Veja como ficam os investimentos com a Selic a 6,25%
A renda fixa é a maior beneficiada pela alta dos juros básicos, mas ações e fundos imobiliários também podem sofrer influência
O Comitê de Política Monetária (Copom) subiu em 1 ponto percentual a taxa básica de juros na última quarta-feira (22), levando-a a 6,25% ao ano. Base para os juros da economia brasileira, a Selic também tem impacto nos investimentos.
A taxa tem influência direta nos investimentos de renda fixa, que inclusive perderam investidores ano passado quando a Selic estava em 2%, a mínima histórica. A quinta alta consecutiva nesta semana torna esse tipo de ativo mais rentável.
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Para além da renda fixa, ações e fundos imobiliários também podem sofrer influência da alta da Selic – dessa vez, de forma negativa a curto prazo.
Renda fixa
Grande parte dos ativos de renda fixa tem rentabilidade diretamente ligada à própria Selic ou ao CDI, uma taxa que também é ligada aos juros básicos da economia. A alta da taxa é uma boa notícia.
“Os investimentos que rendem 100% da Selic ou 100% do CDI passam a remunerar com um valor mais alto com a alta da Selic. Os investimentos que estavam rendendo 5,25% passam a render 6,25%”, resume a analista de investimentos da Rico, Paula Zogbi.
No ano passado, ocorreu uma grande fuga da renda fixa devido à baixa rentabilidade ocasionada pela Selic em trajetória de queda. Com as altas deste ano, o segmento tem se tornado mais vantajoso desde abril, quando ocorreu a primeira alta.
A expectativa é que esse tipo de investimento se torne ainda mais rentável até o fim do ano. O próprio Copom anunciou que pretende manter uma alta em igual patamar na próxima reunião, em outubro.
Veja como era e como fica a rentabilidade dos principais investimentos de renda fixa:
Investimento |
Rentabilidade com Selic a 5,25% |
Rentabilidade com Selic a 6,25% |
Poupança |
3,67% |
4,37% |
CDB 100% CDI |
4,75% |
5,62% |
Tesouro Selic |
5,25% |
6,25% |
CDB 120% CDI |
5,7% |
6,74% |
Ações
De acordo com Paula, as ações já estavam sofrendo uma correção pela expectativa da Selic antes mesmo do anúncio do Copom. Para algumas empresas, a alta da taxa pode ser vista como um sinal positivo e, para outras, como algo ruim.
Existe a expectativa da alta da Selic há um tempo. Então as ações já estão precificadas considerando esse aumento da Selic, que já era esperado desde a última reunião do Copom. Além disso, o aumento da Selic tem uma razão que é segurar um pouco a inflação, o que é positivo para algumas empresas
Segundo ela, mesmo para as ações que tenham um impacto negativo em razão da alta da Selic devem sentí-lo apenas a curto prazo.
“Dá para dizer que prejudica um pouco os preços no curto prazo, mas no longo prazo o que importa mesmo é a geração de caixa da empresa”, chama atenção.
Fundos imobiliários
Paula acrescenta que a alta da Selic pode ter impacto negativo nos fundos imobiliários, mas que a correção não deve ser brusca no momento já que os papéis já estavam sendo corrigidos com a expectativa do mercado.
Isso porque o aumento da taxa influencia uma alta nos juros imobiliários, o que pode ser negativo para o setor. A especialista reitera que por mais que possam ocorrer quedas a curto prazo, o longo prazo que deve ser considerado no momento da escolha do investidor.
Ela considera que este é um bom momento para entrar na baixa de papéis ligados a imóveis que tenham boa qualidade e/ou bom pagamento de dividendos, esperando maiores rentabilidades futuras.
O que fazer agora?
Mesmo com a renda fixa se tornando vantajosa, Paula reforça que a palavra-chave para quem quer investir ainda deve ser diversificação.
“Faz sentido aumentar a proteção da carteira com renda fixa que protege da inflação e até pós-fixada, mas as ações estão baratas. Tem muitas ações e fundos imobiliários que estão despontados mesmo com um fundamento, uma proposta muito boa”, recomenda.
Para quem quer entrar no mercado de variável, a analista indica ao investidor fazer um “garimpo”, buscando empresas que tenham potencial, mas estejam com preços baixos no momento. Não vale tanto a pena entrar em papéis que já estão super valorizados.
Dentro da renda fixa, ela reforça a importância de ter parte do dinheiro aplicado em títulos ligados à inflação para proteger o poder de compra, mas acrescenta que também é interessante “surfar na onda” dessa e das futuras altas da Selic com investimentos atrelados à taxa.
Para a segurança do investidor, Zogbi também indica manter parte da carteira investida no exterior.
“Os juros do Brasil estão mais baixos que de outros países e isso geralmente atrai investidores para cá, mas a nossa situação está um pouco mais desafiadora do que em outros locais do mundo. É importante ter uma parcela da carteira também diversificada fora do país”, diz.