Pitomba: conheça os benefícios e a origem da fruta

A pitombeira está presente na maior parte do território brasileiro, em especial na Amazônia e na Mata Atlântica

Escrito por Carol Melo , carolina.melo@svm.com.br
Pitomba
Legenda: O gosto doce, levemente azedo, do fruto é marcante
Foto: Shutterstock

Pelo formato peculiar, a pitomba é uma fruta exótica que desperta curiosidade. Protegida por uma casca dura e redonda, a polpa do fruto é esbranquiçada, suculenta, levemente ácida e adocicada. Conhecida também como olho de boi e caruiri, ela nasce da planta pitombeira, cujo nome científico é Talisia esculenta Radlk.  

Apesar de pequena, a pitomba possui grande quantidade de vitaminas, fibras e propriedades que auxiliam no combate ao envelhecimento precoce, a prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, além de fortalecer o sistema imunológico.  

A planta está presente na maior parte do território brasileiro, em especial na Amazônia e na Mata Atlântica. Em Pernambuco, na Região Nordeste, a festa de Nossa Senhora dos Prazeres, festejo religioso tradicional realizada no Parque Histórico Nacional dos Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, também é conhecida como Festa da Pitomba.   

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O que é   

A Talisia esculenta é o fruto da planta pitombeira, que é uma árvore nativa da floresta Amazônica. Conforme a professora e pesquisadora de Fisiologia Pós-colheita de Frutos Tropicais, Raquel Miranda*, a planta pode atingir altura entre cinco e 15 metros.  

“A pitomba é um fruto do tipo baga com diâmetro entre 1,5 e 4 cm e formato esférico ou elipsoide. A sua casca é dura e suas sementes são envoltas por uma polpa branca, translúcida e comestível com sabor agridoce”, define.     

Para que serve  

A polpa da fruta é considerada um “alimento funcional”, segundo a especialista. Por apresentar diversas propriedades benéficas para o consumidor, a fruta pode ser uma grande aliada na manutenção da saúde do organismo.     

“Trabalhos científicos mostram que a pitomba pode ser considerada um alimento funcional por apresentar atividade antimutagênica, antiproliferativa e antioxidante”, características que atuam no combate de doenças crônicas, como alguns tipos de câncer, que se originam de células com mutações genéticas.  

Cada fruto da pitombeira pode ter até três sementes no interior. Essas partes dele também possuem substâncias que auxiliam no controle de desarranjos intestinais. Segundo a pesquisadora, elas têm “efeito antidiarreico e podem ser usadas como um adstringente”.   

Quais são os benefícios 

pitomba
Legenda: A pitomba possui uma casca marrom rígida e quebradiça, tem uma polpa suculenta, e se apresenta agrupada em cachos
Foto: Shuitterstock
 

O consumo regular da fruta da pitombeira pode fortalecer o sistema imunológico contra doenças infecciosas, pois ela é rica em vitaminas e substâncias nutritivas que ajudam a manter o organismo saudável e disposto a combater doenças como resfriados.  

“A pitomba é uma fruta fonte de vitaminas do complexo B (especialmente B1 e B2), vitamina C e a, cálcio, fósforo e ferro. E por ser fonte dessas vitaminas, minerais e fibras exerce um importante efeito sob a imunidade, reforçando as ações do sistema imunológico contra resfriados e alergias”, explica a nutricionista Jamile Tahim**. 

Além das prevenções das patologias, a fruta ainda promove benefícios ao sistema vascular e proteção óssea. A propriedade antioxidante – que combate os radicais livre – dela ainda previne o envelhecimento precoce, o que, segundo a profissional, melhora os processos de cicatrização. 

Por ser um alimento rico em fibras, também beneficia o funcionamento regular do intestino – combatendo a constipação intestinal, o chamado "intestino preso".  

Conforme Raquel Miranda, em 100g de polpa da pitomba, encontra-se:  

  • 1,15g de proteínas;  
  • 0,19g de lipídeos;  
  • 12,50g de carboidratos; 
  • 2,40g de fibras; 
  • 200,68mg de vitamina C; 
  • 43,56mg de carotenoides; 
  • 26,70mg de cálcio; 
  • 0,84mg de zinco; 
  • 56 kcal de calorias. 

O que significa pitomba 

Segundo a pesquisadora, a palavra que nomeia o fruto da pitombeira, a “pitomba", possui origem na língua tupi – idioma indígena extinto falado pelas tribos de povos tupis que habitavam a maior parte do litoral do Brasil no século XVI . A palavra significa sopapo, bofetada ou chute forte.

Qual é a origem  

Pitombeira
Legenda: Conhecida também como olho de boi e caruiri, a fruta nasce da planta pitombeira, cujo nome científico é Talisia esculenta Radlk
Foto: Shutterstock

A árvore que dá a pitomba é nativa da região da floresta Amazônica, mas, segundo a professora, pode ser encontrada em todas as regiões do País, além de também existir na Bolívia e no Paraguai. Um pé de pitombeira pode chegar a ter até 15 metros de altura.  

Com folhas abundantes e flores pequenas na cor brancas “agrupadas em inflorescências”, a planta floresce entre agosto e outubro ou de janeiro até março, dependendo da região. 

Tipos de pitomba 

Só existe um tipo de pitomba, conforme Raquel Miranda. Envolta por uma casca marrom rígida e quebradiça, a fruta, que possui uma polpa suculenta, se apresenta em formato arredondo e agrupada em cachos.   

O gosto doce, levemente azedo, é marcante. Algumas pessoas compraram o fruto a pipoca, pois é algo que quando se começa a comer, é difícil parar.  

É lichia?  

A lichia, de nome científico Litchi chinensis, e a pitomba não são a mesma coisa, segundo esclarece a pesquisadora. Na verdade, as duas frutas são de espécies diferentes, mas pertencem à mesma família: a Sapindaceae. O fruto do pé de guaraná também integra a mesma classificação familiar.  

LICHIA
Legenda: A lichia e a pitomba integram a mesma família
Foto: Shutterstock

Como plantar  

Raquel Miranda explica que “a pitombeira é propagada por sementes”, no entanto, ela alerta que elas possuem uma curta longevidade.  

“Não há um manejo ou método de cultivo estabelecido para essa espécie frutífera, que é principalmente encontrada em pomares domésticos ou na natureza e comercializada em feiras e mercados locais, mas tem também indicação para plantio em áreas degradadas destinadas à preservação”, detalha.  

Como se come a fruta 

Para consumir a pitomba é simples: deve-se quebrar a casca usando alguma ferramenta ou os próprios dentes, em seguida, é possível se deliciar com a fruta. No entanto, também possível usá-la em receitas.  

“Ela é consumida principalmente in natura ou fresca, mas a polpa pode ser utilizada no preparo de licor, doces e geleias”, lista a docente. 

Como tirar a polpa da pitomba

Pitomba
Legenda: A palavra que nomeia o fruto da pitombeira, a “pitomba", possui origem na língua tupi
Foto: Shutterstock
  

“Primeiro, é preciso quebrar e remover a casca para depois consumir a polpa, tendo cuidado com a sementes que podem estar presentes em número de um ou dois”, detalha Raquel Miranda.  

Como fazer suco da fruta   

A Jamile Tahim indica o passo a passo para preparar o suco com o fruto da pitombeira.  

Ingredientes:   

  • 10 pitombas 
  • 250mL de água 
  • gelo a gosto 

Modo de preparo 

Bater todos os insumos no liquidificador e, em seguida, servir.  

“É interessante ressaltar que não é necessário coar para preservar uma maior quantidade de fibras na preparação, além disso, não é recomendado adoçar, sabendo que a adição de açúcar compromete a ação antioxidante do suco”, frisa.

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Chá de pitomba 

É possível fazer a infusão das folhas da pitomba, ricas em tanino em sua composição, que, segundo a nutricionista, “são compostos que atuam como antioxidantes”. 

Ingrediente 

  • colher de sopa (cerca de 3g) das folhas trituradas 
  • 500ml de água fervente 

Modo de preparo  

  • Adicionar as folhas à água quente.  
  • Abafar por 10 minutos, coar e servir. 

*Maria Raquel Alcântara de Miranda é professora titular da Universidade Federal do Ceará (UFC) onde também atua como pesquisadora da área de Fisiologia Pós-colheita de Frutos Tropicais, sendo Doutora em Fitotecnia pela UFC, Mestre em Biociências e Biotecnologia pela Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) e Bacharel em Ciências Biológicas pela UFC. 

** Jamile Tahim é nutricionista, graduada em Nutrição pela Universidade de Fortaleza (Unifor), mestranda em Nutrição em Saúde pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), especialista em Nutrição Clínica e Fitoterapia Aplicada, além de especialista em Nutrição em Nefrologia. 

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