Quem é Silas Malafaia, pastor alvo de operação da PF por suspeita de envolvimento em trama golpista
Líder religioso da Assembleia de Deus Vitória em Cristo é investigado por tentar atrapalhar investigações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro
Alvo de busca e apreensão na quarta-feira (20), o pastor Silas Malafaia, de 66 anos, nasceu em 14 de setembro de 1958, no Rio de Janeiro, e é líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC), que reúne cerca de 200 mil fiéis, segundo a instituição.
Início como pastor
Tendo iniciado sua trajetória como pregador por volta dos 15 anos de idade no bairro da Penha, na capital fluminense, Silas Malafaia é formado em Teologia e Psicologia. Mas foi com o programa Vitória em Cristo, lançado em 1982, que ele coordena e apresenta, onde ganhou notoriedade na esteira do televangelismo.
A atração foi pioneira ao colocar em debate os pensamentos evangélicos na mídia tradicional, com espaço para a pregação do evangelho, a defesa de valores cristãos e debates sobre temas como família e espiritualidade. Malafaia é contrário ao aborto e a pauta LGBTQIAP+, por exemplo.
Casado com Elizete Malafaia, que também é pastora, é pai de três filhos: Silas Filho, Talita e Taísa. A formação pentecostal vem desde jovem, influenciado principalmente pelo pai, o pastor Gilberto Malafaia, e pelo sogro, José Santos.
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Liderança na Vitória em Cristo
Até 2009 ele atuava na Assembleia de Deus da Penha, fundada em 1959 pelo pastor José Pimentel de Carvalho. Com a morte do sogro, em fevereiro do ano seguinte, ele foi escolhido de forma unânime pelos membros para assumir a liderança da igreja. Logo depois renomeou a denominação como Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC).
Ampliando a forte atuação no setor editorial e de comunicação, Silas lançou dezenas de livros de temática religiosa por meio de sua editora própria, e investe na produção de conteúdo digital para diferentes plataformas.
Com forte penetração nas redes sociais, com mais de 4,4 milhões de seguidores apenas no Instagram, Silas investiu, nos últimos anos, a ampliação de transmissões ao vivo, vídeos de opinião e participação em eventos políticos e religiosos de grande porte a fim de propagar seus pensamentos sobre a conjuntura social e política do país.
Atuação política
Antes de aderir ao bolsonarismo, Silas Malafaia apoiou o PT nas eleições de 2002 e 2006, chegando a participar de conselhos informais da Presidência da República no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), conhecido como “Conselhão”. Nos pleitos seguintes voltou-se para a oposição, apoiando José Serra e Aécio Neves.
Foi em antes da eleição presidencial de 2018 que o líder religioso se tornou um dos principais cabos eleitorais evangélicos de Jair Bolsonaro, sendo reconhecido por organizar e liderar a organização de várias manifestações públicas de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro e defender pautas conservadoras. Ele foi conselheiro do ex-presidente durante o mandato.
Mas o pastor já conhecia Bolsonaro desde os anos 2000. Em 2006, a Câmara pautou um projeto de lei que criminalizava a homofobia. Jair Bolsonaro, então deputado federal pelo PP, se alinhou ao pastor contra a proposta. Desde então, passaram a ser amigos pessoais. Em 2013, o líder da Vitória em Cristo celebrou o casamento de Bolsonaro com Michelle.
Fortuna de Silas Malafaia
Segundo dados da Forbes Brasil, divulgados em 2013, a publicação estima que a fortuna seja de US$ 150 milhões, ou R$ 300 milhões.
Alvo de investigação
Alvo de busca e apreensão no início da noite de quarta-feira (20), Silas Malafaia teve os celulares retidos pelos agentes da Polícia Federal na operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito do processo que apura tentativa de obstrução de Justiça ligada à trama golpista.
Além da apreensão de aparelhos telefônicos, o pastor foi alvo de medidas cautelares, como a proibição de deixar o país e ficar proibido de manter contato com outros investigados.
Para a Procuradoria Geral da República (PGR), diálogos recuperados no celular de Jair Bolsonaro mostram Malafaia como "orientador e auxiliar das ações de coação e obstrução promovidas pelos investigados Eduardo Nantes Bolsonaro e Jair Messias Bolsonaro".
O pastor nega publicamente envolvimento em supostas articulações contra a Justiça e alega perseguição política e religiosa.