Lula se reúne com chanceler para discutir revogação de vistos de ministros do STF
Alexandre de Moraes e sete ministros tiveram permissão para entrar nos EUA retirada
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, neste sábado (19), após os Estados Unidos revogarem o visto de entrada de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O encontro ocorreu no Palácio da Alvorada, no fim da manhã, conforme reportado pelo jornal O Globo. A revogação dos vistos do ministro Alexandre de Moraes e 'seus aliados de tribunal' foi anunciada na sexta-feira (18).
O Secretário de Estado dos EUA, Marcio Rubio, disse que o governo Trump vai 'responsabilizar estrangeiros responsáveis pela censura à expressão protegida nos Estados Unidos'.
"A caça as bruxas política do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil, atingindo os americanos”, disse Rubio.
Lula se solidarizou com os ministros da Corte e disse que 'nenhum tipo de intimidação ou ameaça' deve comprometer a 'mais importante missão dos poderes e instituições nacionais'.
“A interferência de um país no sistema de Justiça de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações”, declarou.
O encontro entre o presidente e o chanceler também tratou da visita que Lula fará a Santiago, no Chile.
REVOGAÇÃO DE VISTOS DE MINISTROS
Além de Alexandre de Moraes, sete ministros terão suas permissões de entrada nos Estados Unidos revogadas: Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flavio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes. Seus familiares também perderão os vistos.
Veja também
Somente Luiz Fux, André Mendonça e Nunes Marques não receberam sanções, sendo os dois últimos ministros que foram indicados por Jair Bolsonaro.
Esse é mais um capítulo do embate diplomático entre Estados Unidos e o Brasil, que começou após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar uma tarifa de 50% para a entrada de produtos brasileiros no país.
Retaliação após aplicação de medidas cautelares
A resposta do governo americano ocorre após aplicação de medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que por determinação de Moraes, decidiu pelo uso de tornozeleira eletrônica no aliado de Trump.
Além do uso do equipamento de monitoramento, Bolsonaro terá de se recolher das 19h às 6h da manhã em dias úteis - sem liberação aos sábados e domingos -, além de ficar proibido de usar redes sociais e se comunicar com o filho Eduardo Bolsonaro, que vive atualmente nos EUA.
A solicitação foi assinada pelo Procurador-geral da República, Paulo Gonet, e foi atendida por Alexandre de Moraes. A PGR entendeu que havia risco concreto de fuga do país por parte do ex-presidente, além de intimidação a autoridades brasileiras.