Legislativo Judiciário Executivo

Deputados do Ceará aprovam manifesto contra carta de Trump a Lula: 'Ameaça à soberania brasileira'

A Assembleia convocou seus parlamentares para assumir "publicamente o compromisso de defesa do Brasil"

(Atualizado às 17:13)
Imagem de uma sessão plenária na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (ALECE). A cena mostra o plenário moderno, com mobiliário em tons de verde e concreto, onde deputados e deputadas participam da sessão. Em primeiro plano, Romeu Aldigueri segura um documento e interage com uma tela sensível ao toque, onde aparece um gráfico com assentos em vermelho e verde, possivelmente representando votos. Há também microfones, telefones, copo com água, papéis e aparelhos eletrônicos sobre a bancada. No fundo, diversos parlamentares, assessores e jornalistas acompanham a sessão, e dois telões transmitem a imagem do orador no púlpito. O ambiente é bem iluminado e organizado em formato semicírculo.
Legenda: Aldigueri informou, em plenário, que o manifesto será enviado para o Colégio de Presidentes das Assembleias Legislativas do Brasil.
Foto: Dário Gabriel/Alece

Os deputados estaduais do Ceará aprovaram, nesta quinta-feira (10), um manifesto contra a carta de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, ao presidente Lula (PT), impondo uma taxa de 50% sobre a importação de produtos brasileiros. A ameaça do estadunidense aconteceu na quarta-feira (9), em retaliação ao julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) e à ofensiva da Corte e do Executivo sobre as plataformas digitais.

Para a Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), a mensagem de Trump representou uma "ameaça à soberania brasileira". Em resposta, a Casa convocou seus parlamentares para assumir "publicamente o compromisso de defesa do Brasil". 

Tal comunicação oficial do Presidente dos Estados Unidos para o Presidente do Brasil não corresponde a histórica boa relação diplomática entre os dois países, entre os dois Estados Nacionais, aos princípios constitucionais das duas Cartas Magnas das duas nações, e ameaça a soberania brasileira, atingindo o Estado Brasileiro, as empresas brasileiras e, em especial, a população brasileira. Esse manifesto, suprapartidário e supraideológico, tem como o único objetivo DEFENDER O BRASIL, E SUA SOBERANIA.
Carta de deputados estaduais do Ceará
Resposta à ameaça de Donald Trump

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O texto foi redigido pelo presidente da Casa, Romeu Aldigueri (PSB), e teve coautoria de Salmito (PSB). Mais de 30 deputados e deputadas assinaram o "Manifesto em Defesa do Brasil", da Alece.

Aldigueri informou, em plenário, que o manifesto será enviado para o Colégio de Presidentes das Assembleias Legislativas do Brasil. “Esse manifesto, suprapartidário e supraideológico, visa um único objetivo: defender o Brasil e a sua soberania”, ressaltou.

Imagem de um documento impresso com o timbre da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (ALECE), intitulado
Legenda: Manifesto foi aprovado pela Alece nesta quinta-feira.
Foto: Reprodução/Instagram

Oito parlamentares votaram contrário ao manifesto, são eles: Antonio Henrique (PDT), Alcides Fernandes (PL), Carmelo Neto (PL), Cláudio Pinho (PDT), Lucinildo Frota (PDT), Queiroz Filho (PDT), Pedro Matos (Avante) e Sargento Reginauro (União).

Presidente da Alece repudia carta de Trump

Ainda na quarta-feira, o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Romeu Aldigueri, usou as redes sociais para se pronunciar contra o tarifaço. "O Brasil é uma democracia e tem lei! Os brasileiros têm dignidade e não são capachos de autocrata nenhum no mundo. Inclusive quem tentou estabelecer uma autocracia, está sendo julgado e deve pagar", disse.

"Expresso, ainda, minha indignação em relação às reações de parlamentares que, eleitos pelo povo brasileiro, se alinham a uma medida do governo Trump que acabará com empregos no Brasil, ainda mais por meio de uma carta ameaçadora e agressiva, humilhando recursos diplomáticos necessários entre países. Por último, registro que conspirar contra o próprio país é crime, é irresponsável e inadmissível", completou.

Horas antes do anúncio de Trump, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara (CRE) dos Deputados aprovou uma moção de louvor ao estadunidense. A homenagem partiu do líder do PL na Casa, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), e foi seguida por outros representantes da oposição, maioria no colegiado. Este é presidido por Filipe Barros (PL-PR), aliado de Bolsonaro.

O requerimento diz que Trump tem “brilhante trabalho desenvolvido como Presidente da maior nação e incansável luta em defesa da democracia e da liberdade de expressão em todo o planeta”.

“O 45º Presidente dos Estados Unidos da América deve ser enaltecido e lembrado como um dos melhores presidentes do mundo e exemplo a ser seguido para a implementação e manutenção de uma democracia moderna e justa”, diz, ainda, o texto.

Novo tarifaço

O presidente dos Estados Unidos anunciou planos para impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, criticando o julgamento do ex-presidente Bolsonaro, que o republicano classificou como uma "caça às bruxas".

Em uma carta endereçada ao presidente Lula, Trump condenou o tratamento dado a Bolsonaro como uma "vergonha internacional", acrescentando que o julgamento "não deveria estar acontecendo".

Mais cedo, Trump já havia falado que iria anunciar uma tarifa referente ao Brasil, pois o país "não tem sido bom" para a nação norte-americana. Trump começou nesta quarta a enviar sua segunda leva de cartas para notificar parceiros comerciais. 

Em resposta, Lula se manifestou, afirmando que qualquer ação será respondida com a lei brasileira. “Qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”, disse Lula, em texto publicado nas suas redes sociais.

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