Cajá: conheça a fruta e os benefícios do consumo

Época da safra varia conforme a região. Fruto é altamente perecível

cajá é uma fruta com boa aceitação no paladar do brasileiro. No Nordeste, o consumo é feito de várias formas. Ela é presente no cardápio de restaurantes por sucos, vitaminas e também em drinks. Na literatura há relatos da origem das cajazeiras na região que se estende do Sul do México até o Paraguai e leste do Brasil. 

A professora Luciana de Siqueira Oliveira*, engenheira de alimentos e doutora em bioquímica, explica que a época de safra do cajá varia de acordo com a região produtora. Na Paraíba, por exemplo, acontece de maio a julho. No Ceará, entre janeiro e maio, e de março a maio no sul da Bahia.

"No Ceará, as regiões com frequência anual de precipitação média (acima de 1.100 mL) são consideradas as mais propicias para o cultivo e produção do cajá. Entre elas, podemos destacar o litoral próximo à Fortaleza e nas serras, incluindo Guaramiranga, Baturité e Ibiapaba", aponta a professora.

Benefícios do cajá

A polpa do cajá apresenta quantidades significativas de potássio, magnésio, fósforo e cobre. Possui em sua composição compostos com ação antioxidante, incluindo fenólicos e carotenoides.

Com relação aos carotenoides, β-criptoxantina é o principal encontrado neste fruto, sendo este composto responsável pelo seu alto nível de atividade pró-vitamina A. Uma porção de 100 g de polpa de cajá pode fornecer mais de 37% da dose diária recomendada de vitamina A.

"De maneira geral, o processamento de frutos em sucos, néctares, entre outros produtos, pode levar a uma diminuição no conteúdo de seus constituintes nutricionais, como vitaminas, fibras e compostos bioativos. Assim, considero que a melhor forma de consumo é o fruto in natura, mas na sua indisponibilidade, a polpa do fruto fornecerá uma boa quantidade dos seus nutrientes", destaca a professora.

Existe a época do cajá como a do caju?

O cajá, assim como o caju, apresenta sazonalidade, um dos principais fatores que limitam seu cultivo em escala comercial significativa, explica a professora Luciana.

"Sua frutificação só ocorre uma vez por ano, variando de acordo com a região produtora. Por exemplo, no Ceará ocorre entre os meses de janeiro a março, já em Manaus, entre dezembro e fevereiro", destaca a profissional.

É recomendado plantio da cajazeira no período chuvoso, no caso de propagação por semente.  

Ações do cajá no corpo      

O cajá é ácido?

Uma dúvida recorrente encontrada na internet é quanto ao cajá ser ácido. De acordo com a professora Luciana de Siqueira Oliveira, o fruto pode ser considerado de média acidez, pois varia de 1% a 3% assim como outras frutas, incluindo cereja, morango, framboesa e laranja.

Cajá faz mal para os rins?

A engenheira de alimento também explica, baseado em pesquisas, que o cajá não faz mal para os rins. "Considerando os estudos que tive acesso, não foi evidenciado esse efeito".

Cajá é laxante?

Nos buscadores também existem pesquisas quanto ao cajá ser laxante. A professora Luciana explica que até o momento não há relatos sobre seu efeito laxante, mas há estudo que evidenciou que o consumo da decocção do cajá (bebida) age como diurético e antipirético (reduz febre).

Outra pesquisa já relata que extrato hidroalcoólico do fruto tem ação anti-inflamatória, além de antimicrobiana. Já a decocção de folhas e também da casca da cajazeira é usada como emético, antidiarreica e disenteria, bem como para hemorroidas
Luciana de Siqueira Oliveira bioquimica
Professora do Departamento de Engenharia de Alimento da UFC

Consumo saudável do cajá

O cajá pode ser consumido na forma natural, ou na forma de sucos, saladas ou em sobremesas (mousse, sorvetes, geleias), adicionado em iogurte e como molho em pratos quentes. O fruto é altamente perecível, apresentando pontinhos pretos na casca conforme amadurece.

A nutricionista Socorro Vanesca Frota Gaban**, doutora em biociências nucleares, explica que o cajá pode chegar a durar dois ou três dias na temperatura ambiente e um tempo maior na geladeira, até sete dias.

"O cajá pode ser congelado na forma de polpa (podendo durar 12 meses), adicionada ou não de açúcar, ou de suco com ácido ascórbico, o que ajuda a preservar seu valor nutritivo e seus compostos funcionais bioativos. O consumo da polpa ou suco deve ser feito imediatamente após ser descongelados na geladeira, ou temperatura ambiente", lembra a nutricionista.

O cajá possui poucas calorias, em 100g apresenta 46 calorias, 2,6g de fibra, sendo rico em vitaminas A e C, sais minerais como cálcio, ferro e fósforo. Baixo em calorias, rico em fibras e compostos funcionais pode ser utilizado em várias receitas.

Do chá à mousse de cajá

Conforme a nutricionista, o chá das folhas do cajá apresenta propriedades anti-inflamatória, antioxidantes e hipoglicemiante, devido à presença de compostos bioativos, como compostos fenólicos, taninos e flavonoides. Atua ainda no tratamento de dores estomacais, cólicas e constipação intestinal.

Para preparar o chá, use uma colher de sopa das folhas para 200ml de água e leve ao fogo por 3 minutos. Após esse período, desligue e após 10 minutos, pode ser consumido.

Outra receita apontada pela nutricionista é a de mousse do cajá.  

Ingredientes

• 3 polpas de cajá descongeladas
• 1 caixa de leite condensado
• 1 caixa de creme de leite

Como fazer

Para preparar a mousse, adicione todos os ingredientes e bata tudo em uma batedeira até ficar homogêneo. No segundo passo é preciso transferir para uma travessa ou potinhos a mistura e leve ao congelador. Consumir quando a mousse ficar firme.

*Luciana de Siqueira Oliveira possui graduação em Engenharia de Alimentos pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mestrado e doutorado em Bioquímica pela UFC. Atualmente, é professora adjunta do Departamento de Engenharia de Alimentos da UFC e atua na área de Ciência e Tecnologia de Alimentos.

**Socorro Vanesca Frota Gaban possui graduação em nutrição pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), mestrado em Ciências Fisiológicas pela Uece e doutorado em Biociências Nucleares pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Realizou pós-doutorado na Universidade Louis Pasteur de Strasbourg. Atualmente é professora da graduação em Engenharia de Alimentos e da pós-graduação em Ciências e Tecnologia de Alimentos da UFC.