtornos de ansiedade

O medo e a ansiedade são sentimentos comuns dos seres humanos, no entanto, essas emoções são vivenciadas diferentemente por indivíduos que possuem algum transtorno de ansiedade. Ou seja, pacientes com distúrbios do tipo os sentem excessivamente, por um período persistente de tempo, sendo que essas emoções são provocadas por um fato que não corresponde ao nível de mal-estar.  

Os transtornos de ansiedade são caracterizados pela antecipação frequente e excessiva de ameaças futuras, segundo define a 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5). Os distúrbios são associados à tensão muscular, estado de vigilância constante e preparação para perigos futuros, além de comportamentos cautelosos e evitativos.  

Indivíduos com transtorno de ansiedade são extremamente medrosos, ansiosos, e frequentemente evitam ter contato com situações que consideram ameaçadoras, como, por exemplo, uma experiência social. Ao lidar com cenários do tipo, podem desencadear uma sensação de mal-estar intensa, que não corresponde ao risco real. Essa reação é chamada crise de ansiedade.

 

O que é crise de ansiedade? 

A crise de ansiedade é semelhante ao ataque de pânico, ambos possuem os mesmos sintomas e podem ser definidos como surtos abruptos de medo e de desconforto intenso, segundo a psiquiatra e pesquisadora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luísa Weber Bisol*.  

O que difere uma condição da outra é que na primeira, conforme a especialista, é possível identificar o motivo que desencadeou o colapso, já na última nem sempre há um fator desencadeante. Outra característica díspar é o tempo de duração: um ataque de pânico atinge o ápice em minutos, enquanto a crise de ansiedade pode durar muito tempo.   

No entanto, as duas situações surgem como um tipo particular de resposta ao medo em pessoas com transtornos de ansiedade, assim como também em indivíduos com outros distúrbios, esclarece a psiquiatra. 

Sintomas de uma crise de ansiedade 

Aumento da frequência cardíaca, dor no peito, ondas de calor e falta de ar são alguns dos sinais que podem ser sentidos por um paciente durante uma crise de ansiedade. A pesquisadora lista 15 sintomas que podem ser vivenciados por um indivíduo durante um episódio do tipo. São eles: 

  • Aceleração da frequência cardíaca;  
  • Cansaço/fadiga;  
  • Choque; 
  • Desrealização, quando indivíduo tem a sensação de estar perdendo o controle ou ficando louco (a); 
  • Dor abdominal; 
  • Dor no peito;  
  • Formigamentos;  
  • Medo de morrer;  
  • Náusea;  
  • Ondas de calor; 
  • Palpitações;  
  • Sensação de falta de ar; 
  • Sudorese; 
  • Tontura; 
  • Tremor. 

O que fazer e como controlar uma crise de ansiedade? 

Conforme Luísa Weber Bisol, existem recursos farmacológicos e psicoterápicos para tratar transtornos de ansiedade e, consequentemente, a crise de ansiedade. No entanto, a principal via é a baseada na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Nessa abordagem psicoterapeuta, o profissional de psicologia tenta identificar, com o paciente, o que o faz se sentir ameaçado para, a partir disso, programar um enfrentamento gradual do problema.   

Por exemplo, se um indivíduo tem medo de voar de avião, durante as sessões o terapeuta o ajudará a desenvolver ações para conseguir enfrentar esse temor. Então, primeiro, ele pode observar imagens de aeronaves, depois ir ao aeroporto para assistir aos veículos aéreos, em seguida embarcar em um avião, mas não decolar. E assim, gradualmente, poderá conseguir realizar uma viagem a bordo de uma aeronave, conforme ilustra a especialista.  

Tipos 

Surtos abruptos de medo e de desconforto intensos que causam, entre outros sintomas, aumento da frequência cardíaca, dor no peito, ondas de calor e falta de ar podem ser os seguintes colapsos: 

  • Crise de ansiedade: sensação intensa de medo e desconforto que pode durar por muito tempo. Agente desencadeante pode ser identificado.  
  • Ataque de pânico: colapso caracterizado por intenso mal-estar que atinge o ápice em minutos. Nem sempre é possível identificar o que causou o episódio.  

Dúvidas frequentes  

Coração acelerado pode ser crise de ansiedade? 

Sim, a sensação de elevação do batimento cardíaco é um sintoma associado à crise de ansiedade, segundo a médica.  

Quanto tempo dura uma crise de ansiedade? 

Um surto do tipo é caracterizado por uma sensação de desconforto e medo do futuro que perdura por um longo período de tempo, enquanto um ataque de pânico pode acabar em minutos. 

Como ajudar uma pessoa com crise de ansiedade? 

A psiquiatra dá algumas de dicas de como agir ao presenciar ou vivenciar uma crise de ansiedade. São elas: 

Mudança de foco 

Uma das técnicas que podem ser usadas em um indivíduo durante um episódio de mal-estar é tentar mudar o foco dos pensamentos dele e, assim, direcionar o foco da atenção para algo que não aumente ou cause a crise de ansiedade.  

Respiração diafragmática 

Segundo Luísa Weber Bisol, é comum que pacientes em surtos ansiosos não consigam respirar corretamente, o que agrava a condição. Então, é importante respirar usando o diafragma, o músculo que separa o tórax e o abdômen. O objetivo é expirar e inspirar pausadamente e através do abdômen. 

Exercícios aeróbicos 

Outra dica da especialista é praticar atividades aeróbicas, sendo aquelas em que há o uso do oxigênio para gerar energia. Geralmente, elas são realizadas por um longo período e possuem intensidade leve a moderada. São exemplos de exercícios aeróbicos: correr, pedalar, dançar etc.  

Mindfulness 

Em tradução livre, o termo Mindfulness é lido como “atenção plena”. Esse conjunto de técnicas, como explica a psiquiatra, pode ser usado em momentos de crises e fazer com que o paciente direcione a atenção e o foco somente para o agora.  

*Dra. Luísa Weber Bisol, médica Psiquiatra, CREMEC 19645 RQE 8954, graduação em Medicina pela PUC-RS, residência médica em Psiquiatria pelo Hospital São Lucas da PUC-RS, doutorado em Ciências Biológicas: Bioquímica pela UFRGS. Atualmente é professora adjunta de Psiquiatria lotada no Departamento de Medicina Clínica da FAMED - UFC. Coordenadora dos projetos de extensão universitária Programa de Apoio ao Paciente Psicótico (PROAPP), Programa de Apoio ao Deprimido Refratário (PROADERE), Cetrata nas Escolas (CNE) e Grupo de Estudos em Transtornos Afetivos (GETA).