'Babaca' e 'te arrebento': veja o que disse Malafaia sobre Eduardo Bolsonaro em áudio obtido pela PF
Mensagem foi enviada ao ex-presidente Jair Bolsonaro e faz críticas ao filho dele após o anúncio das tarifas dos Estados Unidos ao Brasil
A Polícia Federal (PF) encontrou dois áudios enviados pelo pastor Silas Malafaia, alvo de busca e apreensão na noite dessa quarta-feira (20), ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Em um deles, o líder religioso xinga o filho de Jair, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, pela atuação dele nos Estados Unidos, onde reside desde fevereiro.
"A faca e o queijo estão na tua mão, c*****, e nós não podemos perder isso, pô. E vem o teu filho babaca falar m****, dando discurso nacionalista, que eu sei que você não é a favor isso. Dei um esporro, cara, mandei um áudio para ele de arrombar", disse Malafaia, que acrescenta: "falei para ele: 'a próxima que você fizer, eu gravo um vídeo e te arrebento'".
O áudio foi enviado em julho, após o anúncio das tarifas de 50% dos Estados Unidos aos produtos brasileiros. Segundo o pastor, as estratégias de negociação de Eduardo com o governo norte-americano estariam prejudicando o ex-presidente. "O cara tá sendo contra você. Essa fogueira de m**** de vaidade", completou.
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Malafaia também parabeniza o outro filho de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), por vincular a discussão sobre a tarifas à anistia a investigados por atos antidemocráticos. "Dá parabéns ao Flávio, pô. Falou certo na GloboNews: 'eu não sou a favor da taxação, não, mas tem que sentar para conversar sobre anistia'", ressaltou.
Esse arquivo foi encontrado no celular de Jair Bolsonaro e enviado nessa quarta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF), junto do relatório que indicia ele e o filho por tentativa de atrapalhar o andamento da ação penal contra a tentativa de golpe de Estado, que tem o ex-presidente como um dos réus.
Eduardo grava vídeo em resposta aos áudios de Malafaia
Após a repercussão dos áudios de Malafaia, Eduardo Bolsonaro publicou um vídeo no X (antigo Twitter) em apoio ao pastor. Na gravação, ele classifica a operação da PF como uma "cortina de fumaça para o que realmente importa" e faz críticas aos ministros Flavio Dino e Alexandre de Moraes, do STF.
"Moraes e Dino estão tendo um tempo muito ruim com os bancos, sabem que não vão ganhar essa parada, pois não existe cenário de vitória para o STF. Diante disso tudo, estou aqui para dizer o seguinte: pastor Silas Malafaia, tamo junto. O senhor está sofrendo os últimos atos desse regime", disse Eduardo.
Ainda conforme o deputado licenciado, as autoridades brasileiras estariam exercendo uma prática denominada "fishing expedition" (expedição de pesca, em inglês) contra Jair Bolsonaro, em que autoridades "pegam o celular e vazam o que interessa". Ao fim do vídeo, Eduardo reforça que não há inimizades com Malafaia.
"Tamo junto, pastor. O senhor, igual a mim, está preocupado com Brasil e com os brasileiros. Bola para frente", finalizou.
Entenda a operação da PF que indiciou Jair e Eduardo Bolsonaro
Uma investigação da Polícia Federal reuniu provas de que Jair e Eduardo Bolsonaro utilizaram artifícios para coagir os ministros do STF e livrar o ex-presidente do inquérito do golpe. Um relatório completo sobre o caso foi enviado ao Supremo na última sexta-feira (15), junto da autorização para indiciar os dois políticos nessa quarta-feira.
O documento cita diálogos entre o ex-presidente e as seguintes pessoas: Eduardo Bolsonaro, que está nos EUA; Silas Malafaia, que foi alvo de busca e apreensão pela Polícia Federal no Rio de Janeiro; e entre o advogado Martin De Luca
O relatório da PF aponta ainda que durante a análise do material apreendido, foi identificado um arquivo de texto, com última modificação em 12 de fevereiro de 2024, cujo conteúdo revela que Bolsonaro praticou atos para obter asilo político na Argentina.
“Embora se trate de um único documento em formato editável, sem data e assinatura, seu teor revela que o réu, desde a deflagração da operação Tempus Veritatis, planejou atos para fugir do país, com o objetivo de impedir a aplicação de lei penal”, informa o documento.
*Estagiário sob supervisão do jornalista Felipe Mesquita