O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer que o Brics crie meios de pagamento alternativos para transações entre os países do bloco.
Os integrantes do grupo, bem como de outros setores da política mundial, principalmente liderados pela China, têm buscado formas de comercializar sem recorrer ao dólar — moeda norte-americana que domina os negócios globais desde o século passado.
"É chegada a hora de avançar na criação de meios de pagamento alternativo para transações entre nossos países. Não se trata de substituir nossas moedas, mas é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que alvejamos se reflita no sistema financeiro internacional. Essa discussão precisa ser enfrentada com seriedade, cautela e solidez técnica, mas não pode ser mais adiada", disse o presidente nessa quarta-feira (23).
A cúpula do Brics está reunida nesta semana em Kazan, na Rússia. A participação do líder brasileiro tem sido por videoconferência, uma vez que ele teve de cancelar a viagem após sofrer um acidente doméstico no último fim de semana.
'Cooperação interbancária'
Na reunião, Lula também defendeu uma cooperação interbancária dos integrantes do bloco. "Por meio do mecanismo de cooperação interbancária, nossos bancos nacionais de desenvolvimento vão estabelecer linhas de crédito em moedas locais, que reduzirão os custos de transação de pequenas e médias empresas", propôs Lula.
O petista continuou seu discurso afirmando que o grupo representa 36% do Produto Interno Bruto (PIB) global por paridade de poder de compra. "Contamos com 72% das terras raras do planeta, 76% do manganês e 50% do grafite. Entretanto, os fluxos financeiros continuam seguindo para as nações ricas. É um Plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes e em desenvolvimento financiam o mundo desenvolvido. As iniciativas e instituições do Brics rompem com essa lógica", concluiu o petista.