Legislativo Judiciário Executivo

Cinco prefeitos no Ceará perderam o mandato poucos meses depois da eleição de 2024

Em apenas um dos casos houve eleição suplementar para consolidar a troca de comando.

Escrito por
Ingrid Campos ingrid.campos@svm.com.br
Vista externa de um prédio moderno do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará, com fachada branca em formato geométrico e o nome da instituição escrito em letras pretas. O edifício é elevado por pilares e possui áreas envidraçadas na parte inferior. Em frente, há placas de trânsito, calçada, área verde e bancos. O céu está azul e limpo, indicando um dia ensolarado.
Legenda: Casos passaram pela Justiça Eleitoral, que determinou a cassação dos mandatos.
Foto: Thiago Gadelha.

Ao menos cinco municípios cearenses trocaram de governantes em 2025. Em Santa Quitéria, Potiretama e Choró, os candidatos eleitos em 2024 foram destituídos das prefeituras como resultado de processos judiciais e administrativos. 

Santa Quitéria é a única cidade em que foi realizada uma eleição suplementar após a cassação dos eleitos no ano passado. Em 26 de outubro, Joel Barroso (PSB) foi escolhido para o mandato-tampão, ao lado de Das Chagas (PSB).

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O novo prefeito é filho de Braguinha (PSB), cassado pela Justiça Eleitoral por associação com a facção criminosa Comando Vermelho no pleito que o reconduziu ao Executivo de Santa Quitéria.

Dois homens posam lado a lado em um ambiente formal, vestindo ternos. Eles seguram juntos um certificado com moldura clara, exibido em frente ao corpo. O homem à esquerda usa camisa clara e sorri levemente; o homem à direita usa terno azul e gravata, com expressão séria. Ao fundo, há cortinas claras e bandeiras em tons de verde e branco, além de outras pessoas parcialmente visíveis, sugerindo uma cerimônia oficial.
Legenda: Joel Barroso ao lado de Braguinha.
Foto: Reprodução/Instagram.

Os outros municípios ainda são geridos interinamente pelos presidentes das suas respectivas câmaras municipais. São eles: Cleverlandio Bezerra (PP), de Potiretama, e Paulinho Saraiva (PSB), de Choró. 

Nos dois casos, os prefeitos eleitos estão impedidos de assumir o mandato devido ao cárcere e à fuga dele. 

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Luan Dantas (PP) foi preso em abril sob acusação de encomendar um incêndio criminoso na propriedade de um desafeto político em Potiretama. Além do processo criminal, ele responde a outros de cunho eleitoral – um deles levou à cassação da chapa, composta, ainda, por Solange Campelo (PT). 

Dantas também perdeu o mandato por via administrativa, após a Câmara Municipal de Potiretama declarar a vacância do cargo devido aos meses de afastamento da gestão. 

Dois homens estão em pé, lado a lado, em um ambiente institucional, diante de uma parede de madeira com letras metálicas que indicam o nome de um plenário. Ambos vestem roupas formais: o homem à esquerda usa camisa branca e calça clara; o homem à direita usa camisa branca e paletó escuro. Eles mantêm postura séria, com as mãos à frente do corpo. À frente, sobre uma mesa, há garrafas de água, copos e uma xícara, sugerindo uma sessão ou cerimônia oficial.
Legenda: Cleverlandio (à esquerda) e Luan Dantas (à direita).
Foto: Reprodução/Instagram.

Em Choró, por sua vez, o prefeito Bebeto Queiroz (PSB) e o vice-prefeito Bruno Jucá (PRD) sequer chegaram a tomar posse do mandato. O primeiro é considerado foragido desde dezembro de 2024, quando foi alvo de mandado de prisão preventiva por suspeita de coordenar um esquema de compra de votos em dezenas de municípios do Ceará.

A dupla foi cassada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) em agosto deste ano. Agora, os casos estão sob análise no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). 

Dois homens posam em pé, lado a lado, em um ambiente interno com parede de pedra clara ao fundo. Ambos vestem ternos azuis e camisas claras; o homem à esquerda está sem gravata, com as mãos cruzadas à frente do corpo, e o homem à direita usa gravata vermelha e um crachá pendurado no pescoço. Eles olham para a câmera com expressão séria. O chão é escuro e polido, sugerindo um espaço institucional ou de evento oficial.
Legenda: Da esquerda para a direita: Bebeto Queiroz e Bruno Jucá.
Foto: Reprodução/Instagram.

Vai e vem na política

Em Senador Sá e Barroquinha, a titularidade do mandato foi alterada e restabelecida no TSE. O resultado não é definitivo: há recursos que ainda demandam apreciação da Corte Superior.

No primeiro caso, a Justiça Eleitoral chegou a marcar a data da eleição suplementar, encaminhada após o TRE-CE entender que houve prática de abuso de poder político e econômico na realização do evento “Cavalgada do Bel”, no ano passado. 

O prefeito Bel Júnior e a vice-prefeita Profª. Maria, ambos do PP, teriam se beneficiado da suposta realização de um showmício e da distribuição de brindes a eleitores com recursos públicos. O evento também teria utilizado ambulâncias e caminhões-pipa pertencentes ao Município.

Eles foram afastados da gestão e substituídos interinamente pela presidente da Câmara de Senador Sá, Elany do Vilane (PP).

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Em junho deste ano, liminar do TSE assinada pela ministra Isabel Gallotti suspendeu a eleição, argumentando o TRE não havia analisado adequadamente os argumentos da defesa em julgamento de embargos de declaração.

Sendo assim, os gestores seguiram nos mandatos e o processo foi remetido à Corte Regional para nova apreciação. Contudo, o resultado foi o mesmo: em novembro, o TRE reiterou a cassação da chapa, declarou o prefeito inelegível e requereu a realização de novas eleições no município.

Pelas redes sociais, Bel Júnior comunicou a eleitores que recorrerá, mais uma vez, ao TSE. “É uma afronta direta ao meu direito e à vontade do povo que me elegeu. Sempre atuei com transparência, responsabilidade e compromisso com Senador Sá — e é justamente por acreditar na justiça e na democracia que estou tomando todas as medidas legais para reverter essa injustiça”, disse.

A eleição suplementar em Barroquinha também chegou a ser marcada, mas foi suspensa por liminar do ministro André Mendonça, referendada posteriormente pelo Pleno do TSE. 

O prefeito Jaime Veras e a vice-prefeita Carmen Lucia, ambos do PSD, foram cassados pelo tribunal regional por uso irregular da parcela racial do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) em 2024. 

Os valores, narra a ação julgada, teriam sido desviados de candidaturas de pessoas negras para a de pessoas brancas. O ato teria violado as regras de incentivo à representatividade e equidade no processo democrático.

Além da cassação, Jaime Veras, Carmen Lucia e os parlamentares envolvidos nos processos foram afastados dos seus cargos por cerca de duas semanas. Novos vereadores foram empossados na Câmara Municipal, e o presidente da Casa, Professor Wilson (PSD), se tornou prefeito interino até a liminar de André Mendonça, mencionada anteriormente. 

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No TSE, em análise de mérito, o recurso dos políticos foi provido pelo relator em decisão monocrática, encaminhando a reforma do acórdão do TRE. 

Em resposta, a coligação “Barroquinha meu amor” (União Brasil e federação PT/PC do B/PV), autora da ação contra a chapa do PSD, apresentou agravo regimental para o processo ir a julgamento em um órgão colegiado. O pedido ainda tramita na Corte Superior. 

Enquanto isso, Jaime Veras comemora a decisão de André Mendonça. “O TSE confirmou aquilo de que sempre tivemos certeza: que fizemos tudo dentro da lei, com transparência e respeito ao povo”, disse em publicação nas redes sociais. 

Gestões que mudaram de cara em 2025

  • Santa Quitéria
  • Choró
  • Potiretama
  • Senador Sá
  • Barroquinha
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