Lula se manifesta sobre vistos de ministros do STF revogados pelos EUA: ‘medida sem fundamento’
Presidente do Brasil considera inaceitável a interferência do Governo dos EUA no Judiciário
O presidente Lula se manifestou, na manhã deste sábado (19), sobre a revogação de vistos para os Estados Unidos de oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e seus familiares. A medida foi tomada pelo governo de Donald Trump em retaliação à aplicação de medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em mensagem postada nas redes sociais, Lula considerou o caso “mais uma medida arbitrária e completamente sem fundamento do governo dos Estados Unidos”.
Tensões têm escalado entre os dois países nas últimas semanas e cresceram após a imposição de um “tarifaço” de 50% aplicado por Trump contra produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto. Em resposta, o Governo brasileiro decidiu aplicar a lei de reciprocidade.
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Porém, o mal-estar ganhou um novo capítulo com o cumprimento de buscas na casa de Jair Bolsonaro. O ex-presidente deve usar tornozeleira eletrônica e não pode utilizar redes sociais. Trump considera que Bolsonaro é vítima de perseguição política pelo Judiciário.
Lula rebateu as acusações.
“A interferência de um país no sistema de Justiça de outro é inaceitável e fere os princípios básicos do respeito e da soberania entre as nações”, declarou.
“Estou certo de que nenhum tipo de intimidação ou ameaça, de quem quer que seja, vai comprometer a mais importante missão dos poderes e instituições nacionais, que é atuar permanentemente na defesa e preservação do Estado Democrático de Direito”, reforçou.
O presidente prestou solidariedade e apoio aos ministros.
Quais ministros devem ter vistos revogados?
O primeiro ministro com sanções do Governo americano foi Alexandre de Moraes, que autorizou a ação da Polícia Federal contra Bolsonaro.
Na sequência, mais sete ministros foram afetados: Luís Roberto Barroso, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flavio Dino, Cármen Lúcia, Edson Fachin e Gilmar Mendes.
Da corte de 11 magistrados, apenas André Mendonça, Luiz Fux e Nunes Marques foram excluídos da medida.
Na decisão imposta a Bolsonaro, Moraes considerou que a interferência tenta submeter o funcionamento do STF "ao crivo de um Estado estrangeiro, por meio de atos hostis e negociações criminosas", com o objetivo de coagir a Corte.