Volta do 'Minha Casa, Minha Vida' vai destravar mais de 600 obras de moradias no Ceará

Segundo o Ministério das Cidades, as construções serão retomadas ao longo de 2023

Escrito por Bruna Damasceno , bruna.damasceno@svm.com.br
Obra
Legenda: O Minha Casa, Minha Vida retornou com mudanças
Foto: Thiago Gadelha / SVM

Após a restruturação do“Minha Casa, Minha Vida”, as obras de 666 unidades habitacionais serão retomadas, neste ano, no Ceará, segundo o Ministério das Cidades. O programa, que voltou em fevereiro, teve categorias ampliadas e a inclusão de famílias em situação de rua como beneficiárias. 

Segundo o governo, a meta é entregar 2 milhões de moradias populares até 2026, no País. Uma das principais mudanças foi o retorno da Faixa 1, agora voltada para mais famílias com renda bruta de até R$ 2.640. Anteriormente, o teto era R$ 1.800.

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O conselheiro regional de economia (Corecon), Wandemberg Almeida, avalia que a ampliação do programa deve aquecer o setor da construção civil, além de viabilizar o sonho da casa própria para mais famílias de baixa renda. 

“Já tínhamos uma crescente muito forte de apartamentos até 30 m² nas grandes cidades e temos uma necessidade pela questão do déficit habitacional muito forte no País. Com preços mais acessíveis e linhas de crédito facilitando a vida da população, há uma expectativa de melhoria para o setor”, observa.

Almeida aponta que o cenário impacta positivamente outros negócios, além de fortalecer o mercado de trabalho. Para o economista, embora a taxa de juros tenha sido mantida em 13,75% ao ano, há uma estimativa de redução a partir do segundo semestre. 

Para quem tiver seus investimentos e o desejo de comprar um imóvel esse ano, valerá a pena ter as reservas para realizar o sonho de comprar da casa própria, porque há uma perspectiva de melhora nesse mercado e de queda dos juros no longo prazo"
Wandemberg Almeida
Conselheiro regional de economia (Corecon)

Construção civil prevê 5 mil empregos no Ceará

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado (Sinduscon), Patriolino Dias de Sousa, acredita que a retomada do “Minha Casa, Minha Vida” e o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) devem incentivar o crescimento econômico em todo o País.

No Estado, o segmento deve gerar 5 mil empregos neste ano, segundo Patriolino. "A construção civil não para de avançar no Ceará. O setor continua aquecido, apesar das altas taxas de juros, e contribuindo diretamente para a economia na geração de emprego, renda, qualidade de vida e inclusão social", diz. 

"Mas, diante dos desafios socioeconômicos que o país precisa superar, como a necessidade de criar postos de trabalho e minimizar o déficit habitacional, o setor da construção civil pode contribuir muito mais", afirma.

Quem tem direito ao Minha Casa, Minha Vida?  

O programa foi desenvolvido para famílias com renda bruta familiar mensal de até R$ 8 mil em áreas urbanas ou renda bruta familiar anual de até R$ 96 mil em áreas rurais. 

Divisão por faixa

  • Faixa Urbano 1: renda bruta familiar mensal até R$ 2.640;
  • Faixa Urbano 2: renda bruta familiar mensal de R$ 2.640,01 a R$ 4,4 mil;
  • Faixa Urbano 3: renda bruta familiar mensal de R$ 4.400,01 a R$ 8 mil.
  • Faixa Rural 1: renda bruta familiar anual até R$ 31.680;
  • Faixa Rural 2: renda bruta familiar anual de R$ 31.680,01 até R$ 52,8 mil;
  • Faixa Rural 3: renda bruta familiar anual de R$ 52.800,01 até R$ 96 mil.

Entre os outros requisitos, estão:

  • Famílias que tenham uma mulher como responsável pela unidade familiar;
  •  Famílias que tenham na composição familiar pessoas com deficiência, idosos e crianças e adolescentes;
  •  Famílias em situação de risco e vulnerabilidade;
  •  Famílias em áreas em emergência ou de calamidade;
  •  Famílias em deslocamento involuntário em razão de obras públicas federais;
  •  Famílias em situação de rua.

Como se cadastrar 

Para se cadastrar no novo Minha Casa, Minha Vida é preciso se atentar a qual faixa você participa e seguir o passo a passo desenvolvido para a nova estrutura do programa.

Para famílias da Faixa 1:

  • As famílias devem se inscrever no plano de moradias do Governo — o que pode ser feito na prefeitura da cidade em que residem; 
  • Após a inscrição feita na prefeitura, os dados das famílias são validados pela Caixa e, aquelas que forem aprovadas, são comunicadas sobre a data do sorteio das moradias;
  • Os sorteios são feitos quando a cidade não possui um número de unidades habitacionais suficiente para atender a todas as famílias cadastradas; 
  • Ao ser contemplada com uma unidade habitacional, a família será informada sobre a data e os detalhes necessários para a assinatura do contrato de compra e venda do imóvel; 
  • Após a aprovação e validação do cadastro, a família assina o contrato de financiamento. 

Segundo a Caixa, a validação dos dados das famílias inseridas na Faixa 1 passa por alguns critérios: 

  • Renda mensal bruta de até R$ 2.640; 
  • Nenhum integrante pode ser proprietário, cessionário ou promitente comprador de imóvel residencial; 
  • A família não pode ter recebido nenhum benefício de natureza habitacional de governo municipal, estadual ou federal; 
  • A família não pode ter recebido descontos habitacionais concedidos com recursos do FGTS; 
  • A família não pode ter recebido descontos destinados à aquisição de material de construção para fins de conclusão, ampliação, reforma ou melhoria de um imóvel; 
  • Para a inscrição da família no plano de moradias do governo na prefeitura, é necessário apresentar um documento oficial de identificação, mas outros documentos podem ser exigidos, como comprovantes de renda.

Para as famílias inseridas na Faixa 2 e na Faixa 3, o passo a passo para a inscrição é: 

  • Renda bruta mensal de até R$ 8 mil; 
  • A contratação pode ser feita por meio de uma entidade organizadora participante do programa Minha Casa, Minha Vida ou individualmente e direto com a Caixa; 
  • A família precisa já ter um imóvel escolhido para, então, fazer uma simulação de financiamento habitacional no site da Caixa — e, assim, saber detalhes sobre prazos e condições e entender qual proposta se encaixa no orçamento familiar; 
  • Na simulação, é necessário informar o tipo de financiamento desejado, o valor aproximado do imóvel, a localização do imóvel, dados pessoais e a renda bruta familiar mensal; 
  • Após o fornecimento desses dados, o site apresenta as opções de financiamento; 
  • Escolhida a opção, o simulador apresenta o resultado, com prazos, cota máxima do financiamento de entrada e valor do financiamento, além de oferecer uma ferramenta para a comparação de cenários de juros; 
  • Se a família aprovar o resultado apresentado na simulação, um representante deve ir até uma agência da Caixa ou a um correspondente Caixa Aqui, para entregar ao banco a documentação;
  • A Caixa analisa a documentação pessoal e do imóvel; 
  • Após a aprovação e validação, a família assina o contrato de financiamento. 

Para a validação do financiamento pela Caixa, o beneficiário precisa apresentar: 

  • Documentos pessoais: identidade, CPF, comprovantes de residência, renda e estado civil, declaração de imposto de renda (ou de isenção); 
  • Documentos do imóvel (nos casos de imóveis já construídos): contrato de compra e venda, certidão de logradouro e matrícula do imóvel atualizada; 
  • Documentos do imóvel (nos casos de imóveis na planta): projeto da construção aprovado, alvará de construção, matrícula da obra no INSS, memorial descritivo da construção, anotação de responsabilidade técnica (ART), orçamento, declaração de esgoto e elétrica e dados do responsável técnico pela construção. 

Minha Casa, Minha Vida  

Minha Casa, Minha Vida foi criado em 2009, no segundo governo Lula. Neste novo momento, mulheres responsáveis pela família, idosos, pessoas com deficiência e população em situação de rua, terão prioridades.

Em 2020, sob a gestão de Jair Bolsonaro (PL), o projeto foi substituído pelo Casa Verde e Amarela, que realizou algumas alterações do programa original, mas mantinha o objetivo de entregar moradias para famílias de baixa renda.

O atual governo separou R$ 9,5 bilhões para o programa. Os recursos vão sair do orçamento da União e de fundos como o FGTS.

 

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